Desembargadores comprados

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quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

O poder da inversão

Maquiavél ensinou ao mundo, como inverter valores. Foi um dos maiores escritores sobre o assunto. Para que as pessoas entendam o que estou escrevendo agora, é preciso ouvir uma estória contada por este pensador político.
Numa terra bem distante, havia um rei. Seu reinado sobrevivia graças a cobrança de impostos de seu povo, assim como o Brasil é hoje. Com o estado em crise o rei chamou seus fiés escudeiros e ordenou que fossem aos vilarejos cobrar impostos, assim como o governo faz hoje. Caso alguém não pagasse, foi determinado pelo rei que lhe cortassem a cabeça, preferencialmente na frente de sua família. Assim, o exemplo serviria aos outros.

Chegando ao vilarejo, começaram as cobranças. Até que surgiu o primeiro inadimplente. Negou-se a pagar. Não por vontade própria, mas pela simples e comum falta de recursos. Teve num só golpe a cabeça separada do corpo. Os filhos em volta choravam, a mulher soluçava mas era assim que funcionava.

O povo porém indignado com as punições pela inadimplência, resolveu tirar satisfações junto ao rei. Diante do castelo, algumas dezenas de manifestantes gritavam em protesto à morte do inadimplente. O rei recebeu a comissão pessoalmente e perguntou:

- O que aconteceu ao meu amado povo?

- O senhor mandou decaptar quem não pagasse os impostos. Um membro de nossa comunidade, com 5 filhos e a mulher grávida , desempregado, sem dinheiro foi decaptado. Acha isso justo?!

- Obviamente que não! Absurdo completo! Vamos apurar imediatamente! Seria interessante que pudessemos contar com a colaboração de vocês. Sabem dizer quem foi o autor de tal crueldade?

- O filho mais velho do inadimplente morto apontou para um guarda e disse: É ele. Não tenho dúvidas.

Diante das acusações que foram reforçados pelos demais membros, o rei ordenou que o guarda fosse executado, ali mesmo, na frente de todos. Depois disso, sorridente gritou aos fiéis:

- JUSTIÇA PARA O MEU AMADO POVO!

E todos se foram com a sensação de terem banido do mundo um assassino cruel e o rei deu fim à principal testemunha da crueldade.
A nova versão tem o mesmo conteúdo, os mesmos personagens, emboram aconteçam ligeiramente diferentes sob alguns aspectos. Hoje não existe apenas um rei. São vários.

O Governador veio à público e disse que já determinou que não vai mais liberar pagamentos até que se apurem os responsáveis. Mas esqueceu de dizer que a responsabilidade pela falta de fiscalização, acompanhamento e controle é dele. Está claro que está procurando uma cabeça para sua forca. O colarinho branco de sua camisa, me parece ser do tamanho ideal.

O Ministério Público veio à público e disse que vai fiscalizar cada parede das novas escavações. Mas esqueceu que este não é um favor. É uma obrigação. Está anunciando que vai fazer daqui para frente o que já deveria estar fazendo, mas com um ar de vingança aos mortos: "Não vamos dar espaços" ou ainda "Estaremos fiscalizando cada grão de areia".

uerem na verdade criarem a imagem perante a população de fiés defensores do povo, quando na verdade foi a omissão deles que permitiu que a tragédia acontecesse. Como diriam os americanos: BULLSHIT!!

E sabe qual o detalhe mais interessante desta história?

Somos nós cidadãos da cidade de São Paulo, que pagaremos indenizações para os familiares das vítimas. Afinal, se o estado for condenado a indenizá-los - e na minha opinião nem precisaria de processos - o dinheiro saíra dos nossos bolsos e não do orçamento doméstico do governador, ou das contas bancárias particulares dos promotores do Ministério Público.

Daqui há alguns dias, veremos promotores e governador dizendo que graças à eles, tudo foi resolvido.

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