Desembargadores comprados

Desembargadores comprados

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Verdades e mitos sobre doaçao. A mentira continua!

No site da assossiaçao médica do Rio Grande do Sul foi publicado um texto sobre doaçao de orgaos. Obviamente, ha um trecho onde atacam os mitos da internet. 

Como sempre e solitario nesta luta, resolvi desqualificar o texto e o faço abaixo:

O milagre da multiplicaçao de orgaos: 
Um único doador pode salvar ou melhorar a qualidade de vida de mais de vinte pessoas.
Ha alguns anos atras, diziam que doar orgaos poderia salvar até 7 pessoas, o que nao é verdade. Durante a semana eu ja li que a doaçao poderia salvar ate 15 pessoas. Agora, a doaçao pode salvar ate 20!  Nao vai demorar muito, uma pessoa podera sozinha salvar mais de 100 doando os orgaos. A verdade é que na maioria dos casos o beneficio se estende ao maximo para 3 pessoas. Isso com muito esforço. Se considerarmos a doaçao de corneas, por exemplo, nao podemos dizer que alguem foi salvo, mas que teve a condiçao de enxergar melhorada (e nao curada em 100% como se diz).

Mitos e verdades, segundo a AMRIGS.
1. A família precisa arcar com os custos relacionados à doação. O doador ou sua família não têm custos nem ganho financeiro, sendo apenas entregue uma carta de agradecimento pelo gesto solidário e humano. O receptor também não precisa pagar pela cirurgia de transplante. 
Ao doar os orgaos do meu filho, apresentaram-me uma conta de 11.682 reais. Nesta conta incluia o diagnostico de morte encefalica, exames para o mesmo diagnostico (2 arteriografias) e uma verdadeira extorsao em materias e medicamentos, muitos, que sequer foram utilizados. A conta foi refeita pelo Ministerio da saude que concluiu que havia pelo menos 5 mil reais cobrados indevidamente. O hospital ignorou o Ministerio e entrou com o pedido de falencia da minha microempresa. Graças a ganancia destes medicos salvadores de vida, eu descobri que meu filho ainda estava vivo quando lhe tiraram os orgaos. Em relaçao a carta de agradecimento, ate hoje nunca recebemos, e nem desejamos receber. Seria o certificado de assassinato do meu filho, de apenas 10 anos para suprir um demanda particular de orgaos humanos.

2. A condição social e/ou financeira do receptor não importa quando se está numa lista de espera. O que realmente conta é a gravidade da doença, tempo de espera, tipo de sangue e outras informações médicas importantes. 
Bom, esta afirmaçao nao se sustenta. Basta lembrar que quando famosos como Drica Moraes, Norton Nascimento (os mais recentes), precisaram de transplantes foram agraciados em tempo recorde. Pessoas normais amargam na fila muitas vezes por varios anos, e em alguns casos morrem antes de fazer a cirurgia. A segunda evidencia é que basta verificar nas filas que nao encontrara ninguem de alto poder aquisitivo esperando a sua vez. Isto é fato nao é mito.

3. Quem arca com os custos dos procedimentos relacionados aos transplantes é o Sistema Único de Saúde (SUS), que também se responsabiliza pelo fornecimento, durante toda a vida, das medicações necessárias para evitar a rejeição do órgão transplantado. 
Sao noticiados com frequencia a falta de medicamentos contra a rejeiçao, que ao contrario do que afirma o texto, sao fornecidos pelas secretarias de saude dos estados e municipios. O proprio Norton Nascimento denunciou certa vez a dificuldade que tinha em obter tais medicamentos. O sistema é desorganizado e o controle praticamente nao existe. Nada que uma boa gorjeta nao resolva. Quanto ao fato de que o Ministerio da saude paga tudo, é a pura realidade. Inclusive paga os orgaos que sao removidos para abastecer as filas privadas que existem nas grandes capitais. Nos transplantes particulares, a retirada dos orgaos que deveria ir para a fila publica, é voce quem paga atraves dos impostos.

4. Um idoso ou uma pessoa que já tenha tido alguma doença não podem ser doador. Todas as pessoas podem ser consideradas potenciais doadores, independentemente da idade ou do histórico médico. O que determinará a possibilidade de transplante e quais os órgãos e tecidos que podem ser transplantados é a condição de saúde no momento da morte e uma revisão do histórico médico do paciente. Os recentes avanços da medicina na área de transplantes garantem que mais pessoas possam ser doadoras e que haja mais receptores. 
Hoje nao existe mais preocupaçao com a qualidade do transplante. A meta é fazer o maior numero possivel para que recebam por estas cirurgias, que nao sao baratas. Para isso, chegaram a conclusao que todo e qualquer orgao que nao ofereça doença contagiosa, pode ser aproveitado. Com isso, nota-se um grande aumento de transplantes que nao estao dando certo, e tambem, um numero maior de rejeiçao. Tudo pelo dinheiro, e nao pela saude como pregam.

5. Religião é impedimento para doação. Todas as religiões pregam os princípios de solidariedade e amor ao próximo, que são as principais características do ato de doar.·A grande maioria das religiões é francamente favorável à doação, enquanto outras deixam a critério de seus seguidores a decisão de serem ou não doadores. Até mesmo as religiões que são contrárias a transfusão de sangue não interferem na decisão de doação. 
Veja este link clicando aqui. Nestes textos podemos ver como o lobby dos transplantes foi aproximando-se das religioes e as convencendo a apoia-los. As religioes eram contra o transplante de orgaos. Aos poucos, foram cedendo e hoje incentivam seus fiéis a doarem. Recentemente o papa alertou para a possibilidade de que medicos estariam retirando orgaos de pessoas vivas, mas isso foi ignorado.

6. A doação deixa o corpo deformado. Os órgãos e tecidos doados são removidos por meio de uma operação cirúrgica. Portanto, a doação não desfigura o corpo, que pode ser velado normalmente, podendo ser inclusive cremado. 
A deformaçao do corpo é o que menos importa neste procedimento. Depois da retirada, o corpo sera velado, sepultado ou cremado. A estetica nao deve ser uma preocupaçao de um cadaver. Logo, este argumento é apenas publicitario.

7. Uma pessoa-que se manifesta doadora pode ser sequestrada e ter seus órgãos roubados. O transplante de órgãos exige cuidados médicos especiais, exames laboratoriais e ação rápida. Um coração ou um pulmão, por exemplo, devem ser transplantados, no máximo, entre quatro a seis horas. Além disso, a cirurgia de remoção de órgão deve ser realizada em centro cirúrgico, com toda assepsia necessária. Isso inviabiliza o mito de pessoas desaparecidas que ressurgem sem um rim. A história de sequestros de pessoas para venda de órgãos, divulgada pela internet, é fantasiosa e não se baseia na realidade dos transplantes de órgãos no País. 
Nao é verdade que uma pessoa que se manifeste doadora pode ser sequestrada por isso. O sequestro para esta finalidade acontece com qualquer pessoa, seja ela doadora ou nao. Nao é inteligente imaginar que o sequestrador busque pessoas favoraveis a doaçao. A intençao é obter orgaos e pouco importa o desejo do sequestrado. O fato de um orgao precisar ser implantado rapido nao significa impossibilidade da cirurgia. Nao depende do momento em que foi sequestrado e sim do momento em que lhe retirarem os orgaos. Portanto, num centro cirurgico e sedado, uma pessoa pode ter os orgaos retirados na hora da cirurgia sem qualquer prejuizo dos orgaos. Sim, é verdade que ha a necessidade de um centro com o minimo de assepsia. Atualmente é possivel alugar salas modernas e equipadas em clinicas particulares para a realizaçao de diversos procedimentos cirurgicos. Este nao é um problema para os traficantes de orgaos. Um transplantista famoso, desafiou a imprensa a achar uma pessoa que tivesse os rins roubados. Obviamente nunca o encontraremos. As pessoas tem os rins retirados ainda com vida e depois do obito o corpo desaparece. Nenhum sequestrador no mundo, devolveria uma pessoa faltando um pedaço para que ela pudesse denuncia-lo no futuro. 

8. Se os médicos souberem que um paciente quer ser doador, não vão se esforçar para salvá-Io. A equipe médica que atende uma pessoa na emergência não é a mesma que promove a retirada de órgãos para transplante. A primeira tem como prioridade salvar vidas, não tendo conhecimento sobre a decisão da pessoa de ser doadora ou não; a segunda só atua depois de anunciada a morte e com o consentimento da família. Não é verdade que os médicos do setor de emergência podem não se esforçar para salvar a vida de uma pessoa, da qual se conhece o desejo de ser doadora.
Infelizmente esta é a pura realidade. No atendimento de emergencia, se sabem que voce é doador de orgaos, os esforços serao minimizados. Ha uma grande pressao do lobby dos transplantes para que estes centros produzam orgaos. E isto significa abreviar vidas. Diariamente estudam formas de ajudar a aumentar a doaçao. Hoje ha uma luta para aprovaçao da eutanasia e do aborto. Pouco tempo faz, era possivel retirar orgaos de anencefalos. Os limites eticos estao sendo lentamente superados pelo lobby. Atualmente se fala em retirar orgaos sem a realizaçao do diagnostico de morte encefalica, baseando-se apenas na parada cardio respiratoria que esta longe de ser a morte definitiva. Nao é verdade que a equipe de emergencia nao sabe da intençao do paciente em doar orgaos. Afinal, é justamente este equipe de emergencia que alerta as centrais para possivel paciente em morte encefalica, quando entao sao colocados em campos profissionais que procuram pela familia para acertar a doaçao. Ou voce imagina que as centrais adivinham quem esta morrendo?

O lobby dos transplantes é poderosissimo, forte e tem influencias em todas as esferas. Mas a verdade ainda é mais forte de que isso.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Começam as campanhas pro doaçao. Chantagem emocional a vista!

Nem deu para avaliar a repercursao da materia que o G1 publicou sobre o caso de Taubaté, cujos envolvidos devem ir a juri popular depois de inexplicaveis 23 anos,  começou a chuva de chantagens emocionais. Aquela velha historinha de pessoas que estao morrendo nas filas (embora sejam desperdiçadas mais de 80% das doaçoes), e da clara extorsao: "Doe porque um dia voce pode precisar de um orgao".

Li uma reportagem onde uma telefonista diz ter esperado apenas 4 meses na fila e que ainda mantem contato com pacientes na fila que aguardam ja ha mais de 10 anos. A reportagem so nao explica porque ela ficou so 4 meses enquanto alguns ficam 10 anos na espera.

Mas voltando a reportagem, recebi um email de Kleber Thomaz onde ele pedia informaçoes sobre o assunto. As minhas condiçoes (de publicar os nomes dos envolvidos, inclusive do presidenciavel Serra) foram ignoradas. A reportagem enfatiza que o CRM e o CFM absolveram os reus nos processos do conselho. Mas a mesma reportagem deixou de enfatizar pontos importantes que constam nos depoimentos da CPI do Trafico de Orgaos. 

Alguns estao no depoimento do proprio Kalume, outros no depoimento do perito que analisou as provas.

Não sei se aqui tem médico, mas esta é uma das arteriografias de um dos pacientes que está no processo. Esta é uma peça processual. Essa arteriografia está tão completa. Aqui é só uma foto, mas no exame todo ela tem até fluxo venoso. Tem a fase arterial, a fase capilar e a fase venosa. Se houver interesse, está aqui, porque isso está no processo, a arteriografia de um dos pacientes.
O Conselho Regional de Medicina terminou o processo, foi um processo muito rumoroso, punindo 4 médicos com censura pública. Só que o Conselho puniu, mas foi para a imprensa dizer que os médicos eram inocentes. O Conselho tornou oficial na imprensa uma inverdade. Ele disse que os médicos eram inocentes, disse que tinha sido constatada a morte cerebral, botou na televisão. A pessoa que foi para a televisão dar a notícia chama-se Irene Abramovich. Ela foi a relatora do processo do CRM que pediu a punição dos médicos. Ela foi para a televisão dizer que os médicos eram inocentes.
O Presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Dr. Heitor d’Aragona Buzzoni, no dia 29 de novembro de 1998, publicou uma nota na Folha de S.Paulo e nas publicações oficiais do CRM sob o título Foi constada a morte encefálica mesmo com essas arteriografias. A peritagem que foi feita no conselho foi feita pelo Dr. Manreza, que é o chefe, foi quem implantou o critério, o protocolo de morte cerebral no Hospital de Clínicas de São Paulo. E a peritagem foi feita por ele, que constatou o óbvio, que os pacientes tinham fluxo. Ainda assim, mesmo tendo essas chapas no processo, ainda tendo essa peritagem, o Presidente do Conselho tornou oficial uma nota que diz que foi constada morte encefálica. O jornalista procurou o Presidente do Conselho para uma entrevista. Eu vou ler o que está escrito, publicado na Folha de S.Paulo, no dia 30/11/1988. O Presidente do CREMESP, Heitor D’Aragona Buzzoni, afirmou que o documento esse em que foi constada a morte encefálica foi emitido em função de pressões que a entidade o CRM sofreu de lobbies poderosos que são a favor da política de transplante no País. A respeito de quem encabeçaria o lobby de transplantes, Buzzoni disse que era coisa do Emil Sabbaga, nefrologista chefe do serviço de transplante renal do Hospital de Clínicas e do Hospital Oswaldo Cruz, uma pessoa poderosa e com muitas influências. Segundo ele, o melhor seria, virando para o repórter, que você publicasse somente a nota, e o caso estaria encerrado. Como sou seu amigo, posso afirmar que esse lobby tem influência junto à direção da Folha de S.Paulo. Por quê? Ora, o Dr. Adib Jatene é médico do Frias de Oliveira que é o dono do jornal. Se você insistir muito nesse caso, poderá acabar perdendo o seu emprego. Estou dizendo isso porque sou seu amigo.
Deu para perceber o nome dos envolvidos? Voce acha que este caso esta na justiça a 23 anos por qual motivo? 

Emil Sabbaga, citado no depoimento acima, e que era quem encabeçaria o lobby de transplantes forçando o CRM e CFM a absolver os medicos, era quem recebia os rins retirados em Taubate para transplanta-los em seu rol particular de clientes. E por isso, nunca foi comprovado o trafico de orgaos. Ele nao permitiu!

As autoridades sabem disso, e sabem como aconteciam os fatos, e sabem para quem eram destinados os orgaos, e sabem que pagavam por isso. Mas nao conseguiram comprovar, ahahahahahaha, a existencia de trafico de orgaos. Dizem, "Falta o recibo".

Como ja afirmei varias vezes aqui neste blog, deveriamos libertar todos os traficantes de drogas, a menos que as autoridades nos mostrem recibos das drogas vendidas. Tem?

Sobre morte encefalica. 

Para quem nao entende do assunto, quando uma arteriografia apresenta fluxo sanguineo, significa que o cerebro esta vivo e nao morto como os medicos desejariam. Para dar andamento aos transplantes, muitos, ainda hoje, ignoram este exame e retiram os orgaos de pacientes que ainda estao vivos. Estes pacientes sentem dores e tem consciencia do que acontece, embora nao consigam se expressar. No caso de Taubate, as vitimas estavam tao conscientes que se debatiam enquanto os orgaos eram retirados, fato confirmado por enfermeiras que acompanharam a cirurgia.

Como estamos falando de Brasil, onde um crime pode nao ser crime dependendo de quem é o acusado, este caso tem tudo para acabar em pizza como tantos e tantos outros. Basta lembrar que sao 23 anos que os medicos deveriam estar reclusos, mas viveram a plenitude da vida, exercendo a profissao e protegidos pelo CRM e CFM. Logo, e como sempre, quem perderam foram as vitimas e seus familiares, muitas vezes doando por serem pressionados por atos sujos como o uso de uma "medium" espiritual. E mais. Perdeu Kalume que viveu anos infernais dentro da profissao por ter feito o basico e fundamental: Denunciou o crime! Kalume quase perdeu seu registro por ter feito o que todos deveriam fazer, e por respeitar o codigo de etica medica.

Doar é um ato de amor nao é mesmo!!!




Justiça Brasileira... que piada!

O caso aconteceu ha alguns anos em Porto Ferreira no interior do estado. Um homem cuja identidade esta sendo preservada, manteve relaçoes com 3 menores de idade. Em 1a instancia, foi condenado a uma pena de 35 anos e 6 meses de reclusao.

Porem, em 2a instancia, foi absolvido. Motivo? Ah claro. Temos um motivo. Segundo O desembargador Ivan Marques, era fato conhecido que as vítimas frequentavam as festas na cidade. Em seu voto, Marques, relator do processo, declarou que era notório que as vítimas frequentavam churrascos em sítios da região, com álcool e prostitutas pagas pelos organizadores das festas. E inocentou o réu.

Funciona mais ou menos assim. O menor que mata uma pessoa, é vitima da sociedade e da falta de programas para a juventude que o empurra a cometer crimes. Ja as menores que se prostituem, sao vitimas delas mesmas. Por isso, abusar sexualmente de menores que frequentam festas com alcool e prostitutas, nao é mais crime, uma vez que elas ja estao acostumadas.

Entendeu a logica?

Pois bem! Graças ao desembargador acima, daqui por diante, voce pode ter relaçoes com menores de idade sem qualquer problema. Basta organizar festas com alcool e prostitutas e provar que elas frequentavam. Elas, as menores, perdem os direitos que constam do ECA (estatuto da criança e do adolescente) e voce sera absolvido! Tudo com o apoio da justiça!

Justiçinha essa heim??


sábado, 25 de setembro de 2010

Para quem ainda nao entendeu como funciona o Brasil

Certamente voce deve ter ouvido falar na operaçao Uragano, ocorrida em MS. A operaçao resultou na prisao de 6 pessoas e outras 54 estao envolvidas. Trata-se de praticas de corrupçao e desvio de dinheiro publico, alem de um esquema muito parecido com o mensalao.

Ora, isso nao é novidade. Em cada canto do pais é assim. A corrupçao e o desvio de dinheiro fazem parte da estrutura administrativa do governo federal, estados e municipios.

Mas como isso é possivel. Bom, basta ver este video onde Ari Rigo, 1o secretario da Assembleia de MS, relata como funcionava o esquema. Funcionava? eheheheheh



Entenderam?

900 mil para Desembargadores do tribunal de justiça
300 mil para o Ministerio Publico

Nenhum deputado ganhava menos de 120 mil por mes. Mas agora, terao de se contentar com 42!

A cada escandalo que chega ao seu conhecimento, voce deve saber so uma coisa:

Nao ha crime organizado sem que exista a participaçao e conivencia de autoridades. No final, as autoridades se apoiam em colegas e nos tais Foro Privilegiado e saem ilesos. 


Portanto, antes de ficar indignado com os corruptos, lembre-se que eles so existem pela inercia do Ministerio Publico. A diferença é que agora voce sabe o motivo da inércia. 300 mil por mes!


E o secretario vai alem:


- Porque nao tenho mais como dar dinheiro. Nao tenho. Primeiro que saiu o Miguel (Procurador Geral de Justiça). Entrou uma turma nova.
- Essa turma nova nao aceita?
- Aceitar, aceita. Mas tem que ir devagarinho.


Mas ainda nao acabou. Essa imprensa que precisa ser calada, so faz besteiras. A explicaçao, equilibrada, seria e honesta do secretario, revela que tudo nao passou de uma gravaçao ilegal, editada e fora do contexto na qual foi divulgada. Alias, as mesmas desculpas que os assassinos do meu filho deram na epoca em relaçao a reportagem do Fantastico. Uma explicaçao padrao usada por bandidos.



Entendeu?

Tudo um engando. O Ministerio Publico e Desembargadores jamais foram comprados. Ninguem sera punido, ninguem sera incomodado porque a justiça nao tem competencia para julgar 60 pessoas ao mesmo tempo. 

E por isso, voce ja pode votar em Ari Rigo para deputado estadual pelo PSDB. E com ele, Jose Serra para presidente!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Anote este nome: ANDRESSA THAIS HOLZ

Andressa é uma criança de 12 anos que desapareceu na cidade de Luzerna, Meio-Oeste de Santa Catarina. Ela voltava para casa de bicicleta quando desapareceu misteriosamente. As investigaçoes, naturalmente, estao estagnadas. A policia se nega a pedir ajuda, e o tempo passa. A menina esta desaparecida ha 3 meses, e nao ha nenhuma pista do que pode ter acontecido com ela.

Luzerna é uma pequena cidade cuja populaçao é de 5.500 habitantes. A cidade tem uma extensao de 116.832 Km2. Com a falta de politicas para a segurança publica, faltam policiais nas ruas para impedir que casos como este aconteçam a luz do dia. A incapacidade de obter uma linha investigativa é o que mais chama a atençao. Parece que as autoridades estao esperando que o corpo apareça, afinal, é bem mais facil do que investigar.



Se Andressa tiver sido raptada para fins de trafico de orgaos, dificilmente terao a menina ou o corpo de volta. Se foi para a pedofilia, pior ainda. Enquanto isso, todos envolvidos na investigaçao estao de braços cruzados esperando que caia do ceu alguma informaçao que ajude a localizar o corpo, ja que 3 meses sao suficientes para que o pior tenha acontecido.


A familia esta desesperada, mas a policia nao.

Por que é assim?




Os jornais e tvs brasileiros fizeram plantao para divulgar o caso da menina Madeleine McCann, britanica, desaparecida em Portugal. Tambem fizeram filme sobre o assassinato de Jean Charles de Menezes. Mas as crianças que desaparecem aqui, e os jovens mortos pela PM, nao merecem tanta bajulaçao.

Estranho? Nao. Este é o Brasil. 

PM pode matar a vontade. E' so uma questao de estatisticas. Crianças desaparecidas temos aos montes. Daria para ocupar o dia inteiro da programaçao de uma tv, ou paginas e mais paginas dos jornais. Mas isso  incomoda politicos e autoridades. Ninguem gosta de ver o fracasso estampado. O que mais incomoda é a Policia de Londres matar um brasileiro e a menina loirinha de olhos azuis desaparecer em Portugal.

O pai ja é tratado como um incomodo, e a policia diz - sem mostrar trabalho - que tem pistas. Mas que pistas sao estas que a policia guarda a sete chaves? O fato é que se a policia nao é capaz de encontrar qualquer indicio numa cidade de 116.000 km2, imagino a dificuldade que teriam em achar um sabonete perdido numa banheira.

Antes de cuidar do EGO, ha uma criança em perigo. 
Peçam reforços! 
Chamem a policia federal! 
Façam alguma coisa!

Leia mais esta reportagem e assista o video clicando aqui

Ato de cidadania?


O pai de Andressa esta colhendo assinaturas para solicitar ajuda a Secretaria de Segurança Publica. Alguns meios de comunicaçao dizem que ato de cidadania é votar ou ter um tratamento dentario feito por voluntarios. Na verdade o ATO DE CIDADANIA é ter respaldo das autoridades e do governo diante de casos como este. Os impostos que pagam estes pais deveriam ser utilizados para isso. Cidadania é contribuir financeiramente para, em troca, obter serviços publicos eficientes e de qualidade. O resto é esmola!


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A implacavel justiça brasileira e a democracia

Tiririca, o palhaço ignorante conhecido em todo o Brasil vai dançar. Francisco Everardo Oliveira Silva possui a possibilidade de atingir 900 mil votos. Ele nao conhece leis, politica, o programa e as diretrizes do partido e nao faz ideia do que faz um deputado federal. Mas, apesar de tudo, ele tem o mesmo direito que qualquer cidadao brasileiro de ser candidato. Gostem os brasileiros ou nao.

O problema é que Tiririca em entrevista concedida à revista "Veja", afirmou que declarou ao TSE não possuir nenhum bem, pois teria colocado todo o seu patrimônio em nome de terceiros, depois de responder a processos trabalhistas de sua ex-mulher. 

Nao demorou muito para que o promotor eleitoral Maurício Antonio Ribeiro Lopes pedisse a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Tiririca, assim como cópias de processos contra ele que tramitam em segredo de Justiça no Ceará. Nao discuto que Tiririca deveria ter a candidatura cassada. Obviamente que sim!

Mas convenhamos. Qual foi mesmo a atitude do Ministerio Publico quando veio a tona os laranjas de Renan Calheiros? Alias, o que aconteceu mesmo com Renan Calheiros? Qual foi a atitude do Ministerio Publico diante das denuncias envolvendo os Sarneys? Quantas pessoas ja foram presas no ultimo escandalo da casa civil? 

Hummmm... Que coragem do ministerio publico e da justiça brasileira!!!! Vao detonar o Tiririca. De candidato talvez acabe como presidiario. Mas.... e os outros?

Democracia é tudo!! A covardia da Justiça e do Ministerio Publico é lamentavel!!

Chines que denunciou trafico de orgaos aguarda pedido de asilo

Transplantes de Orgaos. Um mercado lucrativo e que ninguem tem coragem de dar um BASTA.

Se voce denunciar crimes contra a fauna e flora, se torna um heroi. Mas se denunciar trafico de orgaos, se tornara um bandido perseguido. Sabe aquela historinha de "doar é ato de amor" ou ainda "voce pode salvar até 8 vidas doando seus orgaos"? Pois é! Passa a impressao de estamos falando de uma coisa nobre e séria. Mas é bem ao contrario disso. Aquele que se mete a revelar o porao, os bastidores, o verdadeiro genocidio que estao cometendo com diversas pessoas no mundo visando comercializar orgaos, precisa fugir. E rapido.

A imprensa, as autoridades, e até mesmo a sociedade que esta sendo chantageada com o slogan "Doe orgaos pois voce pode precisar um dia", fecham os olhos para o problema. Se voce denunciar que uma colmeia de abelhas esta migrando de continente por que o clima mudou, sera recebido no mundo todo para explicar sua denuncia. Mas se denunciar TRAFICO DE ORGAOS, aviso: FUJA!!!

No comando destas mafias estao governos, politicos, a industria farmaceutica que fatura bilhoes ao ano com medicamentos contra rejeiçao (ou voce pensa que é de graça?) e obviamente a mafia medica. A igreja se manifesta raramente condenando o assunto, mas na pratica, se afasta deste assunto. As religioes que no inicio rejeitavam a ideia de transplantes foram compradas e passaram a disseminar a ideia entre os fieis. Um lobby invejavel até mesmo para o filho da Erenice Guerra. 

Na china, a historia nao poderia ser diferente. O denunciante, ex-policial chines, esta na europa aguardando uma resposta de pedido de asilo politico. Ela esta sendo perseguido apos denunciar que prisioneiros tinham os orgaos retirados sem autorizaçao para alimentar esta mafia.

O mundo todo se manifestou em defesa de Sakineh Mohammadi Ashtiani. Ela foi condenada a execuçao com pedradas no Ira de Ahmadinejah. Camisetas, faixas, palavras de ordens e muita midia. Todos querem salvar Sakineh. 

Mas Nijiati Abuduremyiu que denunciou a mafia dos abutres travestidos de pombos da paz, ninguem quer salvar.

A doaçao de orgaos é um ato de amor, onde o medico faz a cirurgia mediante pagamento, a industria fornece todos os remedios mediante pagamento, o receptor faz a cirurgia mediante pagamento e voce, otario, é o unico entra com partes do seu corpo totalmente gratis! Que amor!

Veja a reportagem abaixo.

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem em Estrasburgo tem até terça-feira para impedir que as autoridades suíças expulsem Nijiati Abuduremyiu, o ex-policia chinês que denunciou o tráfico ilegal de órgãos na província chinesa de Xinjiang. Uma expulsão que equivale a uma condenação à morte.

Nijiati, que se encontra refugiado na Suíça desde 2009, recebeu na sexta-feira à tarde, véspera de um fim-de-semana prolongado, ordem de expulsão do Oficio Federal das Migrações (ODM). Se a ordem de expulsão vier a ser executada, o homem será enviado para Itália, onde o ex-policia “corre perigo de vida”, como confirmou ao DN o advogado suíço Philippe Currat.

De acordo com as autoridades helvéticas, o pedido de asilo é recusado para respeitar os “Acordos de Dublin”, segundo os quais os refugiados devem dirigir-se às autoridades do primeiro pais por onde transitam na Europa, neste caso a Itália. Uma “questão administrativa”, reconhece um porta-voz do ODM.

Retido no centro de refugiados de Fontainemelon, onde a policia suíça o colocou para impedir a sua fuga e assegurar a expulsão, Nijiati treme à simples ideia de ser conduzido ao aeroporto.

Antigo membro da primeira unidade especial da polícia de Urumqi, capital da província autónoma de Xinjiang – região muçulmana no noroeste da China – Nijiati Abudureyimu conduziu os condenados à morte até ao pelotão de execução entre 1993 e 1997. Depois de abandonar a polícia e sob o efeito do álcool comete uma indiscrição e revela em público os contornos do macabro negócio. Em perigo, com a ajuda de contactos que ainda mantinha, consegue um passaporte e foge para o estrangeiro.

Uma vez na Europa, é ele quem revela informações secretas sobre o tráfico de órgãos, retirados sem autorização aos condenados à morte e destinados a alimentar o lucrativo mercado organizado pelas autoridades locais.

As revelações do ex-policia concordam com os dados divulgados pelo quotidiano “China Daily”, que cita especialistas na questão e segundo os quais dois terços dos dons de órgãos na China provêm de condenados à morte.

Desde a sua passagem para a Europa, há cerca de três anos, o pai de Nijiati morreu em circunstâncias “muito estranhas” e a sua irmã – que o Departamento de Estado norte-americano colocou na lista de vítimas de violação dos direitos humanos – desapareceu sem deixar rasto. “Ela desapareceu há mais de dois meses. São represálias da polícia chinesa,” disse Nijiati a um quotidiano suíço.

“O testemunho de Nijiati é extremamente credível” indica Ethan Gutmann, porta-voz e especialista da Fundação americana de defesa das democracias, que reconhece o ex-policia como “testemunha capital”. Mais, Ethan Gutmann, não duvida que o chinês corre perigo de vida. O especialista norte-americano cita o testemunho de um médico da minoria étnica uigur que corrobora as informações do ex-policia e segunda as quais é proibido às famílias dos condenados de recuperaram os cadáveres dos mortos para esconder actos de tortura e o roubo de órgãos.

“A intervenção do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem é mais urgente do que nunca”, disse ao DN o advogado suíço Philippe Currat, sublinhando que “restam dois dias para impedir a expulsão do ex-policia para Itália”, onde vivem milhares de chineses e onde Nijiati corre perigo de vida.

Uma saga europeia de três anos

Antes da Suíça, o percurso do ex-policia chinês passou pelos Emirados Árabes Unidos onde viveu em segredo na casa de um familiar.

Em 2007, Nijiati diz-se ameaçado pelos serviços secretos chineses e abandona Dubai para se refugiar em Roma. É ai que as autoridades italianas lhe concedem um visa para o espaço Schengen.

Mais uma vez, sentindo-se em perigo na capital italiana, embarca em Setembro de 2008 para Oslo, na Noruega.

Entre Setembro de 2008 e Junho de 2009, as autoridades norueguesas fazem-no passar por diversos centros de refugiados, sem nunca lhe prestar auxílio legal. Apesar das dificuldades, o ex-policia acaba por conseguir entregar um pedido oficial de asilo.

Invocando os princípios dos Acordos de Dublin, as autoridades de Oslo decidem expulsa-lo para Itália em Junho do ano passado. Recebido em Roma pela polícia italiana, Nijiati passou então cinco meses viajando entre vários centros para refugiados. É aliás num deles que encontrou maneira de entregar o segundo pedido de asilo.

Fotografado à sua revelia por um chinês que não conhece, Nijiati entra em pânico, diz-se perseguido e foge para a Suíça a 9 de Novembro de 2009, ai entrega o terceiro pedido de asilo.

Três pedidos de asilo e nenhuma resposta.

O desfecho depende agora do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

PT vai ao Ministerio Publico contra denunciante

Afinal, pra que serve a justiça?

Para a grande maioria dos brasileiros que nunca tiveram a necessidade de denunciar, explico como funciona o esquema. Sim, a justiça hoje é um verdadeiro esquema. Longe de estabelecer a verdade e punir os culpados, a justiça estende o tapete para toda a sorte de cretinos.

Como funciona.

Voce tem conhecimento de um crime que esta sendo cometido. Segundo a constituiçao brasileira, voce tem a obrigaçao de denunciar. Voce pensa muito e conclui que como cidadao, deve cumprir o dever e denuncia. Acredita inocentemente que esta fazendo um favor a naçao. Obviamente nao se faz denuncias sem provas. Logo, deve organizar todo o material que tem para levar adianta a sua obrigaçao.

Apesar de todo o material comprovar o crime, começa o seu calvario. O denunciado procura a justiça e abre dois processos contra voce. Um na esfera civil e outro na esfera criminal. Enquanto isso, a sua denuncia esta sendo "analisada" e pode levar mais de um ano para que as autoridade tomem providencias. Lembre-se que um inquérito policial deveria durar 1 mes. Mas na pratica, dura o quanto a policia e os investigadores desejarem, até porque, se demorarem 10 anos, nao ha qualquer coisa que se possa fazer e nao acarretara nenhuma puniçao as autoridades.

Enquanto a lentidao prossegue, os advogados do denunciado, muito bem pagos geralmente, começam a cobrar da justiça, velocidade no andamento do processo que abriram contra voce. Lembre-se que para este tipo de processo, o inquérito que pode levar mais de 10 anos em beneficio dos denunciados, nao vale para voce. Como sua denuncia é formalizada e escrita, nao se faz necessario um inquerito. Contra o denunciante, a coisa é rapida.

Voce passa a receber oficiais de justiça, e tambem a ter que comparecer em tribunais. Obviamente, deve contratar um advogado e de preferencia alguem que tenha nome. Neste caso, o nome é um multiplicador de reais. Se um advogado ruim custa mil reais, o de nome pode valer até 20 vezes mais. 

Voce ja nao pensa mais na denuncia que fez. E' obrigado a se preocupar com as acusaçoes que pairam sobre sua pessoa. As intimidaçoes sao explicitas. No tribunal, sera tratado com um criminoso. Os juizes olham para voce como se na verdade tivesse cometido o crime. 

Enquanto isso, o inquérito para apurar as denuncias ainda nem começou. Mas o processo contra o voce ja esta a todo vapor. Começam a relacionar testemunhas que nunca o viram, mas que sao muito amigos do denunciado. E por ele, as testemunhas vao jurar que voce é mesmo o maior marginal do mundo. Para a justiça pouco importa quem esta testemunhando. Voce pode levar um bebado de rua que sera muito bem aceito.

Ja se passaram 12 meses e agora o inquerito começa a colher os primeiros depoimentos. Ja no seu caso, a sentença ja esta para ser proferida. A chance de voce ser condenado é grande. Vai ter que pagar umas cestas basicas e sera possuidor de antecendentes criminais. Ou seja, se voce insistir na denuncia, eles podem te processar de novo e o risco de voce, de fato, ir parar numa cadeia é muito grande. Neste momento, as pessoas que trabalham com voce, começam a te olhar diferente. Voce que nunca teve qualquer problema com policia, justiça, advogados, pode de um dia para outro, tornar-se um grande marginal porque teve a infeliz ideia de denunciar um crime.

Chegou o dia! O inquerito ainda nao chegou a nenhuma conclusao. Mas a sentença contra voce é hoje. Voce é condenado. O denunciado pega a sentença e sai correndo até a delegacia onde estao apurando as denuncias que voce fez e entrega ao delegado. Neste momento, voce acaba de salvar a pessoa que denunciou. Ele diz ao delegado:

- Veja isto!!! Uma condenaçao por injuria, calunia e difamaçao, alem de ter que indenizar-me por danos morais. E esta a pessoa que voce esta levando a serio para me investigar??? E' assim que se faz a justiça neste pais??? Um condenado pela justiça propaga mentiras sobre minha pessoa e vou ter que sofrer por causa disso???
O delegado se sente constrangido diante da historia e começa a esquecer o inquerito que na verdade nunca foi lembrado. 

Isso é a democracia. A medida que o tempo passa, os denunciantes estao desaparecendo. Nao vale a pena. A justiça deveria garantir imunidade total ao denunciado até que as investigaçoes fossem concluidas. 

Como alguem pode ter coragem de denunciar se nao ha qualquer proteçao?

Portanto, fica a liçao.  O papel da justiça nada mais é do que calar a boca das pessoas de bem, em beneficio daqueles que vivem da sacanagem, do crime, da bandidagem, da vigaricie. 

Por isso, o PT vai ao Ministerio Publico contra os denunciantes. Da certo!

Viva a justiça, e denuncie se tiver coragem.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Recado ao candidato Zé e ao PSDB falido...

Caro Zé Serra,

Lembra-se quando voce e sua mafia abafaram o caso do meu filho?

Lembra-se quando voce colocou o caso nas maos de seus amigos que possuem cargos dentro de instituiçoes importantissimas como por exemplo Jose Jairo Gomes (MPF), Adailton Ramos do Nascimento (MPF), Celio Jacinto dos Santos (Policia Federal), Jose Roberto Santoro  (Sub Procurador Geral - MPF) e tantos outros?

Lembra-se que enquanto eu nao tinha qualquer informaçao sobre o caso, seus assessores informavam o chefe da quadrilha pessoalmente como o senhor mesmo mencionou atraves de oficio?

Lembra-se que com as informaçoes diariamente passadas ao chefe da quadrilha, documentos foram forjados, outros adulterados e todos inseridos no processo com a ajuda das instituiçoes, tudo para limpar a sua barra e livrar a mafia das puniçoes?

E o senhor, lembra-se qual foi o recado que mandou a minha familia?

Ok. Eu lembro e ai vai:
O senhor disse que eu deveria confiar nas instituiçoes que funcionam plenamente, e que estavamos em um pais democratico. Disse ainda que era meu dever confiar nas instituiçoes, ainda que eu tivesse em maos provas documentais que o senhor estava usando o seu cargo de ministro para beneficiar um bando de assassinos de uma criança de 10 anos.
Muito bem! Os anos passaram, o caso foi abafado e tenho um recado para o senhor:
O senhor deve confiar nas instituiçoes que funcionam plenamente, pois o Brasil é um pais democratico. O senhor deve confiar nas instituiçoes, ainda que tenha em maos provas documentais de que estao usando cargos publicos para beneficiar um bando de criminosos que quebraram o sigilo de sua filha e de seu genro.
Ou sera que seu carater nao permite que seja, ao menos, coerente?

Ou sera que a sua familia, dentro de um pais democratico, merece mais atençao do que as outras familias.

O filho do chefe desta mafia, certa vez, mandou-me um recado pelo Orkut. Sim, eles tinham e tem tanta certeza de impunidade que usam meios publicos para mandar recados e tambem ameaças. Veja o senhor mesmo:
Repare que o simbolo do PSDB esta no peito do cidadao. Era a campanha de Geraldo para presidente em 2005. A mensagem acima foi publicada em julho de 2005. O processo de homicidio ainda esta em andamento até hoje, mas naquela época, o filho do mafioso dizia que tudo ja estava resolvido e que ja sabia o resultado! E incrivelmente tudo indica que o resultado sera este mesmo ja que sequer pudemos participar do processo democratico como testemunhas!

Repare tambem que este rapaz (cujo pai mafioso ja foi até presidente do PSDB), coloca a culpa pela morte do meu filho no seu acidente e uma suposta negligencia minha, e nao no fato de que os orgaos foram retirados quando ele ainda estava vivo. O senhor e os mafiosos assassinos de crianças e pacientes comatosos, diziam tambem que eu queria me tornar vitima de uma situaçao. Ignoraram o prontuario que aponta que ele entrou no hospital em trauma moderado e que quando retiraram os orgaos, ainda estava vivo. 

Jogaram pesado psicologicamente, tentando fazer com que todos e inclusive eu, acreditassemos que a culpa era minha, e nao daqueles que conscientemente matavam pacientes em leitos de UTI para vender os orgaos posteriormente como foi compravado, embora ainda hoje neguem.

Portanto Zé, em relaçao a violaçao dos sigilos de seus familiares, recomendo que tenha confiança nas instituiçoes que tudo vai dar certo (ehehehehehehe)

Em relaçao a sua candidatura a presidencia, uso as palavras do filho mafioso: Ja era! Todos foram julgados e inocentados, quem falta ser julgado por calunias e difamaçoes ainda é a sua pessoa. Que Deus te ilumine, ou bote sua turma para funcionar como fizeram com o meu filho!

E nao se esqueça!! 

Zé Serra para vereador em Pindamonhangaba em 2012!!!! 

Estamos juntos Zé!!!!





quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Explicando o Brasil atraves de fatos

Folha de Sao Paulo

PM barra carro sem cadeirinha e põe bebê em táxi sem o acessório em SP
O motorista é multado por trafegar com um bebê de quatro dias sem a cadeirinha adequada, tem seu carro retido e só é liberado depois que a mãe entra com a criança de colo em um táxi, onde também não há o equipamento.

Foi o que aconteceu ontem (7) na avenida Ricardo Jafet, zona sul, na primeira blitz com multa para a falta do equipamento na cidade de São Paulo, feita pela Polícia Militar. O serralheiro Gilson Carvalho da Silva, tio do bebê, não tinha o equipamento de segurança, que passou a ser obrigatório em carros de passeio que transportem crianças de até sete anos e meio. Como prevê a lei, ele foi multado em R$ 191,54 e levou sete pontos na carteira de motorista. A regra visa proteger crianças em caso de acidente. Dentro do táxi, a condição insegura era a mesma do Palio do serralheiro, mas esses veículos --como ônibus e vans-- estão dispensados da lei. Com isso, tomar um táxi se torna uma das principais opções para quem é barrado. "Eu não sabia que não podia [levar o bebê sem cadeirinha]", justificou Silva. O carro dele ficará retido até que ele regularize a situação. O próprio policial que fazia a autuação esticou o braço para parar um táxi. "Corta o coração, mas tenho que seguir o que diz a lei. O carro estava sem o equipamento de segurança obrigatório, não posso deixar seguir", disse o tenente Diego Morais após a autuação.


Quando se faz uma lei é porque ela deve ser necessaria e proporcionar algum beneficio direta ou indiretamente a sociedade. Visando proteger as crianças, a lei da cadeirinha esta valendo. Mas ao contrario do que se pensa, ela esta longe de proteger as crianças. A unica ideia aqui é faturar!!!

A prova disso é a reportagem acima. O PM nao permite que o carro siga com uma criança porque nao tem a cadeirinha e em seguida coloca a criança, exatamente como ela estava no carro de passeio, em um taxi, que tambem nao tem a cadeirinha. Ou seja, o PM mostrou o caminho das pedras ja que o Taxi nao esta previsto na obrigatoriedade desta lei. Entenderam?

A criança que se dane. O negocio é burlar a lei e achar um jeitinho de tirar o dinheiro do cidadao que nao tem a cadeirinha. Uma multa e tudo se resolve. Alem disso felizes estao os taxistas! Vao faturar horrores com a ajuda da PM!

Param os carros sem cadeirinha e chamam os taxistas para uma corrida praticamente obrigatoria. Caso contrario, o carro de passeio nao podera circular! Nao é o maximo?

Agora sabe o que isto esta parecendo? Aquela historia do Kit de primeiros socorros. O governo obriga que todos comprem os kits e coloquem em seus carros. Quando o estoque esvazia e as empresas faturam horrores, a proibiçao cai! Basta um comerciante de uma grande industria de kits ter um amigo deputado para propor a lei e bingo!!!

Agora os brasileiros vao esgotar as vendas de cadeirinhas, e em seguida, depois que as empresas faturarem os tubos, cai a lei. E novamente, as crianças que se danem!!

Brasil no primeiro mundo - da ignorancia, da corrupçao e da badidagem.


sábado, 4 de setembro de 2010

O que eu e Jose Serra temos em comum

A violaçao dos nossos filhos. Evidentemente, nao sao nem de perto comparaveis. A filha de Jose Serra teve o sigilo quebrado. Meu filho teve a vida violada sendo assassinado por um grupo mafioso de trafico de orgaos, cujo chefe é amigo pessoal de Jose Serra. Ele era o Ministro da Saude que ajudou a abafar o caso. Neste ponto nos afastamos. Eu nao tenho nenhum amigo no PT. Nunca fui ministro. Jamais protegeria quem quebrou o sigilo de sua filha.

Na Folha de Sao Paulo, Serra fala de operaçao abafa (clique aqui para ler)

Na reportagem, Jose Serra diz que a investigação da Receita Federal, para apurar a quebra ilegal de sigilo fiscal de sua filha, Verônica Serra, é uma "operação abafa", com o objetivo de não apontar culpados.
Acho que a Receita Federal está fazendo uma espécie de operação abafa, indo devagar. Eles sabiam que a procuração que supostamente ela [a filha] tinha dado, para quebrar o sigilo dela, era falsa, e, no entanto, não disseram isso, esperaram algum tempo para isso. Eu acho que a Receita está num processo de abafa, vai devagar, morosamente. É errado. A Receita Federal é um órgão de Estado, e não pode fazer política partidária nem política eleitoral.
E neste ponto nos aproximamos novamente. Veja como foi a operaçao abafa no caso do meu filho:

Operação abafa CPI do tráfico de órgãos na Câmara 
10/12/2003 07h05 - Governo e representantes da área de Saúde no Congresso não querem que a Comissão Parlamentar de Inquérito, aprovada para investigar venda de rins, seja instalada.

O governo federal movimenta-se nos bastidores para impedir que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Órgãos, já aprovada na Câmara, seja instalada. A primeira tentativa foi feita pelo ministro da Saúde, Humberto Costa. Numa audiência com o deputado Neucimar Fraga (PL-ES), autor do requerimento, o ministro disse que não é interessante para a política de doação de órgãos do governo uma investigação desse tipo agora.

Humberto Costa disse ao Correio que as denúncias levantadas recentemente sobre doação de órgãos são graves. No entanto, sugere que elas sejam investigadas pela Polícia Federal, como já vem ocorrendo. ‘‘Uma CPI colocaria sob suspeita um modelo de transplante reconhecido internacionalmente’’, argumenta.

A segunda tentativa de abafar a CPI partiu da Frente Parlamentar da Saúde, composta por um deputado de cada partido. Dois representantes, Rafael Guerra (PSDB-SP) e Ângela Guadagnim (PT-SP), disseram ao presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que a CPI prejudicará a doação de órgãos.

À boca pequena, comenta-se nos corredores da Câmara que a liderança do PT está costurando para impedir que a CPI seja instalada. Esse movimento era mais evidente até a semana passada. No domingo, porém, o Fantástico, da Rede Globo, exibiu as histórias das pessoas pobres, de Pernambuco, que estavam viajando até a África do Sul para vender órgãos. ‘‘Com o impacto da reportagem, ficou constrangedor no Congresso se opor à CPI’’, disse o deputado Neucimar Fraga, autor do requerimento da instalação da comissão. 

Ano que vem 
Mas o governo não desistiu e age agora para tentar empurrar a instalação da CPI para o ano que vem, já que o recesso legislativo começa dia 15, e as comissões não podem ser instaladas nesse período. Esse movimento é mais evidente no PT, que sempre se apressou em instalar CPIs quando era oposição. Até às 19 horas de ontem, sete partidos (PSDB, PSB, PPS, PDT, PP, PTB, PL) já haviam indicado oficialmente os parlamentares que comporão a CPI do Tráfico de Órgãos.

O PT não indicou ninguém, embora três deputados tenham se oferecido para compor a comissão — Paulo Ruben (PE), Zico Bronzeado (AC) e Ivo Acre (MG). Na liderança do PT, a versão oficial é que o partido está fazendo uma consulta interna para descobrir quais parlamentares têm o perfil da CPI. Até o fim desta semana, a liderança do partido fará as indicações.

A pressão para não instalar a CPI também vem de outros poderes. No dia 14 de novembro, o deputado Neucimar Fraga recebeu um e-mail do procurador federal Douglas Marin dos Santos, no qual há o pedido explícito para não instalar a comissão. ‘‘Como se trata de assunto que ainda é tabu no Brasil, os resultados práticos da instalação de uma CPI, além da tradicional publicidade vazia, seriam desastrosos para quem agoniza numa sala de espera’’, descreveu o procurador.

Médico preso em Recife 
A Polícia Federal prendeu ontem o médico e coronel reformado da Polícia Militar de Pernambuco José Sílvio Boudoux Silva, 54, suspeito de integrar a quadrilha internacional acusada de traficar órgãos humanos, do Brasil para a África do Sul. Silva recebeu ordem de prisão no início da tarde, após negar envolvimento no caso em depoimento na sede da PF, em Recife.

O militar foi a 12ª pessoa a ser detida no estado por suspeita de participação no mesmo crime. A PF acredita que, em um ano, pelo menos 30 brasileiros tenham sido cooptados pelo grupo e submetidos à cirurgia em troca de quantias que variavam de R$ 18 mil a R$ 30 mil.

Ulisses Campbell
Do Correio Braziliense 

A noticia acima foi excluida da internet, mas eu ainda tenho os recortes.

E assim o PSDB e o PT se uniram para abafar o caso. Até procurador federal tentou barrar a CPI!
Lamentavel! Havia o risco de que o esquema viesse a tona. O que poucos sabem é que o Lobby transplantista tomou conta da CPI e as audiencias eram esvaziadas. A imprensa se calou. E os crimes continuam até hoje.

E agora vao abafar a receita??? 
Que sacanagem heim Jose Serra!!!

Mas nao se preocupe. Sua filha esta viva e com saude. Isso é o que importa. Ja no meu caso, seu grupo nao poupou meu filho e isso nao tem reparaçao.


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Quer doar orgaos? Nao deixe de ler este depoimento.

O depoimento abaixo foi feito por um médico. Dr. Roosevelt de Sa Kalume na CPI do Trafico de orgao. Trata-se de leitura indispensavel para aqueles que ainda acham que trafico de orgaos é teoria da conspiraçao ou para aqueles que estao acostumados a ler que o Brasil é 1o mundo em transplantes.  Se voce pensa em ser doador, leia este depoimento e entenda que ao doar estara alimentando uma rede poderosa de trafico de orgaos, cujo o unico real objetivo nao é salvar vidas, mas ganhar muito dinheiro.

Voce vai ler tambem como utilizam instituiçoes para perseguirem aquele que os denunciam. O Brasil ainda vive esta situaçao. Alguns nomes ainda estao na ativa. Mas a imprensa, as autoridades e o sistema publico de saude nao querem que voce saiba. Por isso, esta aqui a sua disposiçao. O texto é longo, mas valhe a pena ler e ver os nomes envolvidos em tanta sujeira. O dificil é saber que nunca, ninguem, sequer foi investigado. E nem sera.

O depoimento foi feito em 03/08/2004, em Brasilia na Camara dos Deputados Federais, CPI DO TRAFICO DE ORGAOS.


O SR. ROOSEVELT KALUME - Boa tarde. Eu sou formado há 34 anos. Sou cirurgião geral e cirurgião de tórax. Não trabalho com transplantes. Dediquei a maior parte da minha vida à carreira universitária. Fui muitos anos professor na Faculdade de Taubaté e cheguei a dirigir, a assumir o cargo de Diretor da Faculdade de Medicina de Taubaté. Isso em 1986.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Só um momento, Dr. Roosevelt. Peço que se abaixe um pouco o som e que o senhor fale mais alto para evitar interferência.

O SR. ROOSEVELT KALUME - Em 1986, quando eu era Diretor da Faculdade de Medicina, eu descobri um programa de transplantes e retirada de órgãos na Universidade de Taubaté que corria de uma maneira escondida. A gente não tinha conhecimento oficial do programa. Quando eu comecei a mexer com isso, eu me deparei com um mundo completamente novo e tudo mudou na minha vida a partir de então. Havia um programa de retirada de órgãos. Procurei os médicos, conversei com os médicos, eles negaram. Procurei o reitor, que era a autoridade maior da universidade, pedindo uma sindicância sobre o assunto. O reitor me respondeu o pedido de sindicância com um ofício sucinto: duas páginas. Na primeira página, ele me elogia do início ao fim, porque estou trabalhando dentro de um sistema organizacional e que a coisa tem que ser desse jeito mesmo, que eu tenho de passar para uma esfera mais alta o problema que eu não consigo resolver. E no final do ofício, ele me acena com uma possibilidade de punição, caso eu continue insistindo nesse assunto. Eu, abreviando etapas, denunciei o reitor ao Conselho Universitário, que é o órgão maior da universidade, mostrando que eu era o Diretor da Faculdade, estava pedindo uma sindicância de um assunto extremamente sério e o reitor estava me ameaçando. O Conselho Universitário se reuniu. E como transplante é uma coisa que dá muito ibope, dá notoriedade, dá imprensa, dá televisão, dá prestígio, dá dinheiro, dá tudo isso, frente à denúncia, o Conselho Universitário da Universidade de Taubaté se reuniu e resolveu na mesma reunião, dar um voto de louvor para os médicos que estavam fazendo o programa que eu estava tentando denunciar. Ao mesmo tempo, resolveu abrir um processo contra mim porque eu não acatei a ordem do reitor de ficar calado. Começa a história aí. Constituí um advogado, já que eu estava sendo processado. Como era um assunto médico, eu pedi uma assessoria ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo: Como é que eu faço, como é que eu tenho que proceder? Vejam uma questão de época. Na ocasião, não existia uma legislação de transplante no País. O Código de Ética Médica proibia aceleração de morte em pacientes em morte cerebral. Tinha um artigo específico sobre isso. Eu procurei, como eu não me milito com transplante, eu procurei me inteirar e me interessei muito pelo assunto morte. Estudei morte. Fui a São Paulo, na BIREME, levantei literatura, estudei morte nas diversas legislações, nas religiões. Eu me inteirei bastante sobre o assunto. Cada vez que eu me inteirava, eu ficava mais assustado com o que estava acontecendo em Taubaté. E fiz um pedido de assessoria para o Conselho Regional de Medicina. O Conselho me pediu uma documentação do caso. Quando eu fui pegar a documentação que eu mandei para o Conselho, eu percebi que os doentes que estavam doando órgãos não estavam em morte cerebral. Eles tinham fluxos preservados. Chamei o advogado, e o advogado disse: Faça uma denúncia para a Polícia. Eu disse: Não, não vou fazer denúncia para a Polícia. Já que eu estou sendo processado, vou esperar o processo da universidade e, no processo, eu apresento o problema e deixo que a própria universidade denuncie os médicos na... Me perdi aqui. Não sei se aqui tem médico, mas esta é uma das arteriografias de um dos pacientes que está no processo. Esta é uma peça processual. Essa arteriografia está tão completa. Aqui é só uma foto, mas no exame todo ela tem até fluxo venoso. Tem a fase arterial, a fase capilar e a fase venosa. Se houver interesse, está aqui, porque isso está no processo, a arteriografia de um dos pacientes. O CRM me pediu a documentação. Mandei. Foi quando tomei conhecimento dessas radiografias. Aí, o CRM, ao receber a documentação... Eu citei na minha argumentação para o CRM o nome de 3 médicos que faziam isso e eram os médicos subordinados a mim na faculdade. Quando o CRM abriu um processo, abriu um processo contra 11 médicos. Gente que eu nem sabia que estava envolvido. E uma coisa curiosa: o Conselho Regional de Medicina foi para a televisão anunciar que tinha aberto o processo. Tornou público um assunto que nem eu sabia da magnitude dele. E assim começou essa história. Criou-se muita celeuma. Esse caso de Taubaté passou a ter uma conotação mais relevante porque a partir do episódio de Taubaté, o Código de Ética Médica foi reformado e se introduziu no Código de Ética Médica o conceito de morte cerebral e os princípios de retirada de órgãos. E também foi a partir dessa ocasião que se fez a primeira lei de transplantes reconhecendo a morte cerebral como um estado em que você pode tirar órgãos para transplante. Então, o caso tem essa importância, apesar de ser caso antigo, porque ele serviu de motivação para a legalização dos transplantes no Brasil, que eram feitos de uma maneira absolutamente à margem da legislação vigente e à margem dos códigos de ética, do Código de Ética Médica vigente no País. Quando a universidade me processou, eu entrei com recurso judicial. Ele foi para São Paulo e nesse período o reitor resolveu que ia me processar porque ele teve informação de que o Tribunal de São Paulo ia dar ganho de causa para ele e resolveu instruir o processo. E eu me neguei a depor, porque, se o processo estava tramitando em grau de recurso em São Paulo, eu não tinha que estar depondo. E assim mesmo ele concluiu o processo à revelia e a carta que eu recebi, de demissão da universidade, é que eu fui demitido a bem da moral da Universidade de Taubaté. O que eu fiz foi pedir uma assessoria por causa disso. O Conselho Regional de Medicina terminou o processo, foi um processo muito rumoroso, punindo 4 médicos com censura pública. Só que o Conselho puniu, mas foi para a imprensa dizer que os médicos eram inocentes. O Conselho tornou oficial na imprensa uma inverdade. Ele disse que os médicos eram inocentes, disse que tinha sido constatada a morte cerebral, botou na televisão. A pessoa que foi para a televisão dar a notícia chama-se Irene Abramovich. Ela foi a relatora do processo do CRM que pediu a punição dos médicos. Ela foi para a televisão dizer que os médicos eram inocentes. Posteriormente, o CRM me processou, porque eu fiz a denúncia e me deu a mesma punição que deu para os médicos, que foi uma censura pública. Eu recorri e isso foi... Então, eu fui punido pelo CRM, porque eu fiz a denúncia. Processo 2.338 que eu fui punido por infração ao art. 19. O art. 19 do código de ética diz que o médico deve ter para com seus colegas respeito, consideração e solidariedade sem, todavia, eximir-se de denunciar atos que contrariem os postulados éticos da Comissão de Ética da instituição em que exerce seu trabalho profissional e, se necessário, o Conselho Regional de Medicina. Eu fui punido pelo art. 19 que diz que eu tenho que denunciar as coisas para o Conselho. Eu fui punido por ter denunciado. Veja o seguinte: eu nunca fiz uma denúncia no sentido de criar uma querela, de estar apontando nomes, de estar pedindo punição para alguém. Eu nunca formalizei um pedido de denúncia contra ninguém. Eu fiz um pedido de assessoria ao Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Fiz um pedido de assessoria. O que eu faço nesses casos? Como é que eu tenho que proceder para eu me resguardar de responsabilidades? Eu sou o chefe e está acontecendo esse programa. O que eu faço? Então, na hora em que eu notifiquei a ocorrência, isso vira uma denúncia, quer dizer, denúncia no sentido de dar conhecimento de alguma coisa que está acontecendo, mas não denúncia no sentido de criar uma querela. Então, foi isso o que aconteceu. O CRM eu tive problema foi com os médicos publicou que o processo não tinha comprovado a denúncia e, logo depois, um jornalista descobriu que existia uma punição e publicou a punição. Por conta dessa punição... embaralhei aqui, me desculpe... por conta dessa divulgação... O Presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Dr. Heitor d’Aragona Buzzoni, no dia 29 de novembro de 1998, publicou uma nota na Folha de S.Paulo e nas publicações oficiais do CRM sob o título Foi constada a morte encefálica mesmo com essas arteriografias. A peritagem que foi feita no conselho foi feita pelo Dr. Manreza, que é o chefe, foi quem implantou o critério, o protocolo de morte cerebral no Hospital de Clínicas de São Paulo. E a peritagem foi feita por ele, que constatou o óbvio, que os pacientes tinham fluxo. Ainda assim, mesmo tendo essas chapas no processo, ainda tendo essa peritagem, o Presidente do Conselho tornou oficial uma nota que diz que foi constada morte encefálica. O jornalista procurou o Presidente do Conselho para uma entrevista. Eu vou ler o que está escrito, publicado na Folha de S.Paulo, no dia 30/11/1988. O Presidente do CREMESP, Heitor D’Aragona Buzzoni, afirmou que o documento esse em que foi constada a morte encefálica foi emitido em função de pressões que a entidade o CRM sofreu de lobbies poderosos que são a favor da política de transplante no País. A respeito de quem encabeçaria o lobby de transplantes, Buzzoni disse que era coisa do Emil Sabbaga, nefrologista chefe do serviço de transplante renal do Hospital de Clínicas e do Hospital Oswaldo Cruz, uma pessoa poderosa e com muitas influências. Segundo ele, o melhor seria virando para o repórter que você publicasse somente a nota, e o caso estaria encerrado. Como sou seu amigo, posso afirmar que esse lobby tem influência junto à direção da Folha de S.Paulo. Por quê? Ora, o Dr. Adib Jatene é médico do Frias de Oliveira que é o dono do jornal. Se você insistir muito nesse caso, poderá acabar perdendo o seu emprego. Estou dizendo isso porque sou seu amigo. Essa nota é uma entrevista do Presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Estou repetindo o que está no jornal. Levei esse problema para o Conselho, no processo em que eu fui condenado. Questionei o texto. Como é que o Presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo emite uma nota falsa sobre um processo dizendo que atendeu a uma pressão de um lobby de transplante que tem em São Paulo? A ética é um instrumento de moralidade ou é a ética é um instrumento de controle? Não sou transplantista, não mexo com isso, sou simplesmente um médico que vivi essa situação. No depoimento que ele fez eu trouxe o depoimento quanto às declarações do denunciado de que o depoente teria declarado que o CREMESP capitulou as pressões de lobbies de transplantes declara que jamais disse isso, que essas conclusões foram o jornalista Adauto Moreira que inclusive acabou sendo demitido da Folha em função desse incidente. Não falei que ele foi demitido. Ele, no jornal, anunciou que se você publicar, você vai ser demitido. E o cara perguntou: Como? Porque o Adib Jatene é o médico do Frias de Oliveira e você vai ser demitido se você publicar essa entrevista. Ele publicou. E ele mesmo está dizendo no processo que o repórter foi demitido depois dessa publicação. É assim que funciona a ética em São Paulo. Esse caso encontra-se agora na Justiça. O juiz já se manifestou, já deu uma sentença declarando que o que os médicos fizeram foi um crime doloso e isso vai para júri popular, mas a Justiça é cheia de recursos, cheia de artifícios. E o negócio vai e volta e recorre daqui e puxa de lá, a coisa anda, anda e nós já estamos com 18 anos aguardando o julgamento. Os órgãos eram retirados em Taubaté. Quando eu comecei a mexer com isso, a documentação que a universidade oficializou era de que tinha um convênio com a Universidade de São Paulo, porque estavam sensibilizadíssimos com a fila de transplante dos pobrezinhos do HC que não têm rim. A fila é bom para fazer esse tipo de embuste, porque isso é embuste. E que eles estavam sensibilizados para fornecer órgãos para o Hospital de Clínicas de São Paulo, porque tinham feito um convênio. E eu fui atrás desses convênios, eu não achei esses convênios. Quem era o cabeça desses convênios era o Dr. Emil Sabbaga. O repórter vai atrás e aí muita coisa eu descobri foi pela imprensa, porque o repórter foi atrás quando entrevistou o Dr. Vicente Amato, que era o Diretor do Hospital de Clínicas de São Paulo, que declarou na Folha: O Hospital de Clínicas de São Paulo é o maior pronto-socorro da América do Sul. Eu não preciso de rim de Taubaté. Então, Dr. Emil Sabbaga, para onde vão os rins? Aí se descobriu que os rins iam para a clínica privada dele, no Hospital Oswaldo Cruz. Ele deu uma entrevista no boletim do Hospital de Clínicas de São Paulo, dizendo que a clínica particular do Sírio-Libanês, do Hospital Oswaldo Cruz não tinham acesso ao doente do SUS e do Hospital de Clínicas. Então, eles precisavam criar uma rede de doação. Ele montou uma rede, ou ele cita uma rede chamada São Paulo Interior Transplantes, que coleta rins em São Paulo e até na Bahia para fornecer órgãos para clínica privada dele. O Dr. Emil Sabbaga foi Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, que promove transplantes e que está a frente dos transplantes. É um médico famoso, um médico conhecido, é um expoente da medicina de São Paulo. Quando essa história veio à tona, a Sociedade Brasileira de Nefrologia, num artigo assinado pelo Prof. Dr. Carlos Stabile Neto, no jornal da Associação Médica Brasileira, de fevereiro de 1989, ele disse que o interesse da Sociedade Brasileira de Nefrologia se justifica por vários motivos. Primeiro, havia associados dessa sociedade envolvidos com esse escândalo, segundo porque mexe com transplante, que é um programa deles. Ele fala que ele foi em Taubaté e teve acesso a toda a documentação dos casos. Então, ele teve acesso a isso aqui. Eles viram. São médicos e são técnicos. Disse o seguinte: Resta a nós, da Sociedade de Nefrologia, darmos nosso apoio aos colegas nefrologistas em questão e estimulá-los para que eles e outros tenham a coragem de correrem riscos dessa natureza. Eu não sou nefrologista, sou só um médico, mas eu me senti péssimo com a Sociedade de Nefrologia convocar que os médicos brasileiros tenham a coragem de matar doentes, tirando rins de pacientes que não está em morte cerebral para fornecer órgãos para a clínica privada do Presidente da Sociedade de Nefrologia. É essa a história. É essa a minha história. É essa a história que eu contei num livro, é essa a história que eu amargo o tempo todo, porque o mundo caiu na minha cabeça porque eu simplesmente vivi essa história. E eu estou tecendo essa história com as notas que eles escrevem, com as notas que eles publicam. É isso.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Dr. Kalume, nós agradecemos o seu depoimento. Tive a oportunidade de ler o livro que V.Sa. escreveu, em que com muita propriedade detalhou todo esse drama vivido. Nós sabemos que a história mais uma vez se repete. Mudam-se apenas os personagens da história. Novamente, alguém que identifica uma irregularidade no sistema de transplante, no procedimento de transplante, que caracteriza tráfico de órgãos, ao invés de ser recebido, ser apoiado, ser incentivado a continuar esse processo de depuração do procedimento de transplante no Brasil. Geralmente, eles tentam lhe cassar a palavra, cassar os direitos. No seu caso, eles cassaram o registro de medicina que V. Sa. alcançou com tanto trabalho e dedicação. Tenho orgulho de dizer que foi na Universidade Federal do meu Estado do Espírito Santo, a UFES, universidade que tem, com certeza, fornecido ao Brasil e contribuído para que tenhamos médicos competentes. Eu fico orgulhoso em saber que V.Sa. se formou na UFES, hoje a Universidade Federal do Estado do Espírito Santo, que é tão bem dirigida e coordenada pelo nosso amigo Rubinho. Tenho certeza de que está prestando um grande serviço ao Brasil, prestou um grande serviço ao Brasil. É uma pena. Nós lamentamos que os órgãos responsáveis, no caso o Ministério da Saúde, Ministério da Justiça... E aí queremos relembrar o que nós falamos em depoimento anterior: a condenação ou não de uma pessoa denunciada ou citada não quer dizer que ela não tenha cometido crime, até porque nós sabemos que os bons profissionais da Justiça do Brasil, da área da advocacia, conhecem os atalhos e os caminhos a serem percorridos por um processo para que ele nunca vá a julgamento e mantenha os acusados denunciados impunes. Nós sabemos que essa impunidade que ocorreu nesse caso de Taubaté permitiu que as irregularidades no Brasil, no sistema de transplantes, tomassem caminhos mais distantes, se enraizando pelo Estado de Minas Gerais, principalmente pelo sul de Minas e outros Estados do nosso Brasil. Inclusive um desses médicos indiciados nesse processo de Taubaté, Dr. Antônio Aurélio Monteiro de Carvalho, foi preso agora em 2001. Aí perguntam: Mas por que a CPI está investigando um caso que já tem 18 anos? Esse processo demorou 10 anos para ser concluído o inquérito. E a gente pergunta: Por quê? Porque a modalidade de tráfico de órgãos, de comércio de órgãos prescreve em 10 anos. Mas o crime doloso, não, é 20 anos. E nós tivemos ainda a felicidade de um promotor, chegando à cidade, tendo conhecimento do caso, levantar todo o caso novamente e oferecer novas denúncias para que esse caso não prescrevesse. Ele está parado no Tribunal de Justiça de São Paulo há anos. A Justiça local já indiciou e pediu julgamento por crime doloso, júri popular para esses médicos que até hoje não foram punidos, continuam exercendo a medicina com aval do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, com aval do Conselho Federal de Medicina do Brasil, que é a instância superior de todos os órgãos regionais. E um desses médicos foi preso novamente agora em 2001 na cidade de Franco da Rocha, também no Estado de São Paulo, cometendo os mesmos erros, retirando órgãos de pacientes sem a autorização da família e vendendo órgãos e cadáveres para as faculdades particulares. Já depôs na CPI sobre o caso de Franco da Rocha. Tomamos lá depoimento do delegado que apurou o caso e nos contou as atrocidades cometidas por aquele médico legista, diretor do Instituto Médico Legal, e as práticas criminosas cometidas por ele naquela cidade. Tráfico de órgãos no Brasil não é há pouco tempo que acontece. Há muitos anos já acontece. Só que todo o mundo se levantou para denunciar era tratado como louco. Foram criadas muitas histórias e lendas urbanas realmente para descaracterizar as denúncias verdadeiras que existiram sobre tráfico de órgãos e que já tomava conta dos hospitais do Brasil há anos. Nós, à frente desta Comissão Parlamentar de Inquérito, temos o compromisso com o nosso Brasil, com o nosso País, de apurarmos e esclarecermos todos esses crimes cometidos e aqueles que estão sendo cometidos ainda não foram alcançados pela CPI ou as denúncias ainda não chegaram à tona. Tenho aqui a reportagem da Folha de S.Paulo, datada de 29/11/1991: Polícia investiga tráfico de órgãos humanos entre o Brasil e o Uruguai. Há 13 anos a conexão existia entre o Brasil e Durban, na África, onde brasileiros eram levados para a África do Sul para retirada de órgãos para transplante. Já acontecia no Brasil, mas agora os uruguaios e os paraguaios sendo trazidos até São Paulo para terem os seus rins e seus órgãos também retirados. Esse caso com certeza foi abafado, e o processo deve ter sido arquivado ou esquecido em alguma gaveta das Promotorias e da Justiça do Brasil, até o dia de hoje, eu acredito ainda, sem uma resposta para a população brasileira. O Dr. Roosevelt foi bastante esclarecedor na sua explanação, mas algumas informações são importantes para nós e nós queremos ainda fazer algumas indagações ao senhor. Os convênios que o diretor do hospital, na época, afirmou que havia entre o hospital e a Universidade de São Paulo, o Hospital das Clínicas, então nunca foram encontrados?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Nunca existiram esses convênios. Isso aí foi um artifício que a Universidade de Taubaté arrumou para desviar a atenção. E eu fiquei atrás desses convênios, atrás, atrás, e a história veio à tona. Quando se tem um convênio com o Hospital de Clínicas e não aparece em Taubaté, vamos ver o convênio lá. Quando chegou lá, disse: Não, não existe convênio. Então, o Dr. Emil Sabagga que era o cabeça Cadê o convênio? Como é? disse: Não, não vai para o Hospital de Clínicas, vai para o hospital local.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - E esses médico que...

O SR. ROOSEVELT KALUME - E esses órgãos eram levados pela Polícia Rodoviária.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Eram levados?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Pela Polícia Rodoviária. Era quem levava os órgãos.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - E esses médicos recebiam alguma recompensa por destinar esses órgãos para São Paulo?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Olha, eu fui bloqueado, eu fiquei muito indignado na época e eu comecei a falar muito...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Vou pedir novamente para baixar um pouco o som, e o senhor fala mais próximo, porque fica melhor para nós.

O SR. ROOSEVELT KALUME - Eu fiquei muito indignado na época e eu comecei a ir atrás disso. E havia indícios de dinheiro na transação, mas eu fui bloqueado pela universidade para investigar isso. O máximo que eu consegui saber era que vinha um cheque para os médicos e vinha uma ordem de pagamento para a universidade. O reitor, num documento que fez na Câmara Municipal, disse que ele era ressarcido das despesas. Mas eu não sei quanto era esse valor, que ele era só ressarcido das despesas. Mas eu não sei. A propósito disso, eu encontrei num outro processo da universidade uma declaração de um dos médicos participantes da equipe, chamado Pedro Henrique Torrecilas: Declaro que para realização de um transplante renal hoje se fazem necessários 150 mil cruzados novos, inclusive os honorários médicos e hospitalares. Este valor é reajustado a cada 15 dias, segundo eu acho que é OH. Pedro Torrecilas, 05/01/1990. Essa é a declaração do próprio médico dizendo que era esse o valor de um transplante.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - E o hospital não era credenciado para fazer transplante na época.

O SR. ROOSEVELT KALUME - Não, não, na época não tinha nem lei de transplante, era feito tudo de qualquer jeito. Isso que me assustou. Quer dizer, o País mudou muito de moeda, e a gente fica meio perdido quanto valia o cruzeiro, o cruzado, o cruzado novo, o cruzeiro novo, nós passamos por uma fase... mas eu...

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Nós vamos ter que fazer uma outra CPI para descobrir os valores das moedas.

O SR. ROOSEVELT KALUME - Eu procurei verificar, eu fui ao Banco do Brasil e eu consegui a cotação do dólar em janeiro de 1990. O dólar é uma moeda estável e é uma referência de valor que a gente tem, ela é meio atemporal. Eu vejo a coisa assim. Então, se eu transformar 150 mil cruzados novos de 05/01/1990, com a tabela de janeiro de 1990, o dólar valia 13,735 dólares. Isso dá aproximadamente 11 mil dólares. É o preço de um transplante. O SUS agora faz transplantes e está pagando os transplantes, e eu até vi nos depoimentos anteriores umas discussões em torno de valores. E a tabela do SUS paga 10 mil e 998 reais num transplante de rim, as despesas médicas e hospitalares. Isso dá aproximadamente 3 mil e pouco, 3 e mil e 500, 3 mil e 600 dólares. Então, se a gente considerar que o SUS, na realidade, paga custos, a margem de lucro de quem trabalha no SUS é muito pouca, seria 3 mil e 600 dólares o custo operacional de um transplante. Então, se o médico estava cobrando 11 mil dólares por um transplante, existe uma diferença entre 11 mil e 3 mil e 4 mil dólares, existe uma diferença em torno de 7 mil dólares. Existe uma publicação, isso eu estou fazendo ilações. Houve um encontro mundial de transplantes no Canadá nessa época isso eu vi na literatura , e o espectro do comércio foi o que mais dominou a discussão do transplante. Eles acham que o transplante é um assunto tão escorregadio quanto o aborto. Não adianta ter uma lei dizendo para não fazer, porque ele continua sendo feito. E se a gente for atrás de um recibo de aborto para provar que o aborto existe, a gente não vai provar isso nunca, porque ninguém vai fazer aborto e provar com recibo: Eu recebi da senhora fulana de tal a importância tal pelo aborto que fiz nela. Ninguém vai fazer isso. Mas o fato de não existir recibo não quer dizer que não exista aborto. E eles fazem uma comparação do problema do aborto com o problema do transplante e acenam com uma certa discrição, porque o que se discute no Primeiro Mundo é copiado no Terceiro de uma maneira adaptada às situações locais. E no Terceiro Mundo, ele cita particularmente a Índia, onde um rim é vendido de 3 a 7 mil dólares. Se eu transplantar isso para a nossa realidade de Terceiro Mundo, 7 mil dólares é a diferença de preço entre o orçamento que o médico fez e o que o SUS paga. Tem comércio? Não sei. A propósito de comércio de órgãos eu estou antecipando as coisas, porque eu tenho horário para voltar, se não meu avião vai embora e eu fico aqui , e a gente ouve falar muito, ouve, ouve, ouve, e onde tem fumaça deve ter fogo, em 1985 um médico francês publicou nos Estados Unidos, numa revista chamada Transplantation Proceeding, um artigo em que ele sugere a proibição de transplantes entre pessoas vivas, exatamente por conta do comércio de órgãos que existe, do cadáver é mais difícil, entre pessoas vivas. E ele fica muito assustado com o que acontece no Brasil e publica uma página de O Globo intermediando a venda de órgãos. Vendo um rim, sigilo absoluto. Base: 3 milhões. Eu não sei qual é a moeda da época, que eu não fiz a ... Base: 3 milhões. Cartas para a portaria de O Globo número tal, Rio Branco, Centro. Doa-se uma córnea, mediante pagamento de 15 milhões. Carta para a portaria de O Globo, tal e tal. Sigilo absoluto. Base: 3 milhões. Vendo um rim, sigilo absoluto. Base: 3 milhões. Carta para O Globo. O próprio O Globo intermediando a venda. Doa-se córnea. Sigilo absoluto. Base... Vários anúncios condensados numa página de jornal. Foi denunciado nos Estados Unidos por um médico francês o que acontece no Brasil. Um dos jornais de maior circulação no Brasil está intermediando venda de órgãos e anunciando sigilo absoluto na transação. Vendo essa reportagem, fiquei assim com uma interrogação, porque vender um rim, o indivíduo vende, ele vive com outro. Agora, vender uma córnea é um negócio complicado, porque ele perde um olho. Ele vai vender um olho, ele vai ficar com aquela seqüela. Será que ele vai encontrar um médico que tire o olho dele para dar para o outro, para fazer isso? É um assunto tenebroso esse. Ou será que essas vendas anunciadas assim com tanta facilidade, será que não são feitas por pessoas que têm acesso a algum instituto médico legal, a algum centro de necropsia, a algum lugar onde ele tira o rim do cadáver e vende? É uma interrogação a ser feita, é uma questão a ser feita, porque na hora em que você põe um anúncio no jornal eu vendo o rim, eu vendo o olho por 15 milhões, não sei qual é a unidade monetária da época, mas o valor é esse... Se eu vendo um olho por 15 milhões, meu Deus, a que ponto a gente chegou. Isso me assusta muito, me assusta e deprime. Mas está aí, o jornal publicou e foi denunciado nos Estados Unidos por um médico francês o que acontece no Brasil. Tem comércio? É igual ao aborto. Tem aborto? Tem aborto no Brasil? A lei proíbe.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Dr. Roosevelt, seria bom que o senhor relatasse para a Comissão, até porque está sendo taquigrafado e gravado tudo, como o senhor descobriu essas irregularidades no hospital que o senhor era o diretor.

O SR. ROOSEVELT KALUME - Na realidade eu não era o diretor do hospital, eu era o diretor da faculdade e a faculdade tinha um hospital. A Faculdade de Taubaté era uma faculdade que pertencia a uma santa casa, era a Irmandade Misericórdia de Taubaté. E aí a santa casa, por um problema contábil, ela terminou entregando a faculdade para a universidade. Tinha uma universidade na cidade que não tinha faculdade de medicina, e a faculdade foi absorvida. E foi absorvida com uma situação contábil difícil, uma situação precária. Nós passamos por uns momentos extremamente difíceis para poder manter essa faculdade e manter esse hospital com todas as dificuldades que a rede pública tem com o problema de SUS. E na época era muito mais complicado. E a gente lutava com muita dificuldade. Um dia foi feito um transplante lá no hospital. Um transplante, mas um transplante feito de noite, feito às escondidas, feito de uma maneira improvisada. O paciente, quando terminou o transplante, não tinha onde ficar, terminou indo para um quarto de maternidade porque não tinha onde ficar. E isso tudo me chamou atenção. Há 2 hospitais em Taubaté, um hospital grande, que era o Hospital Santa Isabel, e esse hospital universitário. Como é uma cidade relativamente pequena, a gente termina sabendo de tudo que se passa no meio médico da cidade. E algum tempo atrás tinha havido uma informação de que no Hospital Santa Isabel um paciente teria tirado o rim para transplante e que depois de retirado o rim o paciente voltou para a UTI. E a família criou um problema lá porque se estava morto tinha que ir para o necrotério e não voltar para a UTI. Disso eu soube. E como os médicos que estavam fazendo o transplante no hospital universitário eram os mesmo envolvidos com essa história, eu prontamente associei. Eu disse: Aí tem coisa, eu vou atrás disso. E fui ao hospital e descobri que tinha realmente um programa de transplantes. A universidade tinha feito um acordo lá com o Hospital Santa Isabel para tirar rins lá, porque se eles tirassem no hospital universitário a gente já sabia. Então, uma coisa para fazer lá no outro hospital. Eles pagavam o hospital para tirar os rins lá. E eles assumiram em documentos toda a responsabilidade pela retirada dos órgãos. Eu era o diretor da faculdade. Então, administrativamente, eu tinha implicâncias com isso, eu tinha que responder alguma coisa sobre isso, eu tinha que representar isso de alguma forma e eu fiquei muito chocado porque eu não sabia disso. A diretora clínica do hospital universitário também não sabia, a chefe de enfermagem não sabia. Então, foi um acordo que foi feito entre um grupo de médicos e o reitor. Por que a administração oficial da faculdade não pode saber? E foi aí que eu terminei descobrindo isso. E quando eu perguntei à assessoria do CRM O que eu faço? O que está acontecendo aqui? Como é que eu me porto?, eles pediram a documentação. Quando eu fui atrás da documentação que eles pediram, foi que eu me deparei com essas arteriografias e vi que os doentes estavam tirando órgãos e que eles não estavam em morte cerebral, numa época em que a morte cerebral ainda não era legislada, não era autorizada para tirar órgãos aqui no Brasil. A Organização Mundial de Medicina tinha um protocolo de morte cerebral que dizia o seguinte, o texto começa assim: Nos países onde a lei permite, a morte cerebral deve ser feita... assim, assim, assim, assado e dava toda a orientação, que foi a orientação que o Conselho Federal de Medicina que pegou e, posteriormente, a lei, quando o Congresso votou a Lei de Transplantes aqui, votou essas determinações. Essas determinações já vêm da Organização Mundial de Medicina, é um assunto mais universal, e de todos esses... eu fui atrás disso, eu encontrei uma variação de opinião muito grande em relação ao conceito de morte cerebral e eu encontrei acho que uns 7 ou 8 protocolos, em cada hospital tinha um protocolo diferente, e de todos os protocolos de morte cerebral havia uma coisa comum: é que a morte cerebral o paciente não pode ter fluxo, esse fluxo tem de ser visto ou numa arteriografia ou uma cintilografia cerebral. Nós não dispomos de cintilografia, a maioria dos serviços usa é a arteriografia mesmo, a carotidoangiografia. Então, esse exame...... aqui mostra o fluxo. Eu fiquei muito assustado e também comecei a fazer indagações. O doente não morre porque tira rim na hora, ele morre depois, ele vai morrer um mês depois, ele vai morrer algum tempo depois, ele vai entrar em insuficiência renal, ele não vai ser dialisado, ele vai morrer, mas se o paciente tem um fluxo cerebral preservado, ele está em coma, mas ele não está morto, e eu tiro o rim e ele não morre, e como é que o paciente morre? O que acontece que o paciente morre? Acaba de tirar o rim e ele morre? E essa foi uma dúvida que eu fiquei algum tempo até que as enfermeiras que circulavam no centro cirúrgico começaram a informar, inclusive agora elas já estão até na televisão dizendo isso, que no final das cirurgias o médico desligava a artéria e deixava o doente sangrando. E o Conselho Regional de Medicina achou isso muito natural. Essa informação da ligadura das artérias está na televisão, a Rede Bandeirantes, há uns 15 ou 20 dias atrás, fez uma reportagem sobre esse assunto, e as enfermeiras fizeram esse depoimento de cara, mostraram o rosto na televisão e falaram isso. Esse assunto circulava no hospital, desde a época a gente ouvia falar, mas agora tem uma pessoa que chega e diz: Eu vi fazer isso. Estou repetindo o que a televisão está mostrando, eu gravei isso. Isso para fornecer rins para o ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia. E com essa história toda, veja o seguinte, eu às vezes falo do Conselho Regional, eu falo das instituições, eu tenho muito respeito pelas instituições, eu tenho muito respeito pelo Conselho Regional, pelos conselhos de ética, pelas associações médicas. Tem um jornalista chamado Jânio de Freitas, em São Paulo, ele uma vez escreveu um artigo e disse uma frase que essa frase eu fiquei com ela: quem leva as instituições a desvios são seus dirigentes. Então, quando eu falo do Conselho Regional de Medicina de São Paulo não estou falando da instituição, estou falando das pessoas que se escondem atrás do Conselho para fazer as coisas em função do cargo que elas estão exercendo. Tem um conselheiro no Conselho Regional de Medicina de São Paulo chamado Luís Menezes Filho. No dia que eu fui processado, veja o seguinte: no dia que eu fui processado pelo Conselho por infração ao art. 19, o revisor e o relator me deram ganho de causa, eu ganhei o processo, porque não tinha por que ser desse jeito, mas o Plenário se organizou e virou. Então, isso foi uma decisão de Plenário, não foi uma decisão de processo. Tanto é que em recurso isso foi cassado. Mas tem um conselheiro, esse conselheiro que eu falei o nome, Luís Menezes Filho, voto pela pena e que é a cassação do meu diploma pela gravidade dos fatos ocorridos e retratados nos autos desse plenário pelo denunciado que é isso que eu estou contando para vocês , ocasionando desdobramento que compromete a imagem da profissão da medicina perante a sociedade, tornando-o indigno de prosseguir entre seus pares. Eu sou um indigno de prosseguir entre os pares, esse Conselheiro Luís Menezes Filho. Outro Conselheiro chamado Antônio Pereira Filho disse que eu tinha que ser punido para eu sentir o que era uma punição do CRM e me puniu com a mesma punição que ele propôs para os médicos que fizeram o que fizeram. Não é o Conselho de Ética que eu acho que está errado. O Conselho de Ética, ele é levado a desvios por um problema de comportamento dos seus representantes e dos seus dirigentes. Então, quando o Presidente do Conselho Regional de Medicina diz que muda a ordem processual para atender, ordem processual não digo, muda as informações oficiais dos processos para atender a um lobby de transplante, não é o Conselho, é o Dr. Buzzoni. Eu acho que eu... eu não estou hesitando em citar nomes, porque eu acho que a gente tem que responder pelo que faz, não tem que se esconder atrás de Conselho, atrás de Comissão, atrás de sociedade para fazer as coisas que eu quero em nome da sociedade. Não. Eu sou o Kalume e estou dando a minha cara a tapa, estou dizendo as coisas que eu vivi, que eu escrevi e assinei meu nome. Eu acho que todos têm que ter essa postura. O que vai dar? Não sei. Estou há 18 anos esperando para ver o que que dá.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Temos preocupações com fatos como esse, até porque a gente, lamentavelmente, tem percebido que alguns processos que tratam sobre o mesmo assunto em outras cidades e Estados do Brasil têm recebido tratamento às vezes semelhante. Às vezes é feito um trabalho, como foi feito pelo delegado, mas depois os processos acabam sendo guardados ou esquecidos dentro das gavetas daqueles que deveriam levar o processo adiante no Brasil. O Deputado Pastor Frankembergen quer fazer alguma consideração?

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Dr. Kalume, eu quero dizer que estou chocado diante dessas declarações, não tinha conhecimento mais aprofundado desse caso, estamos tomando conhecimento basicamente agora e eu gostaria, Sr. Presidente, antes de fazer algumas indagações ao depoente, de chamar a atenção desta CPI, mais uma vez, porque em determinados depoimentos alguns Parlamentares se ausentam e não podemos dizer que estamos em recesso, é claro, chegamos de um recesso parlamentar, mas até boa parte da manhã tínhamos aqui pelo menos 5 Parlamentares e, agora, na parte da tarde eu creio que é um depoimento um tanto contundente diante dos fatos esclarecidos aqui deveríamos ter os outros membros da CPI, para que pudéssemos aqui debater, dialogar com mais clareza, para que no futuro não venha se dizer que houve direcionamento com relação a esta CPI. Mas eu pergunto ao nobre médico: o programa de retirada de órgãos, ele era controlado pela universidade, esse programa que foi...?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Era.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Era controlado pela universidade?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Há, inclusive, um documento da universidade, assinado por um médico chamado Varela, Carlos Varela, em que ele assume responsabilidade civil, legal, financeira das retiradas de órgãos pela universidade.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Como que era o nome do reitor da universidade na época?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Walter Taumaturgo Júnior.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Walter Taumaturgo Júnior. Foi feito um processo pelo Conselho Regional de Medicina, a polícia também chegou a fazer algum inquérito policial?

O SR. ROOSEVELT KALUME - O processo foi feito no Conselho Regional de Medicina a partir da consulta que fiz. Na consulta que fiz, pedi à assessoria, citei três médicos. O Conselho abriu um processo contra onze médicos...

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Esse médicos trabalhavam no hospital da universidade?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Os três que eram sob minha coordenação administrativa, minha função administrativa.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - O senhor poderia dizer o nome dos três médicos?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Eu disse que quem fazia isso era um médico chamado Rui Noronha Sacramento e Dr. Pedro Henrique Torrecilas. E eles faziam isso porque o Dr. José Carlos Natrele de Almeida permitia, o Dr. José Carlos de Almeida era administrador do hospital. Então eu digo, você só faz porque o outro permite.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Com certeza.

O SR. ROOSEVELT KALUME - Foram os três nomes que citei. Aí o CRM abriu um processo contra onze médicos. Nesse rol dos onze médicos é que entra o Mariano e o Aurélio. O Mariano, por acaso, também era professor da faculdade, então, estaria sobre a minha abrangência administrativa digamos assim.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Ou seja, essas cirurgias que estavam sendo realizadas em nenhum momento chegou ao seu conhecimento, ou chegaram a lhe comunicar?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Não, não.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - O senhor que descobriu?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Não, não, depois eu descobri. Foi uma história comprida, a gente vai, vai descobre e quando o CRM abriu este processo eu fui atrás das coisas, a imprensa começou a explorar muito e me informei de muita coisa através do jornal. Quando eu fui chamado para depor no processo do CREMESP, que eu vi que eu constava como denunciante de onze médicos, eu não concordei. Eu disse: olha, se vocês tivessem feito um processo contra os três médicos que eu citei, apesar de eu não ter feito uma denúncia no sentido formal de uma denúncia, eu trouxe um problema para vocês, eu assumo isso e vou assumir até o final. Agora, eu assumi o papel de denunciante de onze médicos, alguns que eu nem conheço, Dr. Emil Sabagga não conhecia, tem um médico de Pinda que eu não conheço, os médicos que eu não conhecia, eu não aceitei e eu fiz um documento dizendo que eu contestava isso. Aí o Conselho decidiu que o processo ia ser tocado ad referendum do Conselho e que eles eram os denunciantes. Então, no processo passei a constar como uma testemunha, eu não arrolei testemunha, eu não constitui advogado, simplesmente peguei a documentação entreguei, está aí. O que sei é isso. Eu não vi os doentes, não tive contato com os familiares, eu vi a documentação, eu vi as arteriografias. Eu entreguei, não tenho mais que dizer mais nada.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - O senhor tem uma idéia de quantos pacientes, quantas vítimas foram?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Lá, que foram levados, foram levados para o CRM cinco casos, mas a Polícia arrolou quatro, que um não tem nada escrito no prontuário.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Esses cinco casos é com relação a transplante de quê? De rins?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Transplante de rins. Tem uns aspectos assim que até hoje eu não tive resposta. Nesses casos que foram, o CRM, a peritagem concluiu o seguinte: dois pacientes, decididamente, não estão em morte cerebral, dois pacientes eu tenho dúvida e um quinto paciente não dá para dizer nada, porque não tem nada escrito, está tudo em branco, então não dá para peritar porque não tem nenhuma informação. Eu me reportei para o Conselho, como é que eu devo encarar um paciente que você tem dúvida se ele está morto? Ele está morto ou ele está vivo? Nunca tive essa resposta. E outra coisa também, na minha documentação, isso criou-se uma celeuma muito grande, porque eu usei a expressão eutanásia. Eutanásia como a morte produzida por um ato médico, não a morte no conceito etimológico, a eutanásia você abrevia, porque está com pena do doente. É uma morte solidária, uma morte de compaixão. Se eu tirar o aspecto sentimental e analisar o ato produzido, eutanásia é morte produzida por um médico.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - É legal?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Não, ela não é legal, ainda hoje ela não é legal. E eu usei a expressão eutanásia, até porque a eutanásia em sendo um termo médico, na hora de discutir com o médico eu me sinto mais à vontade com a terminologia médica. Eu fui muito contestado no Conselho, que não é eutanásia, e as notas oficiais não foi constatado eutanásia. E eu me reportei ao Conselho várias vezes. Como é nome que dou à retirada de órgãos de paciente que não está em morte cerebral? Nunca tive essa resposta.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Qual é a sua especialidade?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Eu faço cirurgia, cirurgia torácica. Qual o nome que eu dou? Não estou nem entrando na discussão do mérito da morte cerebral, até onde morte cerebral é morte, até onde essa retirada de órgãos está intrincada com problema de eutanásia...., complicado. A morte cerebral é um assunto que merecia uma discussão mais ampla da sociedade. O povo devia saber o que é isso. Doação é um ato de um enorme desprendimento. A doação de órgãos é um ato de muita abnegação, de muita coragem. A mídia está dizendo, um ato de amor. Eu não acho que seja ato de amor, porque amor é uma coisa dirigida, não é um ato de amor, é um ato de desprendimento, um ato de abnegação, um ato de profundo respeito. Um ato que você tem que ter absoluta informação do que você está fazendo e do que você está passando. É um ato onde não tem lugar para engodo, não tem lugar para mentira, não tem lugar para desvio, não tem. Eu acho doação, eu nunca tive oportunidade assim de abordar esse assunto, até porque eu me restrinjo, a imprensa fala, deturpa, e daqui a pouco o povo esquece, não sei se esse é o fórum adequado, mas morte cerebral, doação de órgãos, tem que ter um enfoque diferente do enfoque que se dá na imprensa. É um ato de muito respeito, de muita abnegação, de muita seriedade, muita. Na hora que você decide que você vai dar o órgão do seu filho, ou da sua esposa, ou de uma pessoa muito querida, você tem que estar muito seguro do que está fazendo e muito informado de tudo que está fazendo. Você não pode doar, confiando simplesmente no médico, depois descobre que o médico é malandro, que faz sacanagem e aí já é tarde. Então na hora que você...... toda vez que eu abordo este assunto, vem a confusão de que a política de transplante tem que ser preservada. Aí todos os médicos se levantam para defender a política de transplante, porque eu deixei os coitadinhos que estão na fila morrendo. Não vejo nenhum médico se levantar para defender a criancinha que está morrendo com fome, porque não tem comida, ou porque está morrendo de verminose. Não vejo nenhum médico se levantar para defender a mulher que morreu porque fez um aborto, ou porque não conseguiu pagar numa clínica decente, não estou discutindo o mérito do aborto. Quer dizer, os assuntos polêmicos da medicina, não vejo os médicos defenderem isso, mas quando você fala em transplante, esse é um assunto sacro, é um dogma. Não pode falar nada porque tem a política de transplante, porque a fila dos necessitados. Tudo bem gente, tem isso tudo, mas tem outras implicações que eu acho que têm que ser amplamente discutidas pela sociedade em todos os níveis. Num nível de informação muito aberto. Você vai definir o que é morte cerebral, defina. A pessoa tem que saber o que é morte cerebral, não é assim o que dizem também. Isso merece uma discussão muito ampla. No momento em que a gente tiver certeza de que os órgãos que controlam os transplantes forem sérios e idôneos o suficiente para apreciar os desvios e punir exemplarmente os desvios, aí a comunidade vai ter mais segurança de doação. Eu estou doando, agora se tiver desvio, esse desvio vai ser punido. Não, eu estou doando, eu não posso abordar o desvio. Eu vou punir quem está mostrando o desvio, simplesmente porque tem uma política que tem que ser preservada. Será que é válido isso? Eu sei que corro o risco de estar dando esse depoimento aqui. Eu corro muito risco perante os meus pares, perante os conselhos de ética, eu sei que estou correndo risco, mas não abdico dessa idéia. Eu não trabalho com transplante, estou falando como cidadão. Seja informado e tenha segurança de que você está fazendo uma coisa séria com pessoas sérias.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Somente para concluir, o senhor pode ser até conciso na sua resposta. O Dr. Emil Sabagga, ele era dono de uma clínica, de uma rede que recebia os órgãos. Eu pergunto: essa rede ainda continua, ela ainda existe?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Não sei.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - O senhor não sabe dizer?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Isso eu não sei, porque o que vivi foi a experiência de Taubaté, como lhe falei, eu não milito nessa área, não mexo com transplante, eu estou relatando uma experiência que eu vivi em Taubaté com esses casos que eu relatei.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - O senhor também não tem nenhuma informação se essa rede recebia, ou se ela tinha algum controle, ou seja, com relação a esses órgãos, se eram pagos?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Não sei. No depoimento do Dr. Torrecilas, esse médico que fez esse orçamento aí no CRM, ele disse que ele pessoalmente forneceu para o Dr. Sabagga o número da conta do hospital para ele fazer as transferências, não sei o valor disso. A gente tem informações assim esparsas sobre essa parte contábil, mas eu não tive acesso e eu fui bloqueado de investigar isso.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - O senhor chegou a comentar, eu estava ao telefone na hora aqui, não consegui entender, sobre um cheque para os médicos e outro para a universidade. Eu não entendi no momento, esse cheque vinha de onde?

O SR. ROOSEVELT KALUME - Não sei. Houve uma discussão entre eles, inclusive está na capa do meu livro, houve uma discussão entre eles por causa de um cheque. O cheque do rim, o último foi seu, esse é o meu, não esse é o meu, não esse é o seu. Houve uma discussão, até aí ninguém sabia o que era que eles estavam discutindo, mas eles brigaram por causa desse cheque. E quanto eu fui atrás da história, aí o contador me falou que tinha uma ordem de pagamento, que não vinha cheque, vinha uma ordem de pagamento. O reitor declarou, na Câmara tem um documento do reitor, que ele é ressarcido das despesas, mas eu não tenho esses valores. Eu tenho informações assim .... o comércio de órgãos, no caso de Taubaté, nunca foi investigado. Não foi investigado pela Polícia, não foi investigado pela Justiça, nem foi investigado pelo CRM, apesar de o CRM declarar, não foi constatado o comércio de órgãos, eles não investigaram isso. Porque eu acho que tem uma maneira de se investigar comércio, é cruzando contas bancárias, quebrando sigilo bancário, isso nunca foi feito. Não sei se existiu realmente, a gente tem indícios disso que eu mostrei para vocês, é um cara fazendo o orçamento, o outro dizendo que recebeu daqui, o outro recebeu, mas não sei os valores, e isso não constituiu o cerne do problema de Taubaté. O cerne do problema de Taubaté é a retirada de órgão de paciente que não está em morte cerebral. E o receptor dos órgãos é o Presidente da Sociedade de Nefrologia, o ex-presidente.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Que a gente entende que eles não fariam um esforço desse e correriam um risco tão grande para doar os órgãos...

O SR. ROOSEVELT KALUME - se tivesse o cara lá de São Paulo não ia ter esse programa não. Sem dúvida. Eles iam tirar rim para mandar para onde? Para tirar por tirar? Não ia.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - Satisfeito, só gostaria que se fosse possível requerer a contabilidade desse órgão, ou seja, dessa clínica, dessa rede na época, não sei se, porque isso aconteceu em 86, talvez não exista mais, até mesmo porque a própria lei diz que você tem que guardar essa documentação até 5 anos, ou seja, para comprovação à Receita Federal, mas...

O SR. ROOSEVELT KALUME - Mas o comércio não foi o toque principal de lá não, porque isso foi abafado, isso não foi para a frente.

O SR. DEPUTADO PASTOR FRANKEMBERGEN - E, com certeza, se há algum ato ilícito nessa negociação, certamente não está registrado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Agradecemos ao Dr. Kalume pela presença. O fato novo, nesse episódio, é que pela primeira vez as enfermeiras falaram publicamente sobre o assunto. Eu também assisti a matéria da Rede Bandeirante, onde elas disseram, agora, depois de tanto tempo, que haviam avisado aos médicos dos procedimentos de transplantes: doutor, o paciente está gemendo, ele está com dor, ele está vivo. E o médico acabava de fazer o transplante e deixava ele sangrando até morrer. Então um fato novo, pela primeira vez as enfermeiras falaram. De repente, se na época elas tivessem falado, talvez os rumos da investigação teriam sido outro. Mas é um fato novo, e o crime ainda não prescreveu. Vamos tomar o depoimento do promotor Dr. Marcelo Negrini, que vai nos falar sobre os andamentos desse processo na esfera judicial. Agradecemos ao Dr. Roosevelt Kalume, parabenizamos o senhor pela coragem, pela sensibilidade, por esse ato de solidariedade que o senhor teve em trazer esse assunto à tona naquela época. Sabemos que tem enfrentado e sofrido as conseqüências até o dia de hoje, mas em momento algum se calou, se omitiu e deixou de falar a verdade. E, com certeza, assim como no seu caso, o caso de Poços de Caldas, denunciado também pelo Paulo Pavesi, foi criticado por muitos, chamado de louco, foi elemento importante para a mudança da legislação brasileira sobre transplante, que é uma legislação boa, mas que pode ser acrescida de alguns instrumentos mais eficazes e mais contundentes para facilitar o transplante, dar mais agilidade ao sistema e evitar irregularidade dentro do programa de transplante no Brasil, que acreditamos que pode ser melhorado. Muitas vidas que hoje estão sendo ceifadas pela falta de transplante poderiam estar entre seus familiares, caso em todas as centrais e hospitais onde houvesse credenciamento, as equipes médicas trabalhassem com a mesma responsabilidade e propósito para a qual foram credenciadas. Muito obrigado, Dr. Roosevelt Kalume, pelo depoimento, pelas informações prestadas e pela sua participação aqui nesta Comissão Parlamentar de Inquérito. Deus abençoe o senhor no retorno a Taubaté e abençoe também a sua família. Muito obrigado.

O SR. ROOSEVELT KALUME - Só vou fazer uma pequena correção. Não foi ato de coragem, nem foi ato de nada não. Foi medo. O que me levou a procurar o Conselho foi medo, quando eu vi o que acontecia. Não sou herói não sou nada. Eu tive medo.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Mas teve força suficiente para manter...

O SR. ROOSEVELT KALUME - Uma vez no fogo, você vai até o fim.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - É verdade. Obrigado, Dr. Kalume.