Assim como violaram o sigilo bancário de um caseiro, passando o extrato para que o então Ministro Palocci pudesse ameaça-lo ou desqualificá-lo, o Supremo utiliza os mesmos métodos, só que para salvá-lo. Libera a um jornalista qualquer a informação antecipada de que não aceitarão a denúncia contra Palocci. O brasileiro ficará indignado e mastigará isso por algumas semanas. Quando a decisão sair não pegará ninguém de surpresa e não causará revoltas maiores, pois todos os idiotas brasileiros já haviam se acostumado com a idéia. As frases "O Brasil é assim mesmo", ou ainda "peixe grande ninguém pesca" serão ouvidos neste dia, mas sem nenhum furor. Sem ódio. Com total apatia.
Funciona como notícia de morte. Alguém lhe diz que o paciente não está nada bem. Diz que as chances são remotas. Diz
Palocci tornou-se Ministro da Fazendo com um saco de processos nas costas. Para comandar a pasta, os processos foram todos arquivados, sem nenhuma explicação. Tudo parece ter sido um imenso engano. No Brasil é assim... Peixe grande ninguém pesca.
A Revista Veja de 5 de abril de 2006, edição 1950 revela o seguinte:
O presidente Lula consumou, na terça-feira passada, a mais significativa troca de comando em um ministério desde o início do governo. Depois de uma semana tentando esconder sua participação na operação de violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa, Antonio Palocci não resistiu à revelação dos fatos e foi demitido. Lula perdeu seu ministro da Fazenda, a quem chamou de "irmão" na cerimônia de transmissão do cargo, agora ocupado pelo economista Guido Mantega. Palocci começou a ser apeado de seu posto na tarde do dia anterior, quando o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, depôs na Polícia Federal e confessou ter dado uma ordem para acessar as contas que Francenildo tem no banco. Mattoso revelou ainda ter entregado pessoalmente o extrato do caseiro a Palocci, mas em momento algum disse que a ordem de violação tinha partido do ministro.
Muito bem! Houve a quebra de sigilo e o documento foi servido a Palocci. Ponto. Mas agora, o STF está dizendo que não há provas, até porque, tudo corre com a proteção do próprio supremo que determinou sigilo no processo. Um cidadão comum, nesta vasta e escancarada democracia não tem permissão para acessar as acusações e depoimentos que constam ali.
De uma hora para outra, o supremo invalida tudo, oculta tudo e não explica o fundamental:
1. Se estão absolvendo os acusados, quem deverá responder pela quebra do sigilo que como sabemos aconteceu?2. Se não foi Palocci que se beneficiou disso ao receber o extrato em mãos, quem foi o beneficiado e qual a finalidade utilizada?
Se o julgamento fosse de um assassinato, e os réus fossem absolvidos, o que o Supremo faria? Diria que o assassinado não morreu?
Cabe ao brasileiro de bem, questionar no supremo quem são os violadores do sigilo e a quem serviu esta violação. Se o Supremo absolve os réus confessos, é porque deve saber quem são os verdadeiros culpados. Se não conseguirem explicar, poderiam ao menos revelar quando levaram nesta absolvição, pois que se venderam já sabemos. Basta agora colocar o preço.
Na democracia brasileira alguém pode ser condenado a toque de caixa, a vários anos de prisão por roubar um pote de manteiga para matar a fome. E nesta mesma democracia, um marginal como Palocci, após muitos e muitos anos, não será sequer molestado pela justiça. A quebra de sigilo e violação dos dados pessoais de um correntista estão liberados a partir de hoje. Roubar pote de mantega definitivamente não!
E ai de quem duvidar. Tem Ministros cheios de capangas!
É impressionante como o Brasil está repleto de canalhas por todos os lados, em todas as esferas e principalmente em todos os poderes.
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