Carlos Henrique Marcondes era o Diretor Administrativo da Santa Casa quando foi cruelmente assassinado pela máfia do tráfico de órgãos, muito bem protegida pelos desembargadores mineiros Flavio Batista Leite, Karin Emmerich e Wanderley Paiva.
Eu enviei um pedido de explicação ao MPMG e recebi a seguinte resposta. Depois da resposta, leiam a minha conclusão.
Inquérito Policial nº 051802020992-1
MM. Juiz,
Trata-se de inquérito policial instaurado mediante portaria visando à apuração das circunstâncias que envolveram a morte de Carlos Henrique Marcondes, vulgo Carlão, então diretor administrativo da Santa Casa de Misericórdia de Poços de Caldas, palco de inúmeros crimes em apuração, praticados em tese pela famigerada “Máfia dos Transplantes”.
Pelo exposto, em data de 24/02/2002, por volta das 07h30 da manhã, Carlão foi encontrado agonizante em seu veículo particular em uma rua do bairro Bortolan, nesta cidade de Poços de Caldas.
O quadro se mostrava como possível suicídio. A vítima portava uma arma em suas mãos e apresentava um ferimento na boca, caracterizado por um orifício de entrada de projétil no palato duro (vulgarmente conhecido como “céu da boca”). Ainda com sinais de vida, foi levada prontamente a nosocômio (a própria Santa Casa), mas não resistiu aos ferimentos e veio a falecer.
Como havia notícias nos autos de que a vítima apresentava um quadro depressivo provocado pelos problemas financeiros da Santa Casa e pelas investigações da Máfia dos Transplantes (a própria vítima era investigada em diversos inquéritos), a hipótese de suicídio mostrou-se razoável.
O IP foi arquivado por atipicidade, concluindo os então responsáveis pelo autoextermínio.
As circunstâncias, todavia, indicavam outra história. O IP foi posteriormente desarquivado, havendo notícias de novas provas. Após longa investigação, inclusive pela Corregedoria de Polícia Civil, chegamos ao relatório complementar de fls. 879/931, onde, após extensa e bem fundamentada explanação, a autoridade policial responsável concluiu pela ocorrência de homicídio.
Apresenta inúmeros elementos de convicção a respeito, com os quais concordamos amplamente, dentre os quais se destacam:
- A vítima deixara sua residência naquele dia portando documentos que apresentaria em uma reunião. Tais documentos mostravam a real situação financeira da Santa Casa e estavam em duas pastas, vistas pela esposa de Carlão. Tais pastas desapareceram, bem como outros bens da vítima, como um par de óculos importados marca Oakley.
- Carlão era esperado na Santa Casa para uma reunião com o conselho administrativo, onde possivelmente iria pedir demissão (ou ser demitido, não se sabe ao certo) do cargo de diretor, devido à ruína financeira provocada pelo descredenciamento da Santa Casa para transplantes, motivada pelas notícias de venda ilegal de órgãos (fato apurado por CPI e auditoria do Ministério da Saúde, que resultou na instauração de vários inquéritos policiais e processos criminais contra médicos ali atuantes, já com algumas condenações em primeiro grau).
- Carlão não tinha perfil suicida. Era esportista e bem humorado, embora andasse preocupado. Tinha recebido ameaças. Os próprios funcionários do hospital não perceberam qualquer quadro depressivo que justificasse ou explicasse o autoextermínio. Na verdade, somente alguns suspeitos de envolvimento na Máfia dos Transplantes dão notícias de comportamento depressivo por parte do então diretor.
- Carlão mandara instalar escutas telefônicas clandestinas em três terminais telefônicos do hospital (tal fato é certo e comprovado pelo próprio funcionário que procedeu à instalação, bem como por outras testemunhas). Gravara conversas que comprovavam a venda de órgãos, ouvidas inclusive por sua esposa Ângela. Tais fitas desapareceram.
- Carlão deixou seu imóvel residencial sozinho em seu carro, dirigindo-se à reunião, mas estranhamente fez o caminho de retorno. Uma testemunha idônea viu Carlão passar acompanhado de pessoa desconhecida no banco do passageiro. Possivelmente seu algoz. O veículo estava com os vidros fechados, o que não era do feitio da vítima, que era claustrofóbico.
- Não houve bilhete suicida ou qualquer demonstração prévia de que a vítima pretendesse cometer autoextermínio.
Há outros elementos de convicção relevantes, mas este não é o momento para decliná-los. O correto é que o Ministério Público não tem a A vítima sabia muito, tinha provas, era direta ou indiretamente envolvido na Máfia, havia receio de que revelasse às autoridades o que sabia, já que investigado pela Polícia Federal em vários inquéritos.
Parece-nos, no jargão popular, a tradicional “queima de arquivo”. Houve homicídio com simulação de suicídio.
A prova técnica colhida, que atesta a morte, aliada à prova subjetiva colhida, perfaz a necessária prova da existência do crime, a chamada materialidade delitiva.
Infelizmente, pontos relevantes não foram esclarecidos:
- Quem era a pessoa que acompanhava Carlão em seu veículo instantes antes de sua morte?
- Quem foi o mandante? É certo que foi a famigerada Máfia dos Transplantes, mas quem? Não se denuncia uma entidade abstrata ou uma organização informal. Denuncia-se pessoa certa e determinada. É um dos requisitos formais da denúncia.
Logo, realizadas inúmeras diligências e já decorridos mais de 14 anos da data do óbito, não se logrou apurar a autoria.
Não há mais diligências a serem requisitadas ou sugeridas à autoridade policial.
Assim, outra solução não resta senão o ARQUIVAMENTO dos autos, salvo notícias de novas provas, nos termos do art. 18 do Código de Processo Penal Brasileiro.
MARCELO MATTAR DINIZ - Promotor de justiça de Minas Gerais.
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Carlos Marcondes com as mãos enfaixadas para dificultar as investigações. |
Caros amigos, estou de volta. Como vocês podem ver, Carlão é vítima de queima de arquivo. Muito bem! Mas o Ministério Público alega que não tem como chegar aos autores do crime. Diz ainda que é certo que o crime é uma ação da Máfia dos Transplantes. O promotor não se refere como a máfia do tráfico de órgãos. Ele tem medo ou rabo preso. Transplantes não é crime e portanto não há máfia. Tráfico de órgãos é crime e portanto é uma máfia, pois envolve muitos bandidos. Aprendeu promotor?
Estranho também que não tenham - mais uma vez - citado a questão das mãos enfaixadas com ácido que prejudicou as investigações na época. Isto não aconteceu promotor? E Corregedoria da polícia? Também não falou nada? A quem vocês estão protegendo? Quanto vocês estão levando nessa?
Vamos ajudar o MPMG.
- Perguntaram para o médico João Alberto Góes Brandão, por que ele jogou ácido nas mãos de Carlão? Ele foi o responsável pelo atendimento! Não perguntaram por que? Ele já não poderia ser indiciado por obstruir a justiça e destruir provas?? - No mínimo??
- O promotor diz ter outras provas que não é o momento de citá-las e em seguida manda arquivar o caso. Quando será o momento de citá-las promotor? Quanto morrer a 4a testemunha?? Afinal já mataram 3! Qual o melhor momento?? Depois do arquivamento de todo o processo? É vergonhosa a qualidade do Ministério Público de Minas Gerais. Ou é vergonhosa a corrupção desta entidade?
- As fitas sumiram? O nome das funcionárias do hospital que limparam o local onde estavam as fitas, já foram informadas ao MP. Basta perguntar a elas, o que fizeram com as fitas e por que fizeram. Perguntar inclusive, quem mandou que fizessem. Elas podem negar, mas foram elas que informaram a viúva sobre a limpeza na sala de Marcondes. Não me parece difícil.
- Funcionários envolvidos na Máfia foram os único que disseram que Carlão estava deprimido. Os demais funcionários disseram que não notaram nada. Um desses funcionários que disse que Carlão estava deprimido é Regina Maria Battagini Cioffi, atual candidata a prefeita de Poços de Caldas. Vocês perguntaram à ela, por que teria mentido afirmando que Carlão estava deprimindo??
- Foi a máfia, mas não podemos denunciar a máfia. Ou seja, se eu montar um grupo qualquer criminoso (como fez Carlos Mosconi) e mandar matar o filho de um dos médicos, simulando suicídio, vocês não poderão me denunciar?? É assim que funciona??
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Promotor Marcelo Mattar Diniz, que não consegue chegar a autoria do crime e sequer entrou com recurso contra a anulação da sentença do caso Pavesi. |
Aproveito o texto para saber por que Marcelo Mattar Diniz não entrou com recursos contra a absurda decisão de anular a sentença, proferida pelo desembargador Flavio Batista Leite? Está com medo? Foi ameaçado? ou simplesmente está facilitando as coisas para a "máfia dos transplantes"?
É mais um documento que comprova tudo o que venho dizendo há 16 anos. Uma atriz que tem suas fotos nuas roubadas é preso em 5 dias. Um grupo mafioso que mata dezenas de pessoas, ninguém consegue chegar aos autores. Pelo menos aprendi uma! Um grupo não pode ser responsabilizado por homicídio. Isso é importante.