Do Estadão
Os três primeiros meses de 2015 não foram animadores para quem espera um transplante no Brasil. A recusa familiar para doar um órgão continua assustadora no país: 43%. Aliado à triste realidade, os números de doações de órgãos caíram em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo os dados atuais da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). A quantidade de potenciais doadores teve queda de 1,4% e de doadores efetivos, de 0,8%.
No primeiro trimestre deste ano, dos 1.862 transplantes realizados, 1.305 foram de rim, o equivalente a 70%, mas os transplantes renais caíram 7,6%, sendo que 20,3% da baixa foi de doador vivo e 3,4% de doador falecido. Essa taxa de doador vivo é a menor dos últimos 20 anos, de acordo com o relatório. Atualmente, há 18 818 brasileiros na fila de espera por um rim e cerca de 105 mil em diálise. Só em São Paulo, são 9.178 na lista. Segundo o médico nefrologista Rui Alberto Gomes, do Instituto de Nefrologia de Mogi das Cruzes, as dificuldades que impedem um aumento expressivo do número de transplantes se devem ao número insuficiente de doadores e também às dificuldades estruturais para a viabilização das cirurgias.
Os dados demonstram dois fatores interessantes. O primeiro é que os transplantes estão sendo feitos na maioria com doadores vivos, cujos doadores, no futuro, poderão precisar de um transplante. Isto significa que não estamos resolvendo nenhum problema e sim adiando uma solução. Os que são transplantados hoje estão gerando uma nova geração que precisará entrar na fila daqui há alguns anos.
O segundo fator é a interferência da justiça na questão de doação de órgãos, pois para cada transplante inter vivos é preciso uma decisão judicial. Sem ela - pelo menos por lei - não se pode transplantar. Os transplantes estão gerando uma enorme renda para tribunais e advogados. Vale lembrar que a doação de pessoa viva, não entrega o órgão doado para a fila única e sim para uma pessoa específica. O aumento da doação de órgãos inter vivos, não diminui a fila! Muitos vão a justiça para fazer o transplante sem mesmo estar na fila.
Em todas as reportagens sobre queda na doação, vem a tona os motivos desta queda. Como sempre, apontam a "ignorância" daqueles que não doam e não entendem que podem salvar outras vidas. Outros insistem que notícias sobre "boatos" derrubam as doações.
Meus caros especialistas. A solução é bastante óbvia. Basta que os casos de tráfico de órgãos sejam divulgados com transparência e principalmente que sejam punidos. Quando um cidadão, com a mínima inteligência, tem acesso a informação, percebe que casos em que doadores foram assassinados demoram 20 anos para serem julgados e todos os envolvidos acabam impunes.
Sem transparência e com mentiras, não há como garantir segurança a qualquer cidadão que queira doar os órgãos. O resultado disso é a negativa da família em aceitar doar os órgãos. Se eu soubesse o que sei hoje, jamais teria concordado com a doação do meu filho. E faço questão de divulgar isto por este motivo. Quem quer doar, que doe, mas conheça a verdade sobre os bastidores deste programa, que é sujo e tem como objetivo números.
O mais rídiculo em toda esta história, e ver que médicos brasileiros criticam os negócios obscuros com os médicos de Cuba, mas fazem o mesmo com os transplantes. Ou seja, a sujeira alheia não é permitida, mas o lixão nacional, deve ser aceito??
O brasileiro não é mais ingênuo. Sabem que onde há fumaça, há incêndio.
Eu faria propaganda pró doação se a justiça fizesse seu papel sem interferência deste grupo maldito de transplantistas desonestos. Enquanto isto não acontece, eu sou contra a doação e acho que você que está lendo, deve ser cauteloso em relação ao assunto. A corrupção não acontece só na política.
Vale lembrar ainda que a ABTO apóia os médicos de Poços de Caldas condenados por tráfico de órgãos, tendo inclusive alguns ex-presidentes como testemunha de defesa.
2 comentários:
ABTO, assoc. de bestalhados, tontos e ord.? Ops, apoiam condenados pela Justiça? Então não é nada disso, sabem bem o que fazem e porque fazem.
E não é só de órgãos para transplantes, Paulo, é de tudo que possa ser 'aproveitado': pele, ossos, tendões,dentes... e o cadáver inteiro para tanques de formol. Já apanhei mais do que boi em horta de japonês com minhas intervenções em algumas redes, FB mais que outras. Acabei desenvolvendo uma pergunta fatal para fechar questão. Sempre digo, ok, mudo de opinião e faço campanha de doação se me trouxer a relação detalhada de quantos médicos, e demais trabalhadores da Saúde, incluindo assistentes sociais, bem como familiares de todos eles até quinto grau, morreram nos últimos 30 anos de advento da técnica de transplantes, e doaram seus órgãos e cadáveres para estudo formando novos médicos! Se me provar quantos médicos doaram, mudo todo meu discurso. Agora vai e volte somente com a lista que pedi.
Nunca voltaram... Não têm como provar. Não é desperdício um médico que usou corpos para se formar, aprender, não seja ele mesmo um continuador de tão bela missão e tão nobre uso de seu corpo? Pois é... Perguntas sem respostas, com elas desarmei todos que vinham me atacar e não vieram mais.
As baixas apontadas na matéria, podem ser também por conta da lei seca que reduziu muito os acidentes. Mas nem tocaram no assunto mais. Só que já fizeram até manifesto sobre o malefício da lei seca sobre a fila dos que esperam órgãos, lembra? De uma associação de necessitados de fígado, com aval de médicos, segundo o manifesto apresentava.
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