Desembargadores comprados

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sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Quando o assunto é Tráfico de Órgãos

O que é mais importante? A ficção ou a realidade?

Para a EMBRATUR (Empresa Brasileira de Turismo), está claro que a ficção é um problema maior.
Em 2006, quando foi anunciado o lançamento do filme "Turistas. Go Home!", a Embratur chegou a pensar na tentativa de bloquear o site www.paradisebrazil.com, divulgando à imprensa que "Teríamos que entrar na questão da legislação da internet. A empresa que hospeda o site responde às leis americanas, não às leis brasileiras".
A Embratur chegou a montar uma força-tarefa para monitorar a reação a "Turistas" no exterior. "Recebemos muitas manifestações de pessoas que viram o trailer e ficaram preocupadas com a imagem do Brasil retratada no filme", explicou a presidente do órgão, Jeanine Pires.
Inúmeras manifestações foram realizadas e um abaixo assinado on line colhia assinaturas para proibir a exibição do filme no Brasil. Prática muito comum em governos ditadores. O empenho do governo em tentar abafar o filme, contou com o apoio de diversos funcionários públicos ministeriais.
Como exemplo, cito um e-mail chamando o povo brasileiro para aderir ao boicote, enviado pela funcionária do Ministério do Turismo, a Consultora do PNUD Lívia Mari Kohiyama. Lívia apresentava os argumentos que deveriam ser considerados para o boicote:

Olá pessoal.

Estou aqui para iniciar uma campanha em massa, e conto com vocês, para BOICOTAR integralmente o filme americano TURISTAS, que estréia lá em 1o de Dezembro e aqui em Janeiro ou Fevereiro, distribuido pela Paris Filmes.

Para quem não sabe, o filme conta a história de 6 jovens americanos que vêm ao Brasil de férias. Chegando aqui tomam uma caipirinha com "boa noite cinderela", são assaltados, sequestrados, torturados e por fim têmos orgãos roubados por traficantes da industria negra dos transplantes.

E num protesto final, a autora reforça e publica de onde partiu a mensagem:
NÃO ASSISTAM, NÃO DÊEM $$$ A UMA PRODUÇÃO QUE SÓ VISA DENEGRIR NOSSA IMAGEM.
Só pra se ter uma idéia, o trailer começa com a frase: "Num país onde vale tudo, tudo pode acontecer!!!". Passem essa mensagem para o maior número de pessoas, pois eu considero que seja nossa obrigação não passar nem na porta dos cinemas que estejam exibindo esse filme.
Obrigada
*Lívia Mari Kohiyama
*Consultora do PNUD
*Ministério do Turismo
*Coordenação-Geral de Qualificação e Certificação DCPAT/SNPDT/MTur
*Esplanada dos Ministérios - Bloco U - Sala 329 70065-900 - Brasília, DF
*Telefone:61 - 3321 8031 - Fax:: 61 - 3321 7594 - Cell 61 8122-7525
Pelo menos fica claro que a mensagem do filme não é tão absurda. Num país onde funcionários de um Ministério do governo, utilizam suas credencias para protestar contra um filme, de fato tudo pode acontecer.
Esta defesa insana, proporcionada por alguns patriotas (idiotas da pátria) brasileiros, não é tão insana quanto a opinião da própria Embratur sobre os problemas reais que o Brasil vem enfrentando com o controle de tráfico aéreo e com os assassinatos no Rio de Janeiro, onde as pessoas são impedidas de descerem de um ônibus, e são queimadas vivas, com total ausência do estado em todos os sentidos.
Para a Embratur, diferente do que proporciona a exibição do filme, a crise aérea e a violência dos recentes ataques no Rio de Janeiro são episódios que não prejudicam a imagem brasileira no exterior.
"Crise aérea tem em todo lugar, por causa de problemas climáticos ou outros fatores. No meu ponto de vista, este problema nos aeroportos não afeta a imagem do País e não gera prejuízos", afirmou o diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur, José Francisco de Salles Lopes.
Já em relação aos ataques no Rio de Janeiro, a Embratur considera:

"É um fato desagradável, mas não é terrorismo, onde o número de vítimas pode chegar a centenas. Apesar disso, temos de trabalhar para minimizar, ou até eliminar (o problema), mas não é algo que afeta o turismo", disse Lopes.

Lopes deixa claro que não conhece o mundo em que vive. Lá fora existem leis, que diferentemente do Brasil, são cumpridas. Não é como no Brasil onde o Presidente da República se beneficia com um esquema montado pelo seu partido para desviar milhões de reais de contas públicas, afirma desconhecer o fato e ninguém é punido.
"A repercussão da violência é mínima. O que são 100 turistas assaltados numa proporção de 1,6 milhão de turistas que vão ao Rio de Janeiro? Isso acontece no mundo inteiro"

Lá fora também não vimos jamais um Presidente da República afirmar que caixa 2 (considerado como crime pela constituição brasileira), é apenas um ato patricado na política brasileira sem maiores consequências.

Parece que quando o assunto é Tráfico de Órgãos, o Brasil - embora denunciado lá fora diversas vezes, por diversos casos - quer ficar longe. Se o filme não tivesse tocado neste assunto, passaria despercebido. No entanto, ao mexer com um dos maiores faturamentos do crime organizado praticado por médicos brasileiros renomados, o filme foi condenado antes de ser julgado.
Meu conselho ao turista que está decido em vir ao Brasil é "Turista. Go Home!".
Se ainda assim decidir vir, tente chegar mais tarde. Espere que os 100 primeiros sejam assaltados, pois dentro desta faixa o Brasil considera normal. Pegue sua senha no Ministério do Turismo e fique atento.
Quanto ao tráfego aéreo, fique tranquilo. Para repatriação de cadáveres, o sistema aéreo tem um esquema de plantão, e está permanentemente em funcionamento.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Turismo brasileiro quer boicotar um filme


O título diz tudo. Os governantes brasileiros estão tensos com a possibilidade da estréia do filme que retrata - com exagero é verdade - o que é o Brasil.

O exagero não está na história apresentada que de fato é perfeitamente real. O problema está nos elementos que compõem o filme. Os maiores pecados continuam sendo a geografia, a língua e o suposto atraso do Brasil em relação ao resto do mundo.

Um ônibus antigo cuja frente tem o formato de um caminhão sugere que o Brasil é um país ainda atrasado como Cuba. E não é. Ou pelo menos ainda não. O nosso presidente vem se esforçando muito para isso, mas ainda não conseguiu chegar neste nível. É bem verdade também que no Brasil não se fala o espanhol, como os personagens do filme. Aqui mal se fala o português. E para arrematar, o Rio de Janeiro está bem longe da nossa Amazônia, que a bem da verdade, também já não é mais nossa.

O Brasil é o país onde tudo pode virar uma piada. Desde as coisas mais banais, até as mais bizarras. Tudo aqui é motivo de risos. Nos aeroportos, os brasileiros já improvisaram um nariz de palhaço, enquanto aguardam por alguns dias a chegada de um Objeto Voador Não Identificado (AVIÕES), para que as coisas fiquem mais alegres durante os protestos.

Se você não está no Brasil, ou acompanha as notícias somente pelos canais do governo, talvez não saiba a que protestos me refiro. Sem problemas! Eu explico.

O nosso sistema de controle aéreo (referência mundial em se falando de controle de tráfego de aeronaves) está míope. Descobrimos através de uma tragédia que muitos dos aviões que estávamos controlando no espaço aéreo, na verdade eram apenas alguns urubus em busca de comida. Por isso a dificuldade em fazer com que eles (os urubus) cumprissem seus planos de vôo. Já as aeronaves, que agora andam em bando para não se perderem, ficaram sem controle. Isso obviamente não está no filme, pois o mesmo retrata o horror e não a comédia.

O tráfico de órgãos que o filme revela, já divulgado em diversos documentos pela pesquisadora Nancy-Sheper Hugues - presidente e uma das fundadoras da Organs Watch, talvez seja o ponto mais incômodo para os brasileiros. É que no Brasil, assim como o controle de tráfego aéreo, os transplantes são “reconhecidos mundialmente pela sua excelência” e não seria também de bom tom, jogar anos de trabalhos no lixo. É bem verdade que segundo auditoria realizada pelo tribunal de contas da união, sequer existe a fila única e democrática tão falada e divulgada, que abre um enorme espaço para que órgãos sejam desviados o tempo todo. Isso sem falar nos médicos processados por assassinarem potenciais doadores de órgãos, retirando-lhes órgãos vitais quando ainda estavam vivos para abastecerem suas clínicas particulares. Também é verdade que os médicos processados não foram condenados, pois o processo já está na justiça aguardando julgamento há pelo menos 20 anos.

Isto é só um blog, e por isso não devo me aprofundar em detalhes, até porque o filme passaria a ser brincadeira de criança, perto da nossa realidade.

Nós, brasileiros, não queremos parecer a fossa do mundo, embora estejamos todos cheirando a fezes. Queremos sim muito carnaval, mulher pelada, praia ensolarada salve salve, música popular brasileira, futebol, feriados prolongados, sombra e água fresca.

Nós apoiamos os dólares na cueca, os desfalques com as ambulâncias, e a roubalheira nos hemoderivados. Torcemos para que um sem terra invada o nosso quintal e arme o acampamento da “luta social”, regada a maconha e tiroteio. Nós queremos igualar os assassinatos de civis nas ruas brasileiras com o número de soldados americanos mortos no Iraque, e tudo sem que ninguém seja punido por isso.

Nós desejamos o aumento de 91% nos salários das autoridades e deputados brasileiros enquanto o salário mínimo é reajustado em alguns reais. Queremos as balas perdidas, que geralmente são encontradas enterradas na cabeça de alguma criança que estava no local errado na hora errada quando o traficante a disparou.

Quer saber?

Eu vou apoiar o boicote. Não quero que o mundo pense que estamos tão bem como está sendo retratado no filme, principalmente quando comparamos este insignificante trash, com a nossa realidade.


sábado, 16 de dezembro de 2006

Medicina perde para a vida mais uma vez

O objeto humano deste texto são os bebês anencéfalos.

Estou feliz mais uma vez, em ter apostado na vida. A medicina perdeu mais uma vez!

Eu explico. Já faz algum tempo que a medicina brasileira tenta através de resoluções com afirmações equivocadas, validar todas as formas de extermínio daqueles que supostamente não possuem chances de vida.

O Ministro da Saúde Humberto Costa, tentou dar aos médicos o poder de escolher quem seria beneficiado com um leito de UTI ou quem seria "desligado". Os argumentos eram objetivos: Pessoas idosas tem pouca chance de sobrevivência e sendo assim, precisaria dar lugar a mais necessitados. Costa - enrolado em ações judicias por fraudes na saúde, tentava na verdade economizar dinheiro. Ele preferia que idosos desocupassem leitos para salvar outras vidas, quando o correto seria aumentar o número de leitos. Tanto é verdade que tal procedimento só seria válido para UTI's públicas, já que em hospitais particulares, com ou sem chance de vida, é possível manter alguém supostamente em fase terminal vivo por muitos anos. Basta que se pague a conta!

Prova disso é a atriz NAIR BELO que já completa mais de 30 dias em coma, respirando por aparelho, com a ajuda dos cuidados particulares do Hospital Sírio-Libânes. Se estivesse em um hospital público e Humbeto Costa no Ministério, ela já estaria "desconectada".

Passado a idéia insana de Humberto Costa, veio a fabulosa idéia de aproveitar órgãos de bebês anencéfalos para transplantes. Novamente, o argumento era matar para salvar. Vários argumentos técnicos e emocionais foram utilizados.

Os argumentos técnicos afirmavam - sem medo de errar - que todo bebê anencéfalo sobrevive apenas algumas horas após o nascimento, uma vez que sem o cérebro, não há chance de vida. Já os argumento emocionais, apelavam para as mães que graças a alta tecnologia, descobriam no início da gravidez que carregavam um corpo sem cérebro. Um ônus psicológico que nenhum pai gostaria de assumir. Num primeiro momento, os médicos conseguiram. Mães que esperavam em seus ventres a chegada de um bebê anencéfalo, manifestaram o desejo de abortar e externaram seus desejos recheados com lágrimas. Tudo caminhava como os médicos desejavam, quando alguém perguntou:

- Mas para aproveitar o anencéfalo para transplantes, não seria necessário levar a gestação até o final, para que os órgãos estejam completamente formados?

A resposta foi SIM! Não é possível abortar uma gravidez para aproveitar os órgãos de um anencéfalo. Seria necessário aguardar o nascimento da criança, e em seguida o seu sacrifício. Desta forma, estava descartado o ônus psicológico, pelo menos para fins de transplantes. Faltava desqualificar as informações técnicas.

De fato a grande maioria dos bebês anencéfalos, não sobrevive por muito tempo. Porém, é sabido que são vários os níveis de anencefalia, assim como são completamente diferentes, o período de vida de cada bebê nestas condições. Sendo assim, não podemos afirmar que TODOS os anencéfalos não sobrevivam muito tempo. E podemos ir além. Alguns completam semanas de vida, alimentando-se, movimentando-se, chorando, e existindo!

Hoje Marcela de Jesus Galante Ferreira completa 27 dias de vida. Marcela nasceu no interior de São Paulo, na cidade de Patrocínio Paulista. Logo após seu nascimento, Marcela foi batizada já que a previsão era a sua morte. A heroína desta vez foi a natureza que contou com a ajuda da mãe da criança. Cacilda Galante foi por várias vezes sugestionada por médicos à antecipar o aborto. Cacilda resumiu a vida em apenas uma frase:

"Os médicos nunca me davam esperança. Todas as vezes que ia ao médico saía triste. Mas era só sentir o bebê se mexendo e chutando a minha barriga que ficava feliz de novo".

O ônus psicológico era imposto à mãe pelo médico. Marcela respondia lá de dentro com um forte chute e Cacilda - atenta à vida - entendia o recado. Embora todas as apostas pela morte, os médicos foram obrigados a reconhecer a vida.

"A Marcela reage com um bebê normal", disse a médica. "

Quando alguém põe o dedo perto de sua mãozinha, ela o agarra, como qualquer bebê. Sente dor na parte que lhe falta da cabeça", repetiu a doutora.

E para a infelicidade dos apostadores, Marcela pode ter alta nos próximos dias.Um documentário recentemente exibido em um canal de tv à cabo, mostrou o caso de uma criança de poucos anos de vida, que devido a uma doença grave, precisou remover metade de seu cérebro. Tal procedimento pode ser realizado até o oitavo ano de vida, pois segundo o documentário, o cérebro é capaz de assumir, com uma única metade, as funções de todo o cérebro.Fica a lição de que enquanto há esperança, há vida. Que seja pela oração, pelo amor, pela necessidade ou por qualquer outra situação, acreditar na vida sempre valerá à pena.