Este é um post especial para lembrar que 15 anos se passaram e o caso da Máfia dos órgãos continua sendo arrastado pelo próprio judiciário e Ministério Público. E como sempre faço, vou demonstrar isso mais uma vez.
Enquanto escrevo o livro, pesquisando pela internet, encontrei o caso Bernardo que ficou nacionalmente conhecido. Bernardo foi assassinado em 4 de abril de 2014. Os suspeitos foram presos e permanecerm presos até hoje. O caso deve ir a julgamento ainda neste ano de 2015 e a imprensa considera que há "manobras para atrasar o juri". Segundo a revista Veja, o juiz determinou em despacho que qualquer atraso no andamento do processo será responsabilidade da defesa.
Em frente a casa onde vivia Bernardo, algumas pessoas acenderam 12 velas representando os meses passados desde a morte do garoto. Também fazem vigilia e manifestações em favor de Bernardo. Delegados e promotores dão entrevistas acusando abertamente os suspeitos. A imprensa dedica páginas e páginas com destaque ao caso.
E o caso Pavesi? Qual a diferença?
Paulinho foi assassinado em 19 de abril de 2000, portanto estará fazendo 15 anos em poucos dias. Não há vigilia, não há comoção, não há cobranças. Delegados e promotores não se pronunciam sobre o caso, e se negam a dar entrevistas. Foram 8 vítimas no total sendo que alguns casos foram arquivados e outros sequer temos notícia. Todos eles não possuíam as provas de morte encefálica.
A imprensa noticia o caso Pavesi em pequenas notas, ou escondidas em páginas regionais para que ninguém tenha conhecimento. O juiz determinou a publicação da sentença (conforme preve a lei) para que todos pudessem tomar conhecimento dos fatos e agora corre o risco de ser transferido de comarca como punição. Isto comprova que a justiça mineira não quer que a sociedade tome conhecimento dos fatos! Eles querem que tudo corra em sigilo absoluto. Por que?
Se alguém fosse acender velas pelos meses passados, seriam 180 velas e não 12 como no caso Bernardo. Por Paulinho não há vigilias, orações ou manifestações. Todos tem medo pois estamos falando de um máfia que já exterminou 8 pessoas e 2 testemunhas. Se fossemos acender velas por todas as vítimas da máfia seriam 1800 velas.
Recentemente o julgamento foi adiado mais uma vez por uma alegação falsa da defesa que o tribunal aceitou como verdadeira. Segundo a defesa eu não poderia participar do julgamento via tele conferencia usando meu computador pessoal. O problema é que eu não participaria! Não há nenhum documento no processo que demonstre isso.
As manobras da defesa não incomodam a sociedade, aquela mesma sociedade impaciente com os 12 meses da morte de Bernardo. A imprensa também não se incomoda com a demora no caso Pavesi. O caso já dura mais que a própria vida do Paulinho.
Mas o que mais chama a atenção é o fato de que os suspeitos no caso do Paulinho que já possuem condenações em 1a e 2a instância provavelmente devem deixar o presídio em poucos dias. No total ficaram presos pouco mais de 1 mês. Um deles fugiu, entregando-se somente quando o habeas corpus para soltá-lo já estava assinado. Os assassinos continuaram trabalhando no local do crime por vários anos, ameaçando e intimidando aqueles que poderiam ser testemunhas, destruindo e forjando provas. Tudo com a benção da justiça.
No caso Bernardo todos os envolvidos estão presos desde o início do caso!
O Brasil é assim! A população se indigna por 20 centavos, mas não por alguns bilhões.
Nunca eu poderia imaginar um dia vivenciar uma história como a do Paulinho. Uma CPI Federal, pedido de asilo na Itália, condenações, assassinatos de testemunhas, julgamento adiados sem explicações e o silêncio das autoridades (que considero conivência). Nada disso foi capaz de dar ao caso uma visibilidade maior que tanto merecia. Nada disso comoveu a imprensa ou até mesmo os brasileiros. Ou comoveu, mas alguém mandou calar. E todos obedeceram. Máfia poderosa!
O TJMG (Tribunal de jagunços de Minas Gerais) tem sido um fator importante para a impunidade no caso da Máfia do tráfico de órgãos. Eu posso apostar que nunca, em nenhum outro caso no Brasil, os réus tiveram tantos benefícios quanto estes do caso Pavesi. Só na justiça federal, foram mais de 5 anos de tramitação para decidir se o caso deveria ser julgado na esfera federal ou estadual! 5 anos para decidir a esfera?
São recursos absurdos, alegações das mais estúpidas possíveis, e todas são analisadas por incansáveis meses pelos tribunais.
A estratégia é levar o caso a julgamento em 2 anos para que o principal acusado escape pela idade. O tribunal em conluio com a defesa busca a prescrição. E parece que vão conseguir.
Soube que a defesa imprimiu várias páginas deste blog e levou para os julgadores, desembargadores e membros do tribunal. Parece que não aprendem!!! Os textos que imprimiram, eu mesmo enviei ao tribunal. Nem precisavam disso! Sempre fiz isto. Quem diz a verdade não deve temer, caros canalhas.
Esta união dos defensores com os tribunais já não é mais suspeita. É escancarada.
VIVA PAULINHO! Você mostrou a hipocrisia deste país de merda, de uma justiça de merda, de uma imprensa de merda. Você é maior que tudo isto!
6 comentários:
Continue com o blog Paulo!!!!! Abç
Alguns canalhas passaram o feriado da semana santa na cadeia, inclusive o médico japonês. Ele disse que não fez o laudo porque era 6a-feira santa!
Fiquei sabendo que a Comissão dos direitos humanos de Minas apoiou o juiz que condenou os assassinos de Paulinho e teve a coragem de citar o Mosconi. Você sabe alguma coisa sobre isso?
Não acredito em nenhuma instituição desse paisinho de merda chamado Brasil, muito menos nos lixos do Poder judiciário e Ministério Público, os grandes responsáveis pela velório sem fim desta terra de canalhas.
Só uma dica: o que já não prestava (CNJ), agora, graças às ações articuladas das associações dos "honestos" juízes brasileiros, enterraram de vez numa cova comum. Passe bem Conselho Nacional de Jagunços!
Concordo! País de merda! Desde quando soube do caso do seu filho, ha uns sete anos ou mais...pela internet, pelo seu blog e por acaso - claro! Pois como já foi falado a imprensa NUNCA explorou esse assunto e esse caso da forma que merecia e merece. Desde então não sou doadora de órgãos e a família de meu marido mudou de opinião e também não é mais, em virtude de tudo isso! Todos na família já saem, se for ao hospital é pra falar que não é doador! Aqui nesse país nada é sério, eu não vou brincar com minha vida. Amiga próxima minha, do RJ, não teve como tirar certidão de óbito do pai - não sei como anda o caso- que faleceu - do nada - na em um lugar do nordeste, na companhia de um casal que tinha conhecido na hora. Foram passear só os três, segundo esse casal ele caiu morto na praia. Esse casal desconhecido - ninguém anotou os dados... o acompanhou até o hospital e o procedimento no IML. Quando o corpo chegou ao RJ, qual a surpresa...nenhum órgão! Apenas PALHA dentro do cadáver...isso foi ano passado...O Brasil é ridículo!
Pois é Ana, e ainda dizem que isto tudo é lenda urbana. Há um comércio em pleno vapor com a conivência do Estado. O tráfico de órgãos é uma realidade.
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