Desembargadores comprados

Desembargadores comprados

domingo, 31 de maio de 2015

Quero ser grande, ainda que seja mentindo.

O Brasil tem um sério problema de complexo de inferioridade. Nossos governos não fazem a lição de casa e o resultado é o atraso e a falta de progresso de uma nação que tem tudo para ser a primeira do mundo. Uma pena que sobre corrupção.

Para superar os problemas usam a mentira pois, sabem que a maioria de nós nunca vai verificar se é verdade ou não. Acostumamos a acreditar só naquilo que o Jornal Nacional fala. O resto é como se não existisse. Com a internet ficou mais fácil. Qualquer notícia e aparece alguém dizendo que é um boato e pronto. Mas quando interessa, não importa a fonte, todos juram que é verdade.

O Ministério da Saúde vem dizendo há vários anos que o Brasil tem o maior programa de transplantes do mundo. Será? 


O gráfico acima foi publicado pelo Economist, cuja fonte foi o Global Observatory on Donation and Transplantation referente a dados de 2013. O Brasil aparece em 16a posição atrás de países como Iran (onde você pode comprar um rim com a ajuda do governo) e Turquia. Mas acreditamos que somos os primeiros! 

Uma explicação seria que boa parte dos transplantes no Brasil podem estar sendo realizados por debaixo dos panos, no mercado paralelo, e não podem ser contabilizados pela Global.

Mais interessante ainda é saber que países como a Itália não possuem um marketing agressivo como é o brasileiro para a doação de órgãos. As pessoas decidem doar sem pressão ou chantagens emocionais como acontece no Brasil. No Reino Unido, ao se inscrever no sistema de saúde, você pode optar ou não por ser doador. Isto ficará registrado em sua ficha e ninguém mais falará no assunto até que você venha a ser um potencial doador. Neste caso, a família é informada sobre sua opção e a doação é realizada. Tanto Itália como UK fazem mais transplantes que o Brasil, mesmo tendo populações bem inferiores em números.

Diante destes fatos, fica cada vez mais difícil acreditar em um sistema que mente descaradamente para os brasileiros afim de conseguir os seus órgãos.

Mais um livro!

Como todos que acompanham a minha história sabem, eu estou escrevendo o 2o livro sobre o caso Paulinho. Ele não foi concluído ainda pois narra toda a manipulação da justiça neste caso. Existem algumas pesquisas que estou fazendo, bem como algumas movimentações, que ainda estão pendentes.

Porém, em paralelo ao 2o livro, eu reuni informações importantes sobre a doação de órgãos, em especial sobre os apelos mentirosos para que as pessoas se tornem doadores. Deste material, percebi que seria um 3o livro e está praticamente pronto. Vou dar início a revisão e será publicado em Setembro durante a campanha nacional pela doação de órgãos. 


Este livro tem como objetivo informar as pessoas sobre fatos que nunca podem ser ditos quando o assunto é doação de órgãos. Não há qualquer objetivo de converter as pessoas em não doadoras, e sim, fazer com que elas tenham mais informações antes de decidir. 

Como sabemos o Marketing é forte e agressivo. As pessoas que não aceitam doar órgãos são tratadas como ignorantes e egoísta. Este pequeno manual, vai esclarecer diversas dúvidas e responder perguntas que simplesmente não são respondidas. Você vai conhecer os verdadeiros mitos sobre o assunto e poderá decidir com tranquilidade.

Ser ou não ser, eis a questão!

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Desvendando os doadores de órgãos

Quem viveu a adolescência na década de 80 certamente ouviu a Blitz. Em uma de suas músicas, Evandro Mesquita sentenciou:
"Eu não queria falar mas agora vou dizer: Todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer!"
Verdade! Todos querem o céu, mas ninguém quer morrer.

Ontem eu acabei por entrar em uma página do Ministério da Saúde no Facebook, sobre doação de órgãos e me lembrei desta música. A grande maioria esmagadora se declara doadora de órgãos. Poucos são os que tem coragem de dizer que não são doadores. E quando fazem isto são severamente atacados, chamados de ignorantes ou de egoísta.


Quando este não doador diz que o motivo é o tráfico de órgãos, ai a coisa pega! Ignorante é pouco. São fortemente atacados por pessoas que dizem que isto não existe e que o Brasil é o país mais sério do mundo em relação a transplante de órgãos. Geralmente os ataques são feitos por pessoas que já receberam um órgão ou por estudantes de medicina. Humilham as pessoas dizendo que elas devem se informar antes de falar besteiras. São os donos da verdade.

Já existe um roteiro para combater estes comentários. Funciona assim.

- Eu não doarei meus órgãos porque soube de uma máfia que atua no Brasil.

- Você é um ignorante, egoísta, insensível! Isto não existe! Vai se informar!!

Então o dono do post replica:

- Eu fui me informar e li estes casos publicados nos jornais sobre um grupo em Taubaté e Poços de Caldas?

- Ahhh..... isto é um caso isolado. Isto não acontece assim todos os dias. Quando você sai na rua pode ser atropelado, então não vai mais sair na rua?

Neste ponto a "especialista" confirma que tráfico de órgãos existe, ao contrário do que disse anteriormente. O argumento utilizado é simplesmente ridículo. Todos precisam sair as ruas, mas obviamente ninguém quer ser atropelado. Então, se há o risco de ser atropelado, justifica eu me tornar doador mesmo havendo máfias de órgãos?

Mas o não doador é firme e insiste:

- Se eles souberem que eu sou doador, não farão o possível para me salvar.

- Nossa!! Como você é ignorante. Você acha que alguém vai deixá-lo morrer só porque você pode ser doador? Saiba que a doação não faz diferença entre rico e pobre. Todos são tratados iguais.

Bom. Como sempre sou obrigado a mostrar a verdade com fatos, e não com argumentos. Há poucos dias Luciano Huck e Angélica sofreram um acidente aéreo. A família foi levada para um hospital do SUS que não tinha vagas na UTI. Em poucos minutos uma equipe de médicos conseguiu atender a família que foi submetida a exames como Tomografia e toda a assistencia negada a maioria da população. Há o relato de que uma senhora com infarto morreu quando deram a prioridade a família Huck. 

Lendo isto, você acha mesmo que não há diferença de classes no atendimento público? Você acha que se hoje for ao hospital será tratado como a família Huck foi? E se você entra em emergência no hospital, você acha que todos os esforços serão feitos para te salvar, ou você morrerá como a senhora que teve um infarto?

O SUS é tão bom que a família Huck achou melhor refazer os exames no Albert Einstein?

O não doador tem uma série de argumentos para não doar. Nenhum deles é aceito. Todos os argumentos, por mais sinceros que sejam, são depreciados. E quando esgotam todos os ataques, os favoráveis à doação de órgãos revelam o motivo real pela qual decidiram doar:

- E se você precisar de um órgão amanhã? Vai continuar dizendo que não vai doar?

A resposta já foi dada por ela mesmo, em alguns parágrafos anteriores. Não é porque tem atropelamentos que eu não vou sair na rua não é mesmo? Por que este argumento vale em certos momentos e em outros não, na mesma discussão?

Seguindo a lógica do atropelamento, o fato de eu precisar de um órgão no futuro, não significa que eu tenho de ser um doador. Eu posso ter cancer, AVC, Infarto. Tudo pode acontecer no mundo em que vivemos. Podemos estar vivos hoje e amanhã não mais. E?? Quer dizer então que se eu não me declarar doador não terei direito a um órgão? Então neste caso, só poderão receber órgãos aqueles que de alguma forma já doaram efetivamente?

Mas o que este argumento revela mesmo, é que o brasileiro não é doador por amor ao próximo, como propaga. Ele é doador com medo de precisar amanhã. Não tem nada a ver com solidariedade. Tem a ver com a auto-preservação. Tem a ver com egoísmo do mais puro e sincero! 

Eu vou doar para poder receber amanhã. Não estão pensando no próximo e sim na sua salvação.

Nas redes sociais, onde as pessoas exibem o melhor de si, ser doador de órgãos é Cult. É nobre! As pessoas admiram tais atitudes. Se Fernandinho Beira Mar se declarar doador de órgãos será perdoado pela sociedade!

Como cantava a Blitz

Todo mundo quer ir para o céu
mas ninguém quer morrer!

terça-feira, 26 de maio de 2015

DIREITO DE RESPOSTA À EMPRESA BELA IMAGEM

O departamento jurídico da empresa Bela Imagem, através da advogada Fabiana Braga, enviou um post com pedido de resposta e algumas ameaças. Publico o texto abaixo e em seguida minha réplica.
Caro Sr. Sou advogada da empresa Bela Imagem, e venho aqui em seu blog dar as respostas às perguntas que o Sr. lançou.

A empresa atua em todo o território nacional, através de seus estúdios móveis (montados em vans adaptadas) e estúdios fixos montados em lojas parceiras da cidade. Assim, não importa a distancia, levamos a todos, sem discriminação, a oportunidade de ter uma eterna lembrança de seu filho, através da participação em sessões fotográficas que ocorrem na própria van, com autorização e na presença dos pais ou responsáveis.
No que tange a ausência de documento junto ao veiculo, no momento da fiscalização, como o Sr. bem ressaltou a sede da empresa ficam em Campinas/SP, assim, o documento é feito neste Estado e enviado, via SEDEX, posteriormente, ao endereço em que a van está. Infelizmente, esta fiscalização ocorreu exatamente neste meio tempo (entre o pagamento do imposto, com a retirada do documento e envio para a Van que como o Sr. bem destacou está a 3.000km de distancia). Caso queira receber o documento do DETRAN de Roraima, informando que está tudo correto e que a multa não seria aplicada envie-nos um email que enviaremos o documento.
Ainda, informamos que o site da empresa está em fase de atualização, por isso, alguns links estão temporariamente fora do ar, mas é possível fazer contato conosco através de nossa fanpage no Facebook, https://www.facebook.com/belaimagemfotografias
Por fim, propagar e fazer apologia a notícias falsas que imputam a outro crime, sem a devida apuração prévia dos fatos, como o Sr. deve saber, é crime de calunia, previsto no Código de Processo Penal.
Assim, peço que o Sr. publique meu direito de resposta, acima descrito, com as informações pertinentes ao caso 
Está publicada a resposta. Agora vamos aos fatos.

Diz o texto:
Por fim, propagar e fazer apologia a notícias falsas que imputam a outro crime, sem a devida apuração prévia dos fatos, como o Sr. deve saber, é crime de calunia, previsto no Código de Processo Penal.
Cara dra. Onde eu propaguei boatos? Poderia me dizer? 
Só para responder a está ameaça, cito o seguinte trecho de minha autoria:
"Há alguns dias escrevi um texto sobre um boato que circulava no Facebook sobre uma Van ou Kombi que estava aliciando crianças para o tráfico de órgãos. Obviamente a história é boato. Qualquer cidadão minimamente informado, saberia que isto não seria possível. Principalmente em Roraima, onde ocorreu o fato."
Umas das minhas lutas é acabar com o boato de que crianças são raptadas para fins de tráfico de órgãos. Outra luta minha é acabar com notícias como esta que acusam pessoas de estarem roubando crianças para retirar órgãos sem qualquer fato concreto e depois fazem um verdadeiro marketing dizendo que tráfico de órgãos é boato - exatamente como aconteceu com a empresa Bela Imagem. 

Das perguntas que fiz, a Dra. não forneceu nenhuma resposta. Até onde sei, o código penal não prevê crime algum para quem faz perguntas, ou mudaram as leis?

Sendo assim, repito aqui as perguntas caso queira responder.
1. Por que a empresa deslocou uma Van, com uma pequena equipe, mais de 3.000km para fotografar crianças em Roraima? Por que tão distante?
2. Quanto gastaram com hotéis, refeições, combustível e demais despesas nesta viagem? 
3. A região de Roraima é tão atrativa que vale a pena este investimento? 
4. Para uma viagem com mais de 3.000km de distância, não seria prudente levar os documentos da Van? 
5. Qual o lucro uma empresa de pequeno porte pode obter distribuindo bolas, viajando 3.000km a bordo de uma van, e fotografando sem cobrar nada das famílias? Quem hoje no Brasil investe em um projeto tão ousado, além de passadena obviamente? 
Vale ainda lembrar que em nenhum momento do texto eu disse que a Van não tinha o IPVA pago. O que eu disse, através da pergunta que fiz - e repito - é: Não seria prudente levar os documentos da Van para uma viagem tão longa? Não vejo qualquer crime nesta pergunta. Apenas uma curiosidade. Não é necessário o envio de cópias de tais documentos, pois eu não trabalho no sistema de trânsito e nem tão pouco sou fiscal. O que eu escrevi foi o que saiu na imprensa. A Van foi apreendida por não estar com os documentos. 

Em relação ao site, eu encontrei o banner da empresa Bela Imagem em campanha contra boatos, e neste banner (publicado no meu texto) não faz referências ao Facebook e sim ao endereço da página. Portanto, como eu não tenho bola de cristal, apenas recorri ao que vocês mesmo indicaram. Fui conhecer o site e enviei as perguntas quando fui surpreendido com uma mensagem de erro. 

É importante ainda ressaltar, que sempre que escrevo alguma coisa sobre alguém, envio um e-mail com perguntas para que esta pessoa se manifeste antes da publicação. Este gesto revela que antes de escrever eu me preocupo em ouvir o outro lado, ainda que não me agrade, e nem seja minha obrigação.

Por fim, com inúmeras dúvidas não esclarecidas, reafirmo que a empresa Bela Imagem nada tem a ver com tráfico de órgãos. A minha suspeita é de que este boato tenha sido criado às avessas, como deixo bem claro em meu texto. Não é possível negar que a empresa tem ganhado muito espaço na imprensa por causa desta história não é mesmo?

Se ainda assim achar que cabe uma ação judicial, estou a sua disposição.

Para os leitores que queiram conferir o que eu escrevi, basta clicar aqui

Queda nos índices na doação de órgãos desespera ABTO. E eu tenho a solução!

Do Estadão
Os três primeiros meses de 2015 não foram animadores para quem espera um transplante no Brasil. A recusa familiar para doar um órgão continua assustadora no país: 43%. Aliado à triste realidade, os números de doações de órgãos caíram em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo os dados atuais da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). A quantidade de potenciais doadores teve queda de 1,4% e de doadores efetivos, de 0,8%.
No primeiro trimestre deste ano, dos 1.862 transplantes realizados, 1.305 foram de rim, o equivalente a 70%, mas os transplantes renais caíram 7,6%, sendo que 20,3% da baixa foi de doador vivo e 3,4% de doador falecido. Essa taxa de doador vivo é a menor dos últimos 20 anos, de acordo com o relatório. Atualmente, há 18 818 brasileiros na fila de espera por um rim e cerca de 105 mil em diálise. Só em São Paulo, são 9.178 na lista. Segundo o médico nefrologista Rui Alberto Gomes, do Instituto de Nefrologia de Mogi das Cruzes, as dificuldades que impedem um aumento expressivo do número de transplantes se devem ao número insuficiente de doadores e também às dificuldades estruturais para a viabilização das cirurgias.
Os dados demonstram dois fatores interessantes. O primeiro é que os transplantes estão sendo feitos na maioria com doadores vivos, cujos doadores, no futuro, poderão precisar de um transplante. Isto significa que não estamos resolvendo nenhum problema e sim adiando uma solução. Os que são transplantados hoje estão gerando uma nova geração que precisará entrar na fila daqui há alguns anos. 

O segundo fator é a interferência da justiça na questão de doação de órgãos, pois para cada transplante inter vivos é preciso uma decisão judicial. Sem ela - pelo menos por lei - não se pode transplantar. Os transplantes estão gerando uma enorme renda para tribunais e advogados. Vale lembrar que a doação de pessoa viva, não entrega o órgão doado para a fila única e sim para uma pessoa específica. O aumento da doação de órgãos inter vivos, não diminui a fila! Muitos vão a justiça para fazer o transplante sem mesmo estar na fila.

Em todas as reportagens sobre queda na doação, vem a tona os motivos desta queda. Como sempre, apontam a "ignorância" daqueles que não doam e não entendem que podem salvar outras vidas. Outros insistem que notícias sobre "boatos" derrubam as doações.

Meus caros especialistas. A solução é bastante óbvia. Basta que os casos de tráfico de órgãos sejam divulgados com transparência e principalmente que sejam punidos. Quando um cidadão, com a mínima inteligência, tem acesso a informação, percebe que casos em que doadores foram assassinados demoram 20 anos para serem julgados e todos os envolvidos acabam impunes. 

Sem transparência e com mentiras, não há como garantir segurança a qualquer cidadão que queira doar os órgãos. O resultado disso é a negativa da família em aceitar doar os órgãos. Se eu soubesse o que sei hoje, jamais teria concordado com a doação do meu filho. E faço questão de divulgar isto por este motivo. Quem quer doar, que doe, mas conheça a verdade sobre os bastidores deste programa, que é sujo e tem como objetivo números.

O mais rídiculo em toda esta história, e ver que médicos brasileiros criticam os negócios obscuros com os médicos de Cuba, mas fazem o mesmo com os transplantes. Ou seja, a sujeira alheia não é permitida, mas o lixão nacional, deve ser aceito??

O brasileiro não é mais ingênuo. Sabem que onde há fumaça, há incêndio. 

Eu faria propaganda pró doação se a justiça fizesse seu papel sem interferência deste grupo maldito de transplantistas desonestos. Enquanto isto não acontece, eu sou contra a doação e acho que você que está lendo, deve ser cauteloso em relação ao assunto. A corrupção não acontece só na política. 

Vale lembrar ainda que a ABTO apóia os médicos de Poços de Caldas condenados por tráfico de órgãos, tendo inclusive alguns ex-presidentes como testemunha de defesa.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Caso Boris - Desmoralizando mais um CRM

É mais um caso que vai para a vala do esquecimento. Eu escrevi sobre o caso neste post

Na época em que o jornal A Crítica publicou a notícia sobre o caso, eu fui entrevistado. Quando me perguntaram o que eu teria a dizer para o pai de Boris, Sr. Naeff Ribeiro, eu respondi que infelizmente o caso não iria muito longe, por tudo o que já conheço e vivi nos últimos anos. E foi exatamente o que aconteceu, até onde pude apurar.

Naeff percebeu no prontuário de seu filho, que fora internado por um problema de intestino, a descrição da retirada de um rim. Ao questionar tal anotação, recebeu a seguinte resposta:
“O senhor Naeff focou em cima de um erro de digitação de um laudo, onde escrevi que houve a ‘retirada de um rim’. Quando na verdade eu quis dizer que na primeira vez que a criança esteve internada, em 2006, foi retirado uma ‘parte’ de um rim devido um abscesso. Quando ele questionou, me desculpei e corrigi o erro”.
Entenderam? Ela escreveu uma coisa, mas quis dizer outra. Seria até aceitável um erro como este, não fosse o fato de Naeff ter em seu poder exames que comprovam que nunca, em nenhum momento no passado, houve a retirada do rim como afirmou a gerente técnica do Pronto Socorro da Criança da Zona Oeste, Eriane Leal de Oliveira.

Isto me lembra um certo nefrologista que escreveu que meu filho estava SEM morte encefálica, mas quis dizer que estava COM morte encefálica. Um pequeno erro.

Mas não para por ai. A exumação de Boris foi solicitada e adivinhem? Foi encontrada uma bolsa coletora de urina dentro do corpo do garoto. Em nenhuma página do prontuário tal procedimento está descrito. A bolsa, suspeita Naeff, estava posicionada em substituição de um rim, o que fora retirado conforme o prontuário. Para tal fato, a gerente Eriane também tem uma explicação:
Em relação à bolsa coletora de urina que não foi descrita no prontuário, a médica explicou que faz parte do procedimento da colocação de “tela de marlex. Uma tela de marlex faz com que o aparelho do abdômen não se junte, dá mais espaço pro intestino que está inchado. Essa tela pode ser auxiliada por uma superfície de plástico, isso pode ser feito conjuntamente. É o que chamamos de ‘técnica de bogotá. Mas o médico cirurgião não achou necessário descrever no prontuário”, ratificou. 
Entenderam? Um procedimento simples, e que de tão simples, o médico não achou necessário descreve-lo no prontuário. Tal bolsa não teria sido descoberta não fosse uma exumação da qual o Sr. Naeff, assim como eu, foi obrigado a presenciar. Não bastasse perder um filho, ve-lo apodrecendo é o resultado de quem busca por justiça num país de 3o mundo.

Conforme havia previsto, o caso foi abafado. O Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas ICEA onde ocorreu o fato, emitiu uma nota, um mês após o caso ser publicado. Vale observar alguns trechos da nota.
Desde que essas denúncias eclodiram, o Instituto de Cirurgia do Estado do Amazonas através de suas assessorias, de Comunicação e Jurídica, tem sido cauteloso em relação às denúncias deste senhor. Essa cautela se deve ao fato do desejo de preservar não só a integridade desta empresa, mas, principalmente, a dos profissionais que são sócios deste Instituto.
Eles estão preocupados em preservar a integridade da empresa e dos seus profissionais que são sócios! E o Boris? Ninguém está preocupado com o que aconteceu à ele? Percebe-se que o ICEA possui assessoria de imprensa e jurídica e todo um batalhão para ajudá-los enquanto Naeff tem a si mesmo. Luta igual?

Agora prestem atenção a este trecho, pois é o foco principal deste post.
Ao analisar o farto material contido nos autos do Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM/AM) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), como prontuários médicos, fichas de atendimento e internação hospitalar, descrições cirúrgicas, etc., vislumbramos que foi concluído que os procedimentos cirúrgicos foram corretos pois o quadro clínico do paciente era compatível com obstrução intestinal de causa desconhecida, que teve como causa morte: falência de múltiplos órgãos e sistemas, choque séptico, sepse, e abdômen agudo cirúrgico. Tratou-se de um caso grave que evoluiu mal apesar de toda atenção e conduta tomadas pelos médicos que atenderam o menor, devendo ser ressaltado que os atendimentos prestados observaram os preceitos técnicos e éticos da profissão.
Percebe-se um padrão nas respostas do CRM. "farto material..." analisado, é mesmo uma piada. Se você analisa farto material sem levar em conta as omissões deste material, este mesmo material não tem valor algum. O CRM do Amazonas concluiu que o atendimento observou os preceitos técnicos e éticos da profissão. Para o povo em geral, isto pesa muito. Mas para quem conhece a rede, dá para desmoralizá-los facilmente como vou fazer agora.

Como vimos no decorrer deste post, a gerente Eriane declara sem qualquer cerimônia que o médico achou que não era necessário descrever a colocação da bolsa coletora de urina no farto material analisado pelo conselho (diga-se o prontuário). Além disso, foi obrigada a "corrigir" uma pequena falha em que afirmava a retirada de um rim (um erro bobo). 

E o que diz o código de ética da medicina?
Capítulo X - Documentos médicos
Art. 87. Deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente.
§ 1º O prontuário deve conter os dados clínicos necessários para a boa condução do caso, sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com data, hora, assinatura e número de registro do médico no Conselho Regional de Medicina. 
Estamos diante de mais um fato incontestável de corporativismo utilizado para acobertar crimes. O prontuário não estava adequadamente preenchido, faltando informações importantíssimas e até com erros graves que precisaram ser corrigidos. Isto, segundo o próprio código de ética é uma infração. Mas nem o CRM e nem o CFM foram capazes de encontrar qualquer falha nos procedimentos, absolvendo todos os acusados utilizando para isto a seguinte frase: "ao analisar o farto material contido nos autos, o médico denunciado agiu de forma correta quando realizou o procedimento cirúrgico e o CRM não encontrou nenhum indício de infração ao Código de Ética Médica”

E o resultado desta absolvição? O que gerou para o caso?

Leia você mesmo.
No que tange a condução jurídica do caso, a Assessoria Jurídica do ICEA, Dra. Adriana Flores, OAB/AM 4.273, informa que houve a instauração do Inquérito Policial que recebeu o número 078/2013 que tramitou junto ao 08o. DIP. O Delegado responsável pelo inquérito concluiu: "(...)verifico que resta afastado o eventual indiciamento por homicídio culposo, por inexistirem elementos de convicção que possam demonstrar que a conduta da equipe médica, em especial do médico chefe da cirurgia, senhor (...), foi negligente, imprudente e imperito." Logo, não houve qualquer imputação de responsabilidade seja na esfera administrativa, (CRM e CFM) seja na esfera criminal .
Sim caros leitores. Tudo foi arquivado pelo delegado responsável. Não houve crime algum. Apenas um rim desaparecido e uma bolsa coletora encontrada durante a exumação que não estava descrita no prontuário.


Parem de acreditar em Van´s que roubam crianças para tráfico de órgãos. Os órgãos estão sendo roubados dentro dos hospitais. Diante dos olhos dos familiares que nada suspeitam e confiam plenamente no que dizem os médicos. 

Fiquem de olho nos prontuários. Em caso de suspeita, peçam uma exumação. É doloroso, mas o corpo tem todos as respostas.

Veja a máfia das próteses. Até componentes importantes como os Stents estão sendo implantados com risco de vida para pacientes por causa de dinheiro. A medicina no Brasil tornou-se um grande negócio com a conivência de autoridades que nada fazem para impedir crimes praticados por médicos e hospitais. Abram os olhos quando levar seus filhos à hospitais e clínicas pelo país. Como você pode perceber, você estará sozinho contra um exército de mercenários.


O padrão é o mesmo. Cobranças indevidas por procedimentos que não foram realizados. Prontuários sem as informações corretas e um pai desesperado em busca de justiça. Em países sérios, os pais ficam em casa enquanto as autoridades trabalham. Em países de terceiro mundo, ou os pais saem de casa para reivindicar seus direitos enquanto as autoridades tentam nos calar.

domingo, 24 de maio de 2015

Luis Nassif está precisando de sua ajuda.

Nassif, aquele sujeito de Poços de Caldas, que acende uma vela para o demônio e ao mesmo tempo para Jesus, está precisando de sua ajuda. Há alguns anos ele recebeu uma bolada do BNDES para financiar seus negócios, quando foi demitido da Folha de S.Paulo. Agora, Nassif anunciou que está sendo "perseguido" com ações na justiça, que cerceam a sua liberdade de expressão.

Um pouco de história

Em 2001, Nassif usou sua coluna de economia para defender os assassinos do meu filho. Na época estava em discussão apenas a cobrança indevida de um procedimento de transplante, que pela lei brasileira é totalmente gratuito. Nassif emprestou seu nominho para dar peso a uma história que viria se revelar ainda mais terrível: o assassinato de pacientes doadores de órgãos. 

O pseudo jornalista, alegava que a família juntamente com o programa Fantástico estava promovendo o sensacionalismo. O texto de Nassif sobre o assunto foi imortalizado em um de seus livrinhos. Neste mesma época eu respondia a mais de 8 processos por dizer a verdade. A máfia zombava de mim! Diziam para todos: "Ele (o Pavesi) é o bandido. Veja quantos processos ele tem. Os médicos são inocentes!" e riam. Riam muito.

Eu não tinha dinheiro para me defender e os processos eram espalhados em estados diferentes. Tudo para dificultar a minha defesa. No entanto, compareci em todas as audiências  e sempre respondi a mesma frase: "Disse tudo o que está ai, e repito!". E eles riam.

Agora Nassif está sofrendo com alguns processos e parece que a bolada do BNDES acabou. Os seus leitores fiéis estão sugerindo arrecadar dinheiro para que ele possa se defender das acusações que sofre. Coitadinho. Fiquei com muita dó. Ele diz estar sendo sufocado financeiramente com estes processos. 

Durante os processos que sofri, Nassif encontrava-se com Mosconi (chefe da máfia que matou meu filho, e assessor especial de Aécio Neves), para tomar um cafézinho e discutir política. A noite escrevia contra mim. Uma imparcialidade incrível. 

Certa vez tentei entregar-lhe algumas provas e ele se negou a recebê-las, dizendo que já tinha a sua opinião formada. Um jornalista com opinião formada que não escuta os dois lados? 

Ajudem o pobre Nassif! Doem qualquer quantia. Ele precisa de você.

Onde estão os transplantistas deste país, de alma pura e de bom coração, que foram ajudados por Nassif? Será que não é hora de vocês ajudá-lo. Por favor!! Ajudem!! Doar é um dom sagrado não é mesmo? Vamos lá pessoal. Qualquer moedinha....

Se vocês não doarem, ele pode deixar de escrever contra mim.

Força Nassif! Isto é mais um caso semelhante a escola de base.

Caso Pavesi em debate no Vaticano

A prof. Dra. Nancy Scheper-Hughes, em conferência no Vaticano sobre o tema Tráfico de Órgãos, falou sobre o caso Pavesi. Para quem entende inglês, trata-se de um bom debate.



Com a ajuda da Dra. Nancy, o livro "Tráfico de Órgãos no Brasil - O que a máfia não quer que você saiba" sairá da penumbra e fará parte de um grande projeto. Estamos trabalhando no levantamento de fundos para a tradução e em breve teremos novidades. 

Ao contrário do que estão tentando fazer no Brasil (abafar a história e prolongar ao máximo possível uma definição do caso), nós vamos ocupar as prateleiras das bibliotecas do mundo.


O trecho em que ela fala sobre o caso Pavesi está em 9'21''.


Adesivo

Caros leitores,

Em Poços de Caldas, alguns carros estão circulando com um adesivo em que está escrito algo do tipo: "Eu acredito na inocência dos médicos". Eu não sei exatamente os termos utilizados, mas enfim, é esta a mensagem.

Eu decidi então fazer um adesivo para o blog. Espero que gostem!


sábado, 23 de maio de 2015

Boato às avessas

Um boato pode ser um bode na sala.

Para quem não conhece a história, trata-se de um senhor (dono do bode) que coloca seu animal na sala de um vizinho para conseguir alguns trocados, sem que o mesmo soubesse. O bode não atendia ao comando de ninguém, exceto do dono. Ao tentar expulsar o bode, ele tornava-se violento e tentava chifrar todos os moradores da casa. Ao mesmo tempo, além do odor terrível, o bode devorava móveis, estofados e também a comida na despensa. Cansado, o morador visitou o vizinho (dono do bode) e lhe contou o problema. O dono do bode prontamente foi até a residência e retirou o bode com um simples sinal, apontando a porta da rua para o animal, que deixou imediatamente o ambiente. O vizinho ficou muito feliz e deu em recompensa uma boa quantia em dinheiro.

Este é o boato. Ele é distribuído para causar algum problema e trazer certos benefícios para quem o espalha. O caso Paulinho foi tratado como boato e ainda é por muita gente. Não fossem as provas, tudo já teria sido ridicularizado. Mas o que vemos é a condenação de muitos envolvidos e a prisão de alguns.

A ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) é uma entidade que se utilizou recentemente de um boato para obter mais doadores de órgãos. Chiquinho Scarpa anunciou em seu Facebook que enterraria o seu Bentley, um carro luxuoso e caríssimo. Toda a imprensa voltou os olhos para o comendador e no dia marcado para o enterro descobriram que era um boato. A idéia era chamar a atenção de que podemos doar os órgãos após a morte e não deixá-lo apodrecer em uma sepultura. A idéia é ótima, mas Chiquinho não vai doar o seu Bentley para um desconhecido quando morrer, logo, tudo não passou mesmo de um boato. E milhares de pessoas aplaudiram. Acharam a idéia ótima sem se dar conta de que ele está pregando exatamente o contrário. Ele provou que jamais abriria mão de seu bem por um desconhecido. Ele só emprestou o carro e em seguida o colocou de volta a garagem.

A criatividade do brasileiro é algo impressionante. Se tal criatividade fosse utilizada para o bem, o Brasil seria um país reconhecido mundialmente pela inteligência de seu povo. Mas infelizmente não funciona assim. A criatividade é utilizada de modo malicioso, com intento de conseguir vantagens e mais vantagens. O famoso jeitinho brasileiro. 

Há alguns dias escrevi um texto sobre um boato que circulava no Facebook sobre uma Van ou Kombi que estava aliciando crianças para o tráfico de órgãos. Obviamente a história é boato. Qualquer cidadão minimamente informado, saberia que isto não seria possível. Principalmente em Roraima, onde ocorreu o fato.

Mas... e sempre temos que pensar em um "mas", a história pode ser sim, uma armadilha de alguns espertinhos. Nós sabemos muito bem como o brasileiro é manipulado diariamente não é mesmo? Então resolvi dar uma espiada com mais cuidado nesta história e vou compartilhar a minha conclusão.

Van no momento da apreensão em Blitz
Uma manicure denunciou em seu Facebook a presença de uma "Kombi" que estava abordando alguns pais para fotografar as crianças. Em troca, segundo as notícias e até comentários de moradores, a empresa oferecia bolas de graça para as crianças. O comentário incendiou a rede social e em pouco tempo todos estavam compartilhando. Mesmo com o boato estourando na rede, a polícia não procurou pelo veículo e não se manifestou sobre o assunto, até que este carro foi parado em uma blitz (foto) onde verificou-se que não possuia a comprovação do pagamento do IPVA. O carro pertence a uma empresa sediada em Campinas, e os documentos estavam na sede da empresa. Como de costume, a Van foi recolhida para o páteo, até ser regularizada. 

E ai começam as dúvidas. 

Trata-se da empresa Bela Imagem, com sede em Campinas e funcionando há mais de 8 anos. O Brasil é um país onde todo cidadão é livre para ir onde bem quiser. Mas algumas perguntas precisam de respostas, quando um caso como este perturba a tranquilidade da população.

1. Por que a empresa deslocou uma Van, com uma pequena equipe, mais de 3.000km para fotografar crianças em Roraima? Por que tão distante? 

2. Quanto gastaram com hotéis, refeições, combustível e demais despesas nesta viagem?

3. A região de Roraima é tão atrativa que vale a pena este investimento?

4. Para uma viagem com mais de 3.000km de distância, não seria prudente levar os documentos da Van?

5. Qual o lucro uma empresa de pequeno porte pode obter distribuindo bolas, viajando 3.000km a bordo de uma van, e fotografando sem cobrar nada das famílias? Quem hoje no Brasil investe em um projeto tão ousado, além de passadena obviamente?

Como sempre, a nossa polícia não se interessou por estas perguntas e limitou-se a dizer a imprensa que a Van nada tinha a ver com o crime (sic). Que crime? Não foi cometido nenhum crime! Não havia sequer denuncia, como a própria polícia revelou ao Jornal Extra de Roraima. Afinal, de que crime a polícia estava se referindo?

Bem, caros leitores. A polícia estava se referindo ao crime de tráfico de órgãos, que obviamente não era o caso.

Embora as perguntas não tenham sido respondidas, até porque sequer foram perguntadas, a Van foi liberada e a vida voltou ao normal. A empresa passou então a fazer uma grande campanha contra o "boato". Afinal, tráfico de órgãos não existe não é mesmo?

Antes de escrever este texto, entrei no site da empresa para enviar as perguntas acima. Para a minha surpresa, logo de cara aparece um quadro dizendo que tudo é boato. Se alguém não sabia da história que aconteceu em Roraima envolvendo o nome da empresa, ao acessar o site vai saber. Mas a área de contato está desativada e não encontrei um e-mail para poder me comunicar com este pessoal. Aliás, fato estranho. Alguém que está em procura de novos mercados, como o de Roraima - a 3.000km de distância - não tem sequer um formulário de contato ou endereço de e-mail em seu site. 

Conclusão

Estamos diante de um boato às avessas. Cria-se um fato para dizer que tudo o que envolve tráfico de órgãos é boato. O resultado é que qualquer um que divulgue histórias como a do Paulinho sejam taxados de boateiros. Isto cheira a ato pensado.

Só resta saber quem financiou esta viagem.

domingo, 17 de maio de 2015

É seguro ser doador de órgãos?

Segundo o site MDSAUDE é sim! Mas eu acho que não é seguro mentir. Pode ser desmascarado e é exatamente o que vou fazer agora. Pare ler a matéria completa clique na palavra MDSAUDE acima. Neste texto, vou citar apenas um parágrafo e nem vou perder tempo com outros. 
MDSAUDE: Existem alguns mitos e preconceitos em relação a doação de órgãos.
MDSAUDE: Algumas famílias usam motivos religiosos para não autorizar a doação. Na verdade, não há nenhuma religião, nem mesmo as testemunhas de Jeová (deixou de considerar o transplante de órgãos como canibalismo em 1980), que se oponha ao transplante de órgãos.
Verdade! As testemunhas de Jeová dobraram os joelhos nos anos 80 e passaram a aceitar de forma surpreendente o transplante de órgãos. Vale lembrar que até hoje a transfusão de sangue não é permitida. Para saber mais sobre esta mudança das testemunha de jeova, leia este texto "Transplante x Religião". Pagando bem, as religiões fazem qualquer negócio, ou será que Jeová foi consultado e aprovou as cirurgias?
MDSAUDE: Não sou religioso, mas acho difícil imaginar que Deus prefira ver um órgão apodrecer e servir de alimentos para vermes, do que fazer com que o último ato de um ser humano seja salvar uma ou mais vidas, tirar pessoas das máquinas de hemodiálise ou devolver a visão a quem não enxerga. Difícil defender que um ato de tamanha bondade seja errado.
Também não sou religioso, e nem posso ser. Como Deus pode aceitar o assassinato de um paciente como o meu filho de 10 anos de idade para servir de reposição de peças à outras pessoas em troca de dinheiro? Como Deus pode aceitar milhares de crianças sendo vítimas de pedofilia em todo o mundo, sem fazer nada para protegê-las? Diante destes fatos, não vejo que Deus esteja preocupado com o que os vermes estão comendo. Exceto se os transplantistas garantirem que Deus tem um carinho especial pelas cirurgias de transplantes. Usar Deus é um golpe baixo, mas funciona. Não conheço nenhuma igreja pobre, mas pobres da igreja posso lhe apresentar alguns milhares.
MDSAUDE: Algumas pessoas temem que a retirada de vários órgãos deforme o corpo doente falecido. A remoção dos órgãos deixa a mesma cicatriz que uma cirurgia deixaria. Não há nenhuma diferença para o velório, que pode ser inclusive com urna aberta.
Nisto eu sou obrigado a concordar. É uma grande bobagem a preocupação com o estado do morto, após a retirada de órgãos, até porque, quem garante que todo morto está com todos os seus órgãos internos? Se você passou pela perda de alguém querido em um acidente, por exemplo, como pode ter certeza que não lhe retiraram um rim? Impossível! O trabalho é bem feito. Familiares não tem permissão para checar isto. Se disserem que o corpo está completo, somos obrigados a aceitar. Ou alguém vai abrir um parente morto durante o velório para se certificar?? Os traficantes sabem muito bem disso!
MDSAUDE: Existe também um medo de que os médicos não se esforcem para salvar um doente sabendo que este é um potencial doador. Isso é um absurdo! Os médicos que trabalham nas emergências não têm qualquer relação próxima com as equipes de transplantes e não recebem nenhum tipo de incentivo ou vantagem se houver uma doação de órgãos.
Hummm... É mesmo?? Vejamos! Na reportagem de 20 de maio de 2009 da Revista ISTOÉ (clique aqui para ler) podemos ler o seguinte parágrafo:

No Brasil, existem 1.282 equipes habilitadas em 937 hospitais para realizar tais procedimentos. O mais grave é que o MP paulista descobriu que muitos desses funcionários recebem comissão para conseguir os órgãos.

Como é?? O MP descobriu funcionários que recebem comissão para obter órgãos??? Nenhuma vantagem??? Vamos falar um pouco mais sobre isto. Quanto um médico recebe por uma cirurgia cardíaca e quanto recebe por um transplante de coração?? Eu respondo. Há alguns anos, quando pesquisei sobre o assunto, descobri que uma cirurgia cardíaca rendia ao médico pouco menos de R$ 1.000,00. Na mesma época, um transplante cardíaco gerava mais de R$ 150.000,00 por um único procedimento (sem contar as consultas frequentes de pós transplantes). Isto não é um incentivo para preferir um transplante do que salvar uma vida??

Dinheiro, meus caros leitores, não leva desaforo e compra o que pensávamos que não tinha preço. Nada no mundo inteiro não se dobra diante de uma boa quantidade de dinheiro.  Ou você acha que os traficantes de drogas se arriscam a vender plantinhas (maconha) só por emoção?
MDSAUDE: Além disso, durante o procedimento de ressuscitação, quase nunca temos conhecimento de detalhes do histórico clínico do doente para sabermos se este poderia ser doador ou não. Só depois de constatado a morte cerebral é que o paciente passa pela bateria de testes para avaliar a possibilidade der ser doador. E a maioria das pessoas mortas não servem para doadores.
Ora doutor. Não é apenas na ressuscitação que se analisa isto. O paciente quando entra no hospital, tem como procedimento inicial a colheta da sangue. Basta fazer uma análise e compará-la a uma lista de pacientes a espera de um órgão para saber se são ou não compatíveis. Se não for, basta localizar em listas paralelas como acontecia em Poços de Caldas e fazer o transplante. Isto não justifica a absurda afirmação de que tráfico de órgãos não existe. No mundo todo já se admite que isto é possível. Mentir para os brasileiros não funciona mais. Se no mundo todo fazem é porque é possível. 
MDSAUDE: Existe um outro mito, que fala sobre o tráfico de órgãos. Quem nunca recebeu o e-mail do cara que acordou em uma banheira de gelo sem os dois rins. O transplante de órgãos é um dos procedimentos mais complexos da medicina. A quantidade de profissionais e material necessário e muito grande. Não é um aborto que pode ser feito em qualquer “trambiclínica”. Além disso, um órgão retirado desta maneira não passaria pela tipagem do HLA e pelo cross-match já que não é qualquer laboratório que tem capacidade para realizar esse exame. Um processo destes envolveria uma quantidade enorme de pessoas o que provavelmente nem seria lucrativo para os marginais.
Caro doutor. Esta tática já está mais do que esclarecida. São boatos para que as pessoas aceitem que tráfico de órgãos não existe. Ninguém tem os rins roubados em uma banheira. O roubo é dentro de uma UTI onde toda a tecnologia está disponível. E nem precisa de uma banheira cheia de gelo. Basta avisar a família que o paciente morreu e tudo está resolvido. Ninguém desconfia que isto seja feito em um hospital.

Quanto a complexidade do procedimento, convenhamos doutor. Há muitos procedimentos complexos sendo realizados em hospitais do SUS, sem a mínima condição, com falta de higiene e sem material e medicamentos adequados. E mesmo assim são realizados. Pacientes que deveriam estar num ambiente seguro, são espalhados nos corredores dos hospitais como se fossem peças de açougue. Agora quer nos convencer que só operam em locais de primeiro mundo?? Como fazem com as cirurgias no cérebro nos hospitais que conhecemos hoje?? Não são de alta complexidade tais cirurgias?

Insisto. O lucro do tráfico de órgãos é alto, pois quem paga é o Governo. Os médicos não desembolsam nenhum centavo. Desde a retirada até o implante são pagos pelo Governo, que sabe que tudo isto é feito. Até as consultas pós transplantes e remédios são pagos pelo Governo. Os exames HLA e tipagem também são pagos pelo Governo e nenhum laboratório especializado se negará a fazê-los. Tudo pelo lucro.


Transplantistas, chega de mentiras. Admitam! Vocês enxergam o transplante como um comércio e utilizam uma estrutura enorme de manobras e mentiras além do bom coração dos brasileiros para ganhar muito dinheiro, sem se importarem com os resultados.


sábado, 16 de maio de 2015

Conheça os visitantes ilustres deste blog

Pensam que eu não vi?
O Google permite que o blog armazene o nome dos provedores pelas quais alguns usuários acessam determinadas páginas. Embora autoridades brasileiras façam vistas grossas para o que acontece no caso Paulinho, esta lista nos dá uma visão bastante diferente.

Vou publicá-la por ordem de quantidade de acesso. No total são mais de 5000 provedores, com vários acessos cada um.



    44 - Ministério Público Federal. Procuradoria Geral da República
    64 - Tribunal de Justiça de Minas Gerais
    67 - Assembléia Legislativa de Minas Gerais
    71 - Departamento de Polícia Federal
  107 - Câmara dos deputados
  120 - Secretaria do Estado de Fazenda de Minas Gerais
  128 - Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CREMEMG)
  154 - Ministério da Justiça
  157 - Procuradoria Geral de Justiça de Minas Gerais
  198 - Tribunal Regional Federal 1a Região
  215 - Tribunal Regional Federal 3a Região
  225 - Ministério da Saúde
  271 - Tribunal Superior Eleitoral
  322 - Senado Federal
  323 - Supremo Tribunal Federal
  356 - Superior Tribunal de Justiça
  404 - Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
  428 - Ministério Público da União
  466 - Polícia Militar de Minas Gerais
  511 - Tribunal Regional do Trabalho 3a Região
  512 - Tribunal Regional do Trabalho 4a Região
  536 - Defensoria Pública-Geral da União
  559 - Tribunal Superior do Trabalho
  653 - Procuradoria Geral de Justiça - Rio Grande do Sul
  665 - Tribunal de Contas da União - TCU
  722 - Tribunal de Justiça Federal - Rio de Janeiro
  840 - Ministério Público do DF e territórios
  976 - Ministério da Pesca e Agricultura
  977 - Ministério da Defesa
1000 - Procuradoria Geral de Justiça do Amazonas.

Listei até o número 1000. Como escrevi anteriormente, são mais de 5000 registros. Há uma série de endereços curiosos, e mais de uma centena de universidades estrangeiras. 

Como podemos ver, as autoridades não podem dizer que não sabem de nada. A lista está registrada pelo Google.



sexta-feira, 15 de maio de 2015

Estupra mas não mata - 2

O texto do post anterior é tão verdadeiro que pode ser comprovado facilmente.

Roger Abdelmassih pegou 181 anos de cadeia por estuprar 37 mulheres. Os médicos de Poços de Caldas pegaram entre 14 e 18 anos de prisão por assassinar alguns pacientes. 

Em outras palavras, o estupro tem penas muito mais pesadas que o assassinato. 
Estupra mas não mata - Maluf desvendou o mistério.

domingo, 10 de maio de 2015

Estupra mas não mata!!

Em 1989, o candidato Paulo Maluf teve a infelicidade de pronunciar esta frase em uma palestra na Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Obviamente que o uso da frase foi distorcido. Ele dizia indignado que, caso alguém tivesse a intenção de estrupar, que o fizesse, mas não matasse a vítima. Ou seja, além de estuprar, ainda vai matar? Mas no Brasil, tudo é muito fácil de ser manipulado. Um ajuste aqui e outro acolá, e pimba! Maluf é conhecido até hoje por ter dito esta frase.

E por que estou escrevendo isto? Porque Maluf mostrou ali a cara da sociedade brasileira. 60 mil brasileiros morrem todos os anos no Brasil, vítimas de violência. Em relação a isto, os brasileiros parecem não se preocupar muito. Não há uma única passeata para dar um basta nesta guerra civil. Mas quando falamos em estupro, ai a coisa pega. O estupro não é aceitável sob nenhuma hipótese, e nem deve ser mesmo. O assassinato parece não incomodar tanto, mas o estupro... 

Nesta semana a Revista Veja falou sobre o lançamento do livro de Vana Lopes, vítima de Roger Abdelmassih, que a imprensa faz questão de chamar de ex-médico. Vale lembrar que se não fosse pelo empenho de Vana, Roger ainda seria médico e provavelmente nem condenado seria, já que o próprio Conselho Regional de Medicina de São Paulo, absolveu o estuprador de todas as acusações que pesavam sobre ele. 

O título do livro é "A História de Vana Lopes. A Vítima que Caçou o Médico Estuprador Roger Abdelmassih". Com a ajuda de dois jornalistas, o livro relata todo o calvário desta vítima em busca por justiça. Lançado pela Editora Matrix, o livro aprofunda-se na história dando nomes e fatos. Afinal, o estupro é inaceitável.

O meu percurso não foi diferente de Vana. Aliás, foi muito mais difícil. Durou e ainda dura muito mais do que o caso Abdelmassih. Precisei deixar o país e recomeçar a vida do zero sem o meu filho. Vana ainda está viva e apesar de tudo, pode reconstruir o que sobrou partindo do que tinha restado. Eu não tive esta oportunidade.

A imprensa não se intimida ao falar de Abdelmassih e mostrar a sua imagem. Referem-se ao ex-médico como monstro, lixo humano e por ai vai. No caso Pavesi, ninguém se atreve a dizer nada. A imprensa muito menos. Qualquer texto sobre a acusação que pesa contra os assassinos, deve vir acompanhada da palavra "suposta".

O livro de Vana será publicado sem qualquer censura. O meu foi abortado em fase final de produção. 

A conclusão que cheguei é que Maluf acertou a testa de uma sociedade hipócrita quando disse aquela frase. O caso de Vana, a sociedade não admite e a imprensa publica. O estupro é repugnante. Mas no caso Pavesi, a morte de uma criança parece não ser tão importante assim. a sociedade se cala e a imprensa não publica.

Em outras palavras, quando Maluf disse "Estupra mas não mata", não sabia onde estava entrando. Estuprar nunca!! Matar, talvez? Melhor morto do que estuprada? Sim! Parece que a sociedade brasileira pensa desta forma. 

Eu não consigo achar respostas para este mistério, mas sei que ele existe. E para dizer a verdade, eu nem quero achar nada. A resposta será entregue ao povo brasileiro da forma como eles estão plantando. E os resultados devem aparecer em pouco tempo. Uma sociedade hipócrita e covarde, sentirá na pele que a justiça deve ser igual para todos. E quanto a justiça é diferente para alguns, a conta não tarda a chegar para todos.

De qualquer forma, parabéns a Vana pelo empenho e garra em alcançar este marginal. Não fossem vítimas como Vana, a impunidade reinaria por completo. Vida longa!


sábado, 9 de maio de 2015

Agora no Google Play

O livro "Tráfico de Órgãos no Brasil - O que a máfia não quer que você saiba" também está disponível para venda e para leitura no Google Play.

Para acessá-lo basta clicar aqui

O livro já possui mais de 10 mil leitores. Devido ao compartilhamento on line do livro e também dos próprios leitores, estima-se que perto de 20 mil pessoas já tenham lido a história. Em breve o livro será lançado também em Inglês com a ajuda da Prof. Nancy Scheper-Hughes, professora e doutora em antroplogia na Universidade de Berkeley - Califórnia, que se ofereceu inclusive para escrever uma introdução para esta versão estrangeira. Além de colaborar com a tradução do livro, a prof. Nancy também ajudou na elaboração do documentário H.O.T., produção italiana, em que participei. O documentário foi vencedor de diversos prêmios na Europa e em diversos países do mundo.

O segundo livro que faz parte deste projeto está sendo escrito e será muito interessante pois abordará o assunto corrupção na justiça brasileira diante dos casos de assassinato de doadores e consequentemente a venda de seus órgãos. 

Se você leu o livro, entre no Google Play e escreva a sua opinião. 

Obrigado à todos!

Tráfico de Órgãos no Brasil - Aviso importante

Tenho recebido várias mensagens sobre uma fato ocorrido no Brasil. Uma fotógrafa que circulava em um carro com sua equipe, em busca de crianças para fotografar, foi denunciada como suspeita de tentar roubar crianças para tráfico de órgãos. Nas redes sociais, algumas pessoas distribuiram o caso, depois de solucionado, com um aviso: "Cuidado com o que você compartilha, pois pode ser mentira."

Esclarecimentos

Tais fatos (boatos) existem aos montes. Na prática, seria quase impossível que alguém fosse raptado atualmente para tais práticas (tráfico de órgãos). No passado não duvido que tenha acontecido, mas agora isto não é mais possível - e nem necessário. 

O crime de tráfico de órgãos acontece no local mais seguro (ou que pensamos ser o mais seguro). Dentro de hospitais públicos, nas UTIS, em pacientes cuja saúde é delicada, geralmente por traumas cranianos e AVC (acidente vascular cerebral). 

Estes pacientes são considerados um peso para os hospitais. Muitas vezes suas mortes são aceleradas para abrir uma vaga na UTI e ao mesmo tempo, para aumentar o número de doação de órgãos. A morte também é acelerada por uma razão simples: quanto mais cedo o órgão for retirado do corpo, melhor será a condição deste órgão. Segundo pesquisas da medicina chinesa, um órgão retirado de um paciente vivo, tem chances maiores de sucesso, do que órgãos retirados de pessoas com morte encefálica diagnosticada. Isto é um fato também confirmado pela medicina Britânica.

Campanha de doação de órgãos da ABTO
A imagem não parece ser de uma criança
doadora e sim de uma criança raptada.
Portanto, não compartilhem notícias sobre roubo de crianças para tráfico de órgãos. Tais roubos geralmente são falsos. Quando acontecem, a finalidade é a pedofilia, exploração sexual ou trabalho escravo. Há ainda episódios comprovados de mágia negra. Mas tráfico de órgãos não. Isto colabora para que os interessados em transformar o tráfico de órgãos (ou seja, os próprios traficantes), em mito, tenham sucesso. 

Para quem quer investigar casos de tráfico de órgãos, não é necessário seguir vans pela cidade. Basta visitar uma UTI pública em qualquer hospital do Brasil. Se tiver acesso, perceberá que pessoas, principalmente em coma, estão sendo abatidas com frequência para doarem seus órgãos. 

Lembre-se que a ABTO determina metas de doação para todo o Brasil. Esta organização deseja colocar o Brasil na posição número 1 de doadores de órgãos no mundo, e não tem medido esforços para isto. O número de doador por milhão de habitante é a marca que transplantistas brasileiros querem superar. Atualmente a Espanha é o país onde há o maior número de doadores de órgãos. Para isto, acreditem, existem metas de produção expostas até mesmo nos sites da ABTO. 

Como uma indústria tem suas metas de produção e empresas tem suas metas de vendas, o transplante tem como meta aumentar o número de doadores - e não salvar vidas como se imagina e querem fazer você acreditar. 

Ironicamente, não há qualquer preocupação com os resultados. Não importa o que aconteça após o transplante. Inúmeros casos falham logo após a cirurgia. Mas isto não importa. Não estão buscando a qualidade e sim a quantidade. Quanto mais transplantes (com ou sem sucesso) maior é a rentabilidade, maior é a exposição na mídia, maior é o caminho da fama. E os mortos que se danem. 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Aprenda a zombar da justiça brasileira. É fácil!

Quem acompanha os casos da Máfia do tráfico de órgãos em Poços de Caldas, certamente deve ter lido a sentença do caso 5 (leia a sentença clicando aqui). Ontem, eu estava conversando com uma médica que solicitou-me orientações sobre um fato que está acontecendo no hospital onde trabalha, e citei esta sentença como um exemplo que se encaixava perfeitamente no assunto a que estavamos discutindo. Para quem não leu, a sentença condena alguns médicos pela morte de um paciente doador de órgãos. Entre os médicos, Alessandra Angélica Queiroz Araújo, que realizava retiradas de córneas sem ter credenciamento exigido por lei. 

Resolvi saber mais sobre a médica Alessandra, que acabou se livrando da justiça devido a pena estar prescrita. O fato de a justiça levar 15 anos para julgá-la, já é um bom motivo para zombar da justiça. Mas Alessandra vai além.

Em suas alegações durante o processo, Alessandra disse que foi enganada ou ainda, acreditava que estava credenciada para realizar transplantes - e de fato não estava e nunca esteve! Zombou um pouquinho mais. Para se credenciar, são exigidos diversos documentos, que Alessandra nunca forneceu. Será que ela acreditava que os documentos para seu credenciamento voaram para Brasília sozinhos e ela nem se deu conta?

Pouco provável. Se alguém se dispõe a participar de transplantes, precisa apresentar muitos documentos. Eles não se apresentam sozinhos.

Será que aprendeu a lição? Ou a impunidade faz destas pessoas, humanos mais atrevidos?

Pois bem. Livre e desempedida, a doutora está em terras distantes dos fatos do crime, e no hospital em que trabalha, deve ter sido novamente enganada ou pior, ainda hoje acredita que está credenciada. Mas segundo a minha opinião, ela está contando com a impunidade. Quem se livra uma vez, se livra duas, três, dez. Basta ver sua biografia no site do hospital onde trabalha:


Sim meus amigos! Ela declara ter experiência em transplante de córneas.

Isto é o que eu chamo de zombar da justiça. Declara que tem experiência em transplantes de córneas, ignorando o fato de nunca ter sido credenciada para tais cirurgias, conforme determina a lei. Mudam de hospital mas os hábitos continuam os mesmos.  A pergunta que fica é: Se ela tem experiência em transplantes, como nunca foi credenciada? De onde vem esta experiência? Do mercado negro?

O que importa para a doutora é que ela está livre, leve e solta. E as leis? Ora as leis... que se danem.

Uma justiça como a brasileira, merece mesmo é ser zombada.

domingo, 3 de maio de 2015

Tráfico de órgãos: Um mito criado pela justiça?

Apesar das diversas reportagens sobre o assunto, sempre em uma imprensa restrita, os transplantistas continuam afirmando que tráfico de órgãos é um mito, e que não há ninguém condenado em definitivo por este tipo de crime.

Em um ponto, eles estão certo. Não há nenhuma condenação definitiva para alguém que tenha sido acusado de tráfico de órgãos. A impressão então, é de que não há este tipo de crime. Você já deve ter ouvido alguém usar a frase "sensação de impunidade no Brasil", não é mesmo? Só que de sensação, não existe nada. Existe a impunidade como ela é, e não apenas uma sensação. No Brasil, só paga pelos crimes os que não tem recursos para se defender. Quem se defende ou tem influência, dificilmente enfrenta a pena. 

No caso de tráfico de órgãos, a impunidade é vexatória. Envergonha uma justiça que já perdeu a vergonha há muito tempo. Trata-se de uma grande armadilha criada pela justiça que vou desvendar neste texto.

Veja o que está acontecendo neste momento, nos casos relacionados abaixo:



TAUBATÉ

O caso de Taubaté, denunciado pelo médico Kalume, já fez o seu 30o. aniversário sem que a justiça tenha dado um veredito. Inexplicavelmente (ou nem tanto), um tribunal não tem competência para julgar um caso durante 30 anos. Os acusados já foram condenados e os recursos já duram 5 anos, e tudo indica que acabará este processo em pizza. Sensação de impunidade??? 

As provas são inquestionáveis, os acusados foram condenados em juri popular, e a justiça simplesmente não é capaz de dar o veredito. Enquanto isto, os assassinos continuam trabalhando e vivendo naturalmente como se nada tivesse acontecido. Alguém com muito poder, segura o processo em uma gaveta para que mofe até apodrecer. A justiça brasileira é suja, desonesta e tendenciosa. Tende para o lado que pagar mais.


POÇOS DE CALDAS

O caso de Poços de Caldas caminha para o mesmo rumo. Julgamentos adiados várias vezes, por motivos banais, processos em 2a instância que simplesmente não andam e tudo vagarosamente indo para a vala do esquecimento. Para o limbo da impunidade. Para a satisfação de certos magistrados, desembargadores e promotores (que parecem não se importar com a demora), a demora alimenta a corrupção. Quanto mais demora, mais dinheiro deve ser pago pelos interessados em parar o processo. Quando mais se paga, mais para o fundo da gaveta, o processo é acomodado.

E qual é a armadilha?

Em 2007 entrei com uma ação na OEA (Organização dos Estados Americanos) contra o Brasil. E foi então que tive uma grande e desagradável surpresa: Enquanto o Brasil não der a sentença definitiva, nada pode ser feito fora do país. O governo brasileiro, aliás, utiliza justamente este argumento: Nós ainda não temos uma decisão final que possa ser questionada. Ou seja, o caso ainda está em andamento.

Nesta semana, comecei a fazer contatos na Comissão Européia de Direitos Humanos, onde estou sendo orientado por uma equipe desta entidade. A primeira boa notícia é que aqui, eu tenho direito como cidadão europeu. A segunda boa notícia é que a punição pode se extender aos que estão nadando em propinas para manter o processo parado. E a única notícia ruim é que enquanto não houver uma decisão final, não posso fazer nada. 

Entenderam? A justiça brasileira não dá uma decisão para os casos para que não possamos agir fora do país. Sabem que sem uma sentença, nada poderá ser feito. Então seguram os processos por 15, 30 anos, para que as vítimas fiquem atadas e sem possibilidades de ação.

Os vigaristas são especialistas. Sabem e conhecem todos os passos da impunidade. A impunidade não é gerada ao acaso. Ela existe e é muito bem planejada. 


A IMPRENSA

Quando a imprensa não tem medo, e noticía tais fatos, a justiça se vê obrigada a agir. Nos casos de tráfico de órgãos, o espaço que resta é virtual, através de poucas notícias que conseguimos distribuir. Impera a lei do silêncio. Para cada linha escrita sobre o tráfico de órgãos, são publicadas páginas e páginas em apoio aos transplantes, que como sabemos, no Brasil, estão nas mãos de pessoas desonestas. Pessoas capazes de contrariar leis e apoiar quem mata para manter a aparência de um serviço eficiente (que aliás, não é).


SÃO SÓ DOIS CASOS!

Não! São duas cidades. Mais de 15 vítimas. Além disso, para quem se informa sobre as histórias, percebe o quanto é difícil levar uma investigação adiante. São ameaças, pessoas influentes (médicos, deputados e até promotores) que fazem o impossível para abafar o assunto. Testemunhas assassinadas, sumiço de provas e humilhação das vítimas, acusadas de sofrerem de problemas mentais. Todos que denunciam este assunto, sofrem grande pressão para abandonar a idéia. Se tivessemos instituições sólidas, o número seria muito maior.


O QUE FAZER ENTÃO?

Documentar é a palavra chave. O tempo passa e geralmente tudo se perde. O importante é armazenar todos os dados possíveis sobre os envolvidos, desde os réus, até seus cumplices. Um dia este processo vai ter de acabar, ou ficará claro que o mito só é mito porque não foram homens para julgar. A comissão européia de direitos humanos está aberta. Só resta a justiça brasileira criar um pouco de vergonha na cara e fazer o seu trabalho que custa a você que está lendo, mais de 60 bilhões por ano. 60 bilhões para corruptos e incompetentes, que o único resultado que produzem é a impunidade.

Assim é muito fácil criar um mito!

Mas o mito mesmo não é o tráfico de órgãos e sim a seriedade e imparcialidade da justiça brasileira.
O mito é a fila de transplante que é fraudada diariamente para o benefício de alguém que pode pagar e passar à frente daqueles que estão a beira da morte, com a ajuda - que ironia - da própria justiça, que concede autorizações para transplantes fora da fila. 

Isto sim é mito!