Maquiavél ensinou ao mundo, como inverter valores. Foi um dos maiores escritores sobre o assunto. Para que as pessoas entendam o que estou escrevendo agora, é preciso ouvir uma estória contada por este pensador político.
Numa terra bem distante, havia um rei. Seu reinado sobrevivia graças a cobrança de impostos de seu povo, assim como o Brasil é hoje. Com o estado em crise o rei chamou seus fiés escudeiros e ordenou que fossem aos vilarejos cobrar impostos, assim como o governo faz hoje. Caso alguém não pagasse, foi determinado pelo rei que lhe cortassem a cabeça, preferencialmente na frente de sua família. Assim, o exemplo serviria aos outros.Chegando ao vilarejo, começaram as cobranças. Até que surgiu o primeiro inadimplente. Negou-se a pagar. Não por vontade própria, mas pela simples e comum falta de recursos. Teve num só golpe a cabeça separada do corpo. Os filhos em volta choravam, a mulher soluçava mas era assim que funcionava.O povo porém indignado com as punições pela inadimplência, resolveu tirar satisfações junto ao rei. Diante do castelo, algumas dezenas de manifestantes gritavam em protesto à morte do inadimplente. O rei recebeu a comissão pessoalmente e perguntou:- O que aconteceu ao meu amado povo?- O senhor mandou decaptar quem não pagasse os impostos. Um membro de nossa comunidade, com 5 filhos e a mulher grávida , desempregado, sem dinheiro foi decaptado. Acha isso justo?!- Obviamente que não! Absurdo completo! Vamos apurar imediatamente! Seria interessante que pudessemos contar com a colaboração de vocês. Sabem dizer quem foi o autor de tal crueldade?- O filho mais velho do inadimplente morto apontou para um guarda e disse: É ele. Não tenho dúvidas.Diante das acusações que foram reforçados pelos demais membros, o rei ordenou que o guarda fosse executado, ali mesmo, na frente de todos. Depois disso, sorridente gritou aos fiéis:- JUSTIÇA PARA O MEU AMADO POVO!E todos se foram com a sensação de terem banido do mundo um assassino cruel e o rei deu fim à principal testemunha da crueldade.
A nova versão tem o mesmo conteúdo, os mesmos personagens, emboram aconteçam ligeiramente diferentes sob alguns aspectos. Hoje não existe apenas um rei. São vários.
O Governador veio à público e disse que já determinou que não vai mais liberar pagamentos até que se apurem os responsáveis. Mas esqueceu de dizer que a responsabilidade pela falta de fiscalização, acompanhamento e controle é dele. Está claro que está procurando uma cabeça para sua forca. O colarinho branco de sua camisa, me parece ser do tamanho ideal.
O Ministério Público veio à público e disse que vai fiscalizar cada parede das novas escavações. Mas esqueceu que este não é um favor. É uma obrigação. Está anunciando que vai fazer daqui para frente o que já deveria estar fazendo, mas com um ar de vingança aos mortos: "Não vamos dar espaços" ou ainda "Estaremos fiscalizando cada grão de areia".
uerem na verdade criarem a imagem perante a população de fiés defensores do povo, quando na verdade foi a omissão deles que permitiu que a tragédia acontecesse. Como diriam os americanos: BULLSHIT!!
E sabe qual o detalhe mais interessante desta história?
Somos nós cidadãos da cidade de São Paulo, que pagaremos indenizações para os familiares das vítimas. Afinal, se o estado for condenado a indenizá-los - e na minha opinião nem precisaria de processos - o dinheiro saíra dos nossos bolsos e não do orçamento doméstico do governador, ou das contas bancárias particulares dos promotores do Ministério Público.
Daqui há alguns dias, veremos promotores e governador dizendo que graças à eles, tudo foi resolvido.
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