Desembargadores comprados

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Médicos estão acima da lei?

Do blog Dois em Cena



Qual a lógica?

Dizem que no Brasil não existe tráfico de órgãos. Médicos são profissionais de gabarito e conduta ilibada. No Brasil existem duas categorias que não se pode mexer. Médicos é uma delas. O corporativismo é gritante. E a outra é a dos advogados.

Frequentemente um ou outro membro destas categorias estão nos noticiários em uma publicidade, digamos, nada agradável. Mas assim como são expostos, também são protegidos. Alguns não conseguem manter a proteção porque a opinião pública é forte demais e o corporativismo se vê obrigado a abrir mão. Foi o caso de Eugenio Chipkevitch, condenado a 124 anos de prisão. Se a imprensa não tivesse batido forte, seria absolvido sem maiores problemas e os acusadores passariam a ser os verdadeiros bandidos.

Há alguns anos, um renomado médico carioca foi preso após ser denunciado por fazer inúmeros abortos. Os noticiários mostraram o caso, mas logo em seguida, toda a mídia se calou. Ele era renomado e o aborto no Brasil só é ilegal no papel. A sociedade tolera este tipo de crime, afinal, e justamente esta sociedade que precisa fazer aborto.

No mesmo Rio de Janeiro, outro médico foi flagrado pela câmara de um hospital no momento em que passava por uma jovem na escada do hospital que estava em trabalho de parto. Nas imagens podemos ver que o médico passa por cima da jovem com um certo sentimento de nojo, enquanto ela implorava ajuda. No dia seguinte, foi condecorado por políticos cariocas do Rio. O caso e o nome do médico sumiram, bem como o vídeo que estava postado no YouTube. Provavelmente, o abortista e o omisso estão livres, trabalhando naturalmente, fazendo aborto e saltando degraus de mulheres em parto. O corporativismo permite isso.

Para finalizar, mais um caso. Vou descrever aqui o que vem pela frente. Um grupo de pacientes sairão em apoio ao médico. As instituições CRM e CFM farão notas em apoio ao médico garantindo que ele não seria capaz de uma coisa dessas. E se não houver vídeos mostrando o abuso, e se as acusações se mantiverem apenas em testemunhos, o médico será inocentado rapidamente e seu nome será limpo como neve.

Ao mesmo tempo, a sociedade aceita abortista e traficantes de órgãos sem nenhum problema, pois como disse, são os consumidores diretos destes marginais. No Brasil, todos querem acabar com os narcotraficantes, mas ninguem quer deixar de fumar maconha e cheirar cocaina. É assim a sociedade brasileira. A sociedade não aceita abusos sexuais, mas abortista e traficantes de órgãos são sempre glorificados.

Querem uma política limpa, mas Sarney, Calheiros, Collor e Lula se reelejem sem maiores dificuldades. Isto deveria ser tema de estudo. Por que o brasileiro se subjulga tão fácil e vende a preço de bananas princípios fundamentais tão caros?

Agora, vamos ao show!! Amplo direito de defesa, os melhores advogados, todos os tipos de recursos, enfim. Vai depender mesmo é da forma como a mídia atuar.

Vale a pena ter um preview do que está por vir:



LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo

A fotógrafa Monika Bartkevitch, 43, afirmou ontem ter sido agarrada e beijada pelo médico Roger Abdelmassih, 65, quando estava em tratamento há nove anos. Ela é a primeira mulher a contar sua história sem exigir anonimato.

Segundo Monika, o episódio contribuiu para o fim do seu casamento. "Estou falando não apenas por mim, mas por todas as mulheres que passaram por isso, para que se sintam encorajadas a denunciar", diz.

Monika ainda não depôs na polícia --pretende fazê-lo na próxima semana. Até ontem, 35 mulheres procuraram o Ministério Público do Estado de São Paulo dizendo-se vítimas de abusos praticados por Abdelmassih, dono da maior clínica de fertilidade do país. O médico nega todas as acusações. Leia abaixo a entrevista:

FOLHA - Por que você foi à clínica?
MONIKA BARTKEVITCH - Eu estava casada havia oito anos e o meu marido era vasectomizado. Ele tinha dois filhos de um outro casamento. Eu tinha um filho também de outra união. Queríamos uma filha e, na fertilização, poderíamos escolher o sexo. Fomos à clínica de Abdelmassih e fechamos um pacote de três inseminações. Já no primeiro dia, achei muito estranho o jeito do dr. Roger me abordar, de se despedir, e isso na frente do meu ex-marido.

FOLHA - O que aconteceu?
MONIKA - No segundo dia, fui sozinha fazer alguns exames. Na saída, o dr. Roger me deu um selinho na boca. Fiquei passada, não sabia o que fazer. Em casa, contei ao meu marido, que não acreditou. Ele disse: "A gente tem muito dinheiro lá [na clínica] e tem um objetivo, que é ter uma filha. Você é descolada, saberá se virar bem". Fui à clínica pela terceira vez. Quando o dr. Roger veio me cumprimentar, estiquei a mão. Disse que não tinha gostado da atitude dele, que estava na clínica para uma coisa sagrada, que é ter um filho. Ele me pediu desculpas, disse que eu era uma pessoa envolvente.

FOLHA - Não houve mais nada?
MONIKA - No dia em que eu fui retirar os óvulos, acordei com o dr. Roger ao meu lado, parado, com a cara em cima da minha, me olhando. Estava voltando da sedação, levei um susto e gritei. Ele se assustou, pediu calma e beijou a minha mão. Chamou um funcionário e me ofereceu um suco de maracujá. Depois, contei isso para o meu marido, que não viu nada de anormal. Três dias depois, voltei para a inseminação. Estava num quarto, de avental. O dr. Roger entrou, me pegou no colo na frente de uma enfermeira e me levou ao centro cirúrgico.

FOLHA - No colo?
MONIKA - Ele me carregou como se eu fosse um bebê. Uma funcionária ofereceu uma maca, mas ele recusou dizendo que eu era especial. Depois da inseminação, de novo, na frente das enfermeiras, ele me pegou no colo e me levou até o quarto. Pediu à enfermeira que saísse. Daí, ficou completamente alterado. Disse que era louco por mim, lambia a minha cara inteira. Eu gritava, mas ele tapava a minha boca. Ficou tentando me beijar, passava a mão por todo o meu corpo. Ele jogou o corpo para cima de mim. Eu dava socos, empurrões, gritava. Comecei a lutar, acho que isso durou uns 15 minutos, não sei, pareceu uma eternidade.

FOLHA - Como terminou?
MONIKA - Continuei gritando e ele se afastou. Briguei com a enfermeira que entrou no quarto, porque ela era mulher e sabia o que havia acontecido. Quando meu marido entrou no quarto, também não conseguia olhar para a cara dele. Porque já tinha contado o que havia acontecido, desde o começo dizia que o médico me tratava de forma estranha, que havia me beijado, e ele não acreditou. Quando saí de lá, o dr. Roger quis falar comigo, pediu que eu voltasse em três dias para saber se tinha dado certo a inseminação. Entrei em depressão, fiquei três dias fechada no meu quarto. Quando voltei à clínica, vi que não tinha engravidado. Eu estava no chão. Meu casamento acabou menos de dois meses depois.

FOLHA - Você tentou denunciar o médico à época?
MONIKA - Procurei uma equipe de TV, queria usar um microfone escondido, queria denunciá-lo, mas não deu certo. Depois, essa história me machucou muito. Separei-me do meu marido e ainda tinha de enfrentar familiares e amigos que perguntavam se eu havia dado abertura. Isso quase me deixou louca. Eu me perguntava, será que fiz algo errado? Mas agora, com todas essas mulheres falando, vi que não estava só.

FOLHA - Por que seu marido não acreditou em você?
MONIKA - Ele é do meio médico, não quis denunciar, não quis acreditar, não quis se comprometer, me deixou completamente sozinha.

Outro lado

O advogado do médico Roger Abdelmassih, Adriano Vanni, afirmou ontem considerar "fantasiosa" a história contada pela fotógrafa Monika Bartkevitch à Folha.

"Acho muito estranho uma mulher passar por tudo isso e não ter denunciado à época. Ela disse que isso aconteceu há nove anos? Então, por que não procurou a polícia? Por que não procurou o CRM [Conselho Regional de Medicina]? Bom, ela conta que o marido não a deixou denunciar, mas ela se livrou do marido, que era o obstáculo para qualquer denúncia, dois meses depois. O que a impediu, então, de denunciar o médico?", questiona o advogado Vanni.

O advogado diz que Abdelmassih nunca carregou pacientes no colo nem as molestou. Para ele, é um absurdo lançar suspeitas como essas sobre um profissional sério e muito respeitado. "O dr. Roger nunca fica sozinho com a paciente, esse não é um procedimento adotado na clínica. Ele está sempre acompanhado por uma enfermeira. Repito, o que ela contou é fantasioso", afirmou.

O advogado reclama não ter acesso à íntegra dos depoimentos nem aos nomes das mulheres que acusaram Abdelmassih à polícia e ao Ministério Público. "Sem saber quem o acusa, ou do que ele é acusado, é impossível fazer a defesa. A gente nem sabe se essas mulheres são efetivamente ex-pacientes dele. Após termos acesso integral ao inquérito policial, o dr. Roger poderá esclarecer, uma a uma, todas as acusações. Ele vai provar a sua inocência."

Nesta semana, Vanni pediu novamente à Justiça acesso ao inquérito que tramita na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher de São Paulo. O advogado afirma que não sabe a "verdadeira motivação" das mulheres que denunciaram Abdelmassih.

"É importante lembrar que, há um ano e meio, o dr. Roger foi vítima de uma campanha difamatória via internet. Já pedimos a abertura de uma investigação na Polícia Civil para apurar isso. Qual era o objetivo? Nós ainda não sabemos", afirma Vanni. Ele se refere a um blog que trazia denúncias contra Abdelmassih postadas com nomes falsos e que foi tirado da rede a pedido do médico.

Na primeira e única entrevista que concedeu à Folha sobre o assunto, há cerca de dois meses, Abdelmassih afirmou ser vítima de uma armação da concorrência. O especialista, que é referência na área de reprodução assistida, fez em sua clínica um terço de todos os bebês de proveta do país.

Em nota da assessoria, Abdelmassih disse negar com veemência todas as acusações e informou que até o momento não foi ouvido no inquérito policial.

Ainda segundo a assessoria, a clínica de Abdelmassih funciona normalmente e completa, neste ano, 20 anos de atividade, tendo atendido mais de 20 mil casais em busca de filhos.

Campanha difamatória. Sim, agora trata-se de uma campanha difamatória contra um médico que faz mulheres dar a luz sem ter esta possibilidade natural. Um homem tão bom, tão justo, tão seério. Por que afinal tantas pessoas resolveram denunciá-lo?

Talvez as mulheres tenham aberto uma clínica concorrente e queiram derrubá-lo numa briga comercial, ou quem sabe estão a procura de notoriedade?

Se você não leu com atenção, destaco o seguinte parágrafo da entrevista com a fotógrafa:

FOLHA - Por que seu marido não acreditou em você?
MONIKA - Ele é do meio médico, não quis denunciar, não quis acreditar, não quis se comprometer, me deixou completamente sozinha.

Entenderam? Meio médico! Não quis denunciar o colega. Pode abusar da mulher dele se for médico. Não quis se "comprometer". Isso significa em alto e bom tom corporativismo

O que o advogado não pensou é que estas mulheres sofreram e ainda sofrem todos os dias um sentimento terrível de terem sido abusadas e se sentirem impotentes diante disso. Por sorte, elas aos poucos estão fazendo valer os seus direitos e denunciando. Ainda que demore 100 anos, denunciar é preciso. Sempre.

Um comentário:

Stenio Guilherme Vernasque da Silva disse...

amigo...
O CFM sempre será conivente.
Ao mesmo tempo que ele serve ao médico somente como entidade coorporativista.
Tenho registro há 13 anos.
Além do boleto bancário anual a ser pago , para poder trabalhar, o CRM, CFM nunca fez nada por mim e por ninguém.
E este coorporativismo é nocivo ao bom profuissional, aquele que se diferencia , não somente pela qualidade técnica, mas principalmente pela confiança que ele possa gerar.
Enfim, estamos cercados de maus profissionais em todas as áreas, mas a Medicina não aceita desaforos nem distorções, e muitas vidas são ceifadas por isso:
1- seja por incompetencia técnica
2- seja por crimes mesmo (como nestes casos que vc enumera), a Medicina está cheia de criminosos comuns, apenas com um "carimbo" mais poderoso.
3- pelo péssimo gerenciamento da saúde pública , que é essencial num todo, para o bom andamento da saúde. Mesmo que pensemos não depender do SUS. No seu exemplo, a canalhice, sociopatia, ganância, cobraram de vc uma conta que o SUS comprou para si, desde 1990 , quando da promulgação da Lei 8080 (cria o SUS) pelo então presidente Fernando Collor de Mello.
à partir deste dia, o precedente foi aberto e o falso paternalismo (só assopra as feridas reais), de matar em nome da economia e corrupção.
Afinal, quanta gente morre pela insuficiência do sistema público, não do profissional????
Muito mais quew se pensa.
A questão dos transplantes sempre será controversa em qquer local do mundo, exatamente pela existencia de sociopatas inescrupulosos, e pessoas doentes desperadas pagando para ter um órgão para viver.
Ser´pa fácil esperar ética em quem luta para viver????
Deveria ser sim , mas não é a regra.
Quanto ao Abdelmassih, este é um homem com transtorno antissocial associado ao trantorno sexual.
vamos nos falando!
Quero expor a opnião médica não coorporativista.
Exemplifico: Aqui na minha cidade, só sou amigo de um unico médico por ser formado comigo.
Coorporativismo e outros coletivismo para mim são sempre aberrações.