Desembargadores comprados

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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Tráfico de órgãos: tá na cara!


Uma dúzia de vagabundos. É esta a composição da cúpula da máfia. Uma dúzia de vagabundos no Ministério Público, uma dúzia de vagabundos nos hospitais, uma dúzia de vagabundos na Polícia Federal. O problema é que estas dúzias são formadas por pessoas que possuem influência e poder. De dúzia em dúzia, a máfia insiste (e precisa mesmo insistir) na tese de que tráfico de órgãos não existe. Que tudo não passa de lenda urbana. Juram de pés juntos.

Os vagabundos não só matam doadores, como também aqueles que se metem a denunciá-los. Foi assim com o administrador da Santa Casa de Poços de Caldas (suicidado com 3 tiros), e só não foi comigo porque deixei o país. E tudo isso para que a máfia continue fazendo alguns milhões de dólares ao ano, usando informações falsas e enganando a população que mais necessita deste serviço: os que estão na fila.

Os vagabundos dizem que é impossível furar a fila. Que o sistema é rigoroso e as punições também.

Entendeu?

Mas veja o que está nesta reportagem, se desejar, clicando aqui. O título não deixa dúvidas.

"Gaúchos colocam órgãos à venda pela internet"

Se existe oferta é porque existe a procura. Logo, os anuncios não foram publicados a toa. Os vagabundos dizem que anúncios não significam nada. Até hoje no Brasil, apesar de ser crime anunciar publicamente a venda dos próprios órgãos, não há ninguém cumprindo pena por isso. Os vagabundos podem dizer que isso não existe, mas está nos jornais. Anunciar é crime. Mas no Brasil não pega nada.

Para entender, vejamos um pouco da história recente dos transplantes.

A lei de doação presumida de órgãos teve como relator, coincidentemente, o chefe da quadrilha de traficantes de órgãos de Poços de Caldas, Carlos Mosconi. Em 2000, quando meu filho foi assassinado pelo grupo de Mosconi, somente era possível realizar transplantes entre vivos quando os envolvidos eram conjuges ou parentes de até 4o. grau.

Quando o caso Paulinho veio à tona, a lei de doação presumida caiu. Ficou evidente o propósito criminoso desta lei, ainda mais tendo como relator um chefe de quadrilha de traficantes de órgãos. Graças a esta lei de doação presumida, muitos brasileiros tiveram seus órgãos retirados sem qualquer autorização da família, muitas vezes sem a mínima comunicação do fato aos familiares, sem o mínimo cuidado com o potencial doador e principalmente, sem a comprovação da morte encefálica. Tudo distorcidamente coberto pela lei. Grande parte destes órgãos nunca chegaram a fila pois eram desviados antes para clínicas particulares. E por isso, quando esta lei foi derrubada, tornou-se necessário criar uma nova forma para se obter órgãos e viabilizar o tráfico dos mesmos.

Logo, a saída encontrada foi o fim da exigência de parentesco entre doador e receptor para transplantes entre vivos. A partir de lei editada por José Serra (amigo íntimo e pessoal de Mosconi), qualquer um poderia, a partir de então, doar para qualquer outro a pretexto de "amor".

Sim!!! Amor.

Eu dou meu rim para um desconhecido que nunca vi, por amor! E todo mundo acredita.

Estas mudanças só aconteceram por causa da morte do meu filho, e por este motivo, estou asilado na Itália. Atrapalhei o negócio de algumas dúzias de vagabundos. Para comprovar isso tudo, basta verificar a data em que o caso veio à tona (novembro de 2000) e as edições das leis que estou citando. As modificações ocorreram em março quando tiveram início os inquéritos.

Agora que já estamos situados no tempo e no espaço, e conhecemos alguns dos vagabundos, volto a reportagem do link acima destacando este trecho que também comprova o que estou dizendo:
No Brasil, quem precisa de transplante deve esperar em uma fila controlada pelo Ministério da Saúde. Para evitar qualquer tipo de comércio, a lei brasileira diz que a doação entre vivos só poderá ser feita entre marido e mulher, parentes de sangue até quarto grau ou por qualquer outra pessoa mediante uma autorização judicial.

Desembargador do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado e integrante da Associação Rio-Grandense de Bioética, Alexandre Mussoi Moreira explica que qualquer comercialização de órgãos ou tecidos do corpo humano é crime previsto em lei, e as penas variam de dois a oito anos de prisão. Para despistar esse controle, os comerciantes de seus próprios órgãos dizem ter a solução: afirmam que podem se apresentar como parentes distantes ou amigos íntimos da família.

Reparem como são primários os erros dos mafiosos. Se o Brasil fosse um país sério, muitas dúzias de vagabundos estariam na cadeia.

A lei diz que "que a doação entre vivos só poderá ser feita entre marido e mulher, parentes de sangue até quarto grau ou por qualquer outra pessoa mediante uma autorização judicial".

Sejamos inteligentes. A brilhante parte inserida na lei elimina as opções anteriores. Ou seja, se "qualquer outra pessoa mediante autorização judicial" pode doar, porque então citar "entre marido e mulher, parentes de sangue até quarto grau"?

Todos podem!

Depois, mas abaixo, o que todo mundo sabe mas finge não saber. Você pode vender seus órgãos sem nenhum problema. Basta dizer que é um "parente distante ou amigos íntimos da família", e o tribunal não vai recusar, até porque, quem fiscaliza isso é o Ministério Público que me persegue há 7 anos, justamente por ter denunciado tudo isso!

Um pequeno detalhe

A máfia escreve certo por linhas tortas, ou seja, são eles mesmos que elaboram as leis de transplantes que poderiam deixá-los em maus lençóis. Veja isto:

No tráfico de drogas, o consumidor (que usa a droga) - se for pego - não será punido. O viciado é considerado um doente. Assim sendo, ele pode denunciar onde comprou, de quem comprou e até quem produziu a droga, sem responder criminalmente pelo fato.

Já no tráfico de órgãos, o consumidor (que compra um órgão) - se for pego - pode supostamente ser punido. Assim sendo, se ele denunciar onde comprou, de quem comprou e quem fez a cirurgia, poderá amargar alguns anos - ainda que salvo pelo rim comprado - na cadeia. O doente, neste caso, é considerado um viciado.

Hai capito?

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