Desembargadores comprados

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segunda-feira, 14 de março de 2016

A má fé abençoada

Ao deixar o governo, Lula apresentava o índice de aprovação de 83% dos brasileiros. Hoje, sabemos que a suas atitudes estavam longe da boa fé. É possível fazer tudo o que ele diz ter feito, sem ter que roubar os cofres públicos.

Mas este texto não é sobre Lula. É sobre doação de órgãos.

Um site chamado Refutações, publicou um texto sobre os "mitos da doação de órgãos" e como vocês que acompanham o blog já sabem, de mito não há nada. Exceto a fila de espera que é na verdade o maior mito dos transplantes de órgãos. Acreditar na fila de espera é colocar uma tampa no próprio túmulo. As doações existem e para um país corrupto como o Brasil, elas não são poucas. Elas são na verdade desviadas das filas para atender o mercado paralelo.


Desviar órgãos da fila para vender já é motivo de escândalo. Mas não é só isto que acontece. Há muitos anos, médicos transplantistas descobriram o óbvio: O Brasil não é um país que seja conhecido por fiscalização. E fiscal rico é o que não falta. Então, enxergaram que desligando pessoas em coma, poderiam resolver diversos problemas: "Salvar" outras vidas e liberar leitos de UTI. Bingo! O número de pessoas que morrem em UTI no Brasil são alarmantes, mas não tem fiscalização. Logo, nos parece normal que pessoas em UTI morram. Mas não é! 

A falta de fiscalização acarretou casos como o do Rio de Janeiro onde um enfermeiro matou mais de 300 pessoas consideradas por ele, terminais. Também em Curitiba, num hospital evangélico, em que uma médica matou mais de 1200 pacientes com a mesma desculpa.

Voltemos ao site Refutações. 

O texto que pode ser lido na íntegra clicando aqui, tem a pretensão de nos convencer que no Brasil, o transplante é algo limpo e transparente. Para tanto, é preciso transformar algumas verdades em supostos mitos. Assina o texto uma tal de Elizielly Martins, formada em uma faculdade de Minas (não sabemos qual). Vejamos onde a moça pretende chegar:
Eu (Elizielly Martins) conduzi e participei de um projeto de conscientização social sobre doação de órgão e transplantes em um hospital geral do município de Muriaé, realizado juntamente com a equipe de psicologia do CIHDOTT. Neste projeto eram realizadas rodas de conversa nos leitos com os pacientes e acompanhantes. O objetivo foi passar informações e tirar dúvidas que rodeiam o tema e saber a perspectiva daquela comunidade no que diz respeito à doação de órgão e transplantes. Neste contexto tive contato com algumas razões que podem levar os familiares a recusar a doação no momento da entrevista. No que segue, consideramos algumas delas.
Eu não entendi bem este trecho. Ela conversava com pacientes e familiares que estavam internados? Como você aborda alguém no leito para convencê-lo a doar órgãos? 

- Ei... sabe como é. Você está aqui neste leito e é hora de falar sobre a doação dos seus órgãos?

A mocinha segue em suas conclusões, resultados de suas pesquisas:
Alguns dos participantes tinham dúvidas frequentes relacionadas à morte encefálica. Dúvidas, por exemplo, quanto à veracidade do diagnóstico, já que o resto do corpo ainda funciona mesmo com a morte das atividades cerebrais. Devido a isto, alguns ainda relatavam ter esperança de que o ente querido voltasse à vida. Acreditavam também que o atestado de óbito poderia ser dado mesmo antes da morte, com intuito de retirarem os órgãos para a venda ilegal. Sobre a veracidade da morte encefálica, a legislação assegura que o diagnóstico de morte encefálica deve ser realizado por dois médicos e a família tem o direito de acompanhar diretamente todo processo do diagnóstico. Sobre o tráfico de órgãos, a legislação assegura que, além da família ter o direito de acompanhar o diagnóstico de morte encefálica, os dois médicos responsáveis pelo diagnóstico não podem fazer parte da CIHDOTT. Por outras palavras, os médicos não fazem parte da equipe responsável pela retirada dos órgãos. O procedimento, portanto, envolve garantias suficientes para que não nos preocupemos demasiadamente com os problemas apontados acima.
Preocupações com a morte encefálica ou o tráfico de órgãos não devem nos levar a recusar a doação. Seja como for, para diminuir a insegurança é importante que se tenha mais informação sobre os procedimentos e que todo o processo de doações e transplantes seja realizado em instituições preparadas e sérias.

Seguindo a lógica desta mocinha, existem leis para o controle de licitações públicas, e também leis que proíbem a prática de furtos, roubos e homicídio. Então por que devemos nos preocupar com isso?

Preocupações com a morte encefálica e tráfico de órgãos não devem nos levar a recusar a doação???

Pessoal, esta máfia perdeu a noção da realidade. Vocês que acompanham este caso, estão vendo o quanto é difícil lutar contra esta máfia. Estou asilado, o juiz precisou deixar a cidade, os médicos estão soltos, julgamentos são frequentemente adiados, a tal legislação não serve para merda nenhuma. Até porque, ela foi escrita pela própria máfia.

Você se lembra que todos os brasileiros eram doadores, e você precisava mudar seus documentos caso não desejasse doar? O redator desta lei é o chefe da máfia que matou meu filho. 

Cansamos de ver no Brasil que a má fé é abençoada. A coisa errada é comemorada como certa. A impunidade brinda a safadeza.

Não é o caso de ser contra a doação de órgãos. É o caso de ser a favor de acabar com estas máfias para que as doações sejam de fato a salvação de muitas vidas e não um comércio maldito e desenfreado, protegido por autoridades que levam uma fatia dos lucros.

É possível fazer tudo certo, sem ter que vender ou matar pessoas. Basta que o controle esteja na mão de gente honesta - que definitivamente não é o caso.

Doar órgãos no Brasil é sinônimo de risco, falcatrua, desonestidade. Você não está salvando quem precisa. Você está permitindo que seu ente querido seja vendido aos pedaços.

Chega de falar em mito diante de tanta realidade. 
Só alguém de muita má fé é capaz de tapar o sol com a peneira.


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