O lobby transplantista brasileiro a que me refiro e que tambem foi citado na CPI do Trafico de Orgaos, nao é fraco. A noticia sobre o desejo de medicos britanicos em legalizar a venda, ja esta sendo usada no Brasil como porta de entrada para a discussao. Uma discussao desonesta, diga-se de passagem.
Nesta semana foram varias reportagens afirmando terem triplicado os transplantes em diversas partes do Brasil, ao mesmo tempo em que outras materias dizem que faltam orgaos. Como triplicar transplantes sem orgaos? Simples: basta transplantar fora da fila. Os orgaos nao sao contabilizados e assim é possivel bater recordes. Se nao for este o caso, seria interessante que alguem explicasse a milagrosa multiplicaçao dos orgaos.
Ja o jornal O Estado de Sao Paulo publicou 3 reportagens sobre o assunto.
A reportagem "Brasileiros venderam rins a rede do trafico" fala sobre os lucros dos traficantes. Algo em torno de 4 milhoes de dolares. A reportagem cita tambem que até brasileiros menores de idade venderam rins. O texto revela o que as autoridades escondem ha muitos anos.
No Brasil, foram processadas sete pessoas por venderem seus orgaos. Todos foram absolvidos. A juiza, na sentença, declarou que eles ja haviam pago a pena por restarem sem um de seus orgaos. E eu pergunto: Para que serve a lei? Se vender um rim ja é uma puniçao, devemos enterrar a lei!
O que nao foi dito abertamente até hoje, é que nao foram somente 7 os vendedores e sim 109, entre eles, até menores de idade. Por que entao somente 7 foram levados a justiça e sumariamente absolvidos? A resposta é simples. A justiça devia, naquele momento, mostrar que nao estava indiferente, embora estivesse. Sendo assim, fizeram um processo com 7 dos que venderam seus rins e os absolveram em seguida. Os outros 102 sequer foram incomodados. A justiça, usando este teatrinho, fez a sociedade imaginar que o Brasil tratava o assunto com seriedade.
Mas o que considero mais interessante, e grave, é o que vem a seguir. A reportagem traz o seguinte texto:
Seis mil dólares pelo rim de um brasileiro. Foi o que um grupo de traficantes internacionais pagou a mais de cem brasileiros para venderem seus rins. Os órgãos eram então transportados até a África do Sul e de lá revendidos especialmente para pacientes de Israel, por até US$ 120 mil, 20 vezes mais do que os brasileiros recebiam. O esquema, que no Brasil foi desarticulado pela Polícia Federal na Operação Bisturi, em 2003, rendeu aos traficantes e ao hospital mais de US$ 4 milhões. A empresa que promovia o esquema já foi condenada a pagar mais de US$ 1 milhão em multas diante de um tribunal na África do Sul.
Este pequeno texto desmente transplantistas e revela algo preocupante, mas ignorado pelas autoridades brasileiras que sao intimamente ligadas ao lobby. Dos 109 que venderam seus rins para os traficantes da Africa do Sul, alguns foram levados para la, onde fizeram as retiradas. Segundo outra reportagem do Estadao, eles recebiam um cartao de credito para os gastos pessoais, ficavam em hoteis e recebiam US$ 6 mil.
No entanto, nem todos foram para Dubai. Alguns tiveram seus orgaos retirados aqui e depois remetidos ao destinatario. Ou seja, equipes medicas, hospitais e clinicas estao envolvidos neste processo. Os orgaos foram retirados por pessoas especializadas e que sabiam bem o que estavam fazendo. Em outras palavras, transplantistas!
Por isso os transplantistas, quando falam no caso de Recife, sempre ressaltam que o trafico era feito na Africa e nao no Brasil! Mas com o texto do Estadao, que diz ter tido acesso ao processo, percebe-se que o trafico era feito aqui sim! E mais. Os exames realizados para fins de compatibilidade de tecidos, tambem eram feitos aqui, e estes exames sao feitos pelo SUS em laboratorios supostamente credenciados como determina a lei. Se o SUS nao tem estes registros, significa que ha laboratorios clandestinos fazendo tais exames, assim como fizeram o exame com os orgaos do meu filho. E isso revela outra situaçao: Para que existem laboratorios clandestinos para a realizaçao de exames de compatibilidade? A resposta tambem é simples: Por que no Brasil ha uma rede de trafico de orgaos a pleno vapor, onde os exames nao devem ser obviamente realizados em rede publica!
Como exemplo, cito mais uma vez o caso Paulinho. Tais exames foram realizados por um laboratorio chamado LABORPOCOS que nao era credenciado para tais procedimentos. Este laboratorio tinha como proprietario o senhor Jose Wurtemberg Manso, ex-prefeito de Alfenas. Para ilustrar um pouco a historia, Manso perdeu o mandato de prefeito apos ser flagrado distribuindo dinheiro a vereadores (mensalinho).
Abaixo documento expedido pela Santa Casa que prova que o Laboratorio realizava os exames sem possuir o credenciamento, e até hoje, nunca foram processados. Como dizia o capitao Nascimento do tropa de elite. JAMAIS SERAO!
E a questao é bastante simples. A minha luta é bastante clara. Nao podemos acreditar que um sistema de transplantes tenha tantas irregularidades e tantas pessoas sem carater a ponto de se discutir a venda de orgaos. Se hoje, com uma lei vigente, os crimes acontecem a luz do dia sob a proteçao de autoridades e da justiça, imaginem o que sera quando legalizarem isso!
Ha uma quadrilha por tras deste esquema, com um alto poder de fogo. A bandidagem esta usando mascaras cirurgicas e asinhas de anjo para arrecadar, ilegalmente e muitas vezes custando a vida de outros, alguns milhoes de reais.
Por tudo isso reafirmo: O trafico de orgaos com o assassinato de pacientes em leitos publicos de UTIs é uma realidade brasileira, conhecida inclusive por autoridades e pela justiça. A conivencia com esta pratica faz com que a impunidade seja a garantia a medicos e politicos, que sao os mafiosos que comandam esta mafia.
E a cada dia, as informaçoes revelam que tenho denunciado a verdade, nada mais que a verdade. E por isso estou asilado na Italia. Nao ha hoje, nenhuma pessoa que tenha coragem para enfrentar esta mafia. Ou se cala, ou se vende. A segunda opçao é a que me parece mais evidente.
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