Desembargadores comprados

Desembargadores comprados

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Ao contrário do nosso Ministério Público...

O Ministério Público da Índia está apurando o comércio ilegal de órgãos.

Assim como o "Caixa 2" no Brasil é tratado como "dinheiro não contabilizado", o tráfico de órgãos no mundo é tratado como "comércio ilegal de órgãos". Quando um marginal mata alguém, é assassinato. Quando este marginal é médico, dizem que ele cometeu a "Eutanásia". Um marginal que rouba dinheiro de um banco é ladrão. Se o marginal for político, ele apenas cometeu "improbidade administrativa".

Vítimas sobreviventes do tsunami de 2004 estão vendendo seus próprios rins no estado de Tamil Nadu. Assim como as drogas, o tráfico de órgãos só existe porque há o consumidor. Se alguém está disposto a pagar por um rim, alguém aparecerá disposto à vendê-lo - obviamente. lei da oferta e da procura.

Como todo negócio clandestino, sempre uma das partes quer ser mais esperta. Com isso, uma ONG denunciou ao MP que no vilarejo de Ernavur pelo menos 150 mulheres teriam vendido os seus rins, e que algumas após terem doado o órgão não receberam o dinheiro prometido. Talvez seja este o motivo - e só este - que mobilizaram as autoridades. Se o negócio tivesse sido cumprido à risca, ninguém ficaria sabendo. Mas quem está comprando órgãos, não deve ter a ética como um de seus princípios.

Estima-se que a cada mês, entre 60 e 70 rins são transplantados ilegalmente na região.

O preço pago por um rim é de 100 mil rúpias, equivalente a US$ 2,2 mil. Mas alguns têm vendido o órgão pela metade do preço. Uma doadora, que se identificou apenas como Muthamma, de 35 anos de idade, conta que “eles me pediram para passar como se fosse a tia de um garoto de 15 anos de idade esperando por uma doação. Me pagaram US$ 562 pelo rim, e fiquei 10 dias internada no hospital à espera do transplante”.

Repare que o relato da "doadora" revela que há um hospital envolvido. E se há um hospital, há certamente médicos. Os US$ 562 pagos pelos rins, no Brasil não cobriria 3 sessões particulares de hemodiálise.

Deveria haver um consenso mundial. Médicos que se sujeitam a vender humanos em pedaços, deveria ter como pena a retirada de seus próprios órgãos. Tenho certeza que isto colocaria um fim neste tipo de comércio, afinal, em 2002 quando foi realizado um levantamento nos documentos de médicos brasileiros, apenas 2% eram favoráveis a doação de seus próprios órgãos. Isso demonstra que médicos sabem que um rim vale muito mais do que US$ 562. Um rim pode valer uma vida, e vida nenhuma pode ter preço.

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