Em reta final de campanha, os brasileiros estao discutindo o valor da vida. Ou melhor, o fato de a vida nao valer nada em terras brasileiras. Enquanto uns acusam Dilma de ser favoravel ao aborto, como ela ja mesma disse publicamente, outros tentam impedir que se venha a tona o fato de Jose Serra abrigar uma quadrilha de traficantes de orgaos.
Em outras palavras, abortar nao pode, mas matar para traficar nao tem qualquer problema.
Fica dificil determinar um valor, ainda que moral, da vida de um brasileiro. Hoje, posso dizer sem ter medo de errar, que nao vale nada. Sao 50 mil mortos todos os anos que ninguem esta preocupado. Sao pessoas de todas as religioes, raça, sexo e idade, espalhados por todos os estados brasileiros. Crianças desaparecem aos montes, e nao ha uma so açao concreta do estado brasileiro para mudar isso.
Mas para aqueles que so conseguem enxergar quando se fala em Reais, ai vai um exemplo.
A irmã de uma das vítimas do acidente, o do voo 1907 da Gol, em 2006, conseguiu aumentar a indenização que tinha para receber. Segundo a coluna, Valesca Rangel D'Oliveira, irmã de Charlie D'Oliveira, tinha obtido R$ 30 mil no Tribunal de Justiça do Rio. O advogado dela, João Tancredo, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça, que aumentou o valor para R$ 190 mil.A vida de Charlie valia 30 mil. Com um pouquinho de choro, chega a valer 190 mil. Por outro lado, vejamos um processo curioso.
O jornalista esportivo Fernando Vanucci, hoje na Rede TV!, contou à Folha que recebeu na semana passada parte de uma indenização relativa a um processo movido por ele contra a Globo na época em que saiu da emissora, em 1999. Segundo Vanucci, após ter aparecido comendo uma bolacha no ar, a emissora o tirou da programação. O processo veio na sequência. "Um dia recebi uma notificação de que deveria pagar uma multa contratual por conta da infração. Não aguentei e saí da Globo", continuou. Ele diz que o valor da indenização ficou na casa dos R$ 2 milhões. "É minha aposentadoria", brincou.
Vanucci nao perdeu ninguem. Ninguem morreu. Ele apenas foi pego comendo um pacote de bolacha ao vivo, e conseguiu obgter na justiça - a mesma que tabelou Charlie em 30mil - a bolada de R$ 2 milhoes.
Em outras palavras, a discusso sobre aborto e trafico de orgaos è perda de tempo. Um pacote de bolacha fora da hora, pode valer muito mais que algumas vidas. Acho que agora da para ter uma ideia real do valor da vida de um brasileiro. E é muito menos, que um pacote de bolacha.
E a abortista e o traficante de orgaos continuam afirmando que valorizam a vida.
Um comentário:
Quando percebemos que a vida tem um fim, e que a morte é só uma transição, procuramos (ou devíamos procurar) viver da melhor forma possível, tratando os outros como achamos que deveríamos ser tratados. Essa é o princípio de tudo: trate os outros como acha que deveria ser tratado. Se você se ama, se auto respeita, não deixa que os outros se aproveitem de você, conseqüentemente você tratará bem o próximo, independente de sua classe social ou cor.
Ao morrer deixamos tudo pra trás, porém nossos atos e suas conseqüências perduram durante gerações: atos humanos, de bondade, são usados como exemplos de valor à vida e ao próximo.
Atos funestos, perversos, também podem ser utilizados também por pessoas que possuem caráter similar, que acham que a vida é uma eterna disputa de poder e que o acúmulo de capital, independente da forma de aquisição, é o fundamento da vida.
Um dia Paulo, tenho certeza, você estará de frente com o Zé. Ou pior, o Zé estará de frente para o Paulinho, e ele perceberá que tudo o que fez e deixou de fazer não houve proveito, ninguém se beneficiou, e utilizou a sua inteligência só para beneficiar uma minoria sem alma, limitada pela ambição e pela falta de caráter.
Aí virá aquela frase: "Ah se eu soubesse...". E quando surge essa frase, invariavelmente a pessoa já está fud***....
Esse é o sentido da vida: quando percebemos que a vida tem um fim, e a morte é um fato inevitável, escolhemos como sair dela: com vergonha, ou com dignidade.
Abração Paulo!
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