Desembargadores comprados

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A verdade sobre a doaçao de orgaos esta nas paginas dos jornais.

O texto abaixo foi publicado no Campo Grande News e podera ser lido atraves do link abaixo. No entanto, como a reportagem é muito interessante resolvi reproduzi-la na integra aqui no Blog e comentar os pontos principais. Essa provavelmente nao saira em grandes jornais. 

FONTE: Campo Grande News

MS não faz transplante de coração e famílias vivem drama
Segunda-feira, 04 de Janeiro de 2010 09:49
Aline Queiroz, Danúbia Burema e Adriany Vital


Aristeo conta que família se mudou para Capital para que filho tivesse tratamento. O dia 08 de dezembro de 2009 ficará na memória das famílias campo-grandenses Fernandes e Araújo. O jovem Cristiano dos Santos Fernandes, 24 anos, morreu pela falta de transplante de coração e Zaida Cristina de Araújo, 36 anos, teve morte cerebral, porém, os órgãos só foram doados dois dias depois a pessoas de outros estados. Embora histórias como estas pudessem se cruzar e acabar com o sofrimento de sul-mato-grossenses que esperam por um transplante de coração, o Estado não realiza o procedimento há pelo menos cinco anos. Desde que Cristiano nasceu enfrentou problemas cardíacos. Os pais, Aristeo Fernandes e Ezanir dos Santos Fernandes, moravam em Jardim e constantemente eram obrigados a vir para Campo Grande. Em busca de tratamento para Cristiano, a família teve de se mudar para a Capital. Em 2003, aos 17 anos, ele teve uma crise cardíaca que o deixou internado por quatro meses. Cardiologistas diagnosticaram que Cristiano havia perdido 80% da força do coração e deram o prazo fatal: ele sobreviveria no máximo um ano.
Durante todo o tempo em que os pais procuraram a salvação para o jovem, jamais tiveram conhecimento da susposta fila para o transplante. “Nunca ouvimos dizer”, lamenta o pai. Segundo Aristeo, uma pessoa conhecida da família, que trabalha em hospitais da Capital, chegou a procurar o nome de Cristiano junto à Central de Transplantes e não encontrou.
Aristeo conta que a recuperação de Cristiano, em 2003, causou surpresa aos médicos e renovou a esperança da família. Para ele, caso o filho tivesse conseguido o tão sonhado coração, poderia estar vivo. Durante todo ano passado, o jovem precisou de acompanhamento médico por várias vezes. Em 09 de novembro, o quadro se agravou e ele foi internado na Santa Casa de Campo Grande. Aristeo revela que o filho estava bastante inchado quando precisou da internação.
Ele chegou a pedir aos médicos que colocassem Cristiano na fila para o transplante. “Eles (médicos) não disseram nem que sim nem que não. O problema era muito grave. Não sei se já não compensava mais”, desabafa.
Quase um mês depois, o jovem morreu. A certidão de óbito aponta como causa para a morte: insuficiência respiratória, choque cardiogênico, miocardiopatia dilatada e pneumonia. Perda - “Ficou muito difícil”, resume Aristeo quando o assunto é a vida sem o filho. O casal tem uma filha de 26 anos, mas era o Cristiano que levava a mãe ao médico para o tratamento da hipertensão. Euzanir não quis comentar o assunto.
Aristeo revela que ela não consegue mais entrar no quarto que era do filho. Para o pai, falta empenho e orientação em relação aos transplantes. Se tivessem nos falado, teríamos ido atrás, assim como corremos com tantas outras coisas”, finaliza.
Outro lado - Enquanto famílias sofrem pela falta de transplantes, a dor não é menor para os que decidem doar órgãos de seus familiares. A auxiliar de produção Sandra Salvaterra Araújo, 33 anos, lembra que a espera para doar os órgãos da irmã aumentou a dor da família. “Atrasou tudo, velório, enterro. A dor de perder mais a da espera foram ruins, muito sofrimento”, lembra.

A irmã de Sandra, Zaida Cristina de Araújo, 36 anos, teve morte cerebral no dia 8 de dezembro deste ano, após sofrer traumatismo craniano em acidente ocorrido no dia anterior. Segundo a família, até hoje as circunstâncias do acidente não foram esclarecidas, parentes sabem apenas que o namorado de Sandra, que conduzia a motocicleta em que ela estava, perdeu o controle do veículo. Ela caiu e bateu a cabeça no meio-fio.
Com o diagnóstico de morte cerebral, começou o drama. A irmã dela lembra que a decisão de doar seus órgãos foi difícil, porque quando estava viva Zaida havia dito que não queria ser doadoraA gente só doou os órgãos porque foi o jeito mais rápido de desligar os aparelhos. Ela não ia viver de novo, e prolongar aquilo só ia aumentar a dor dela e o sofrimento da família”, diz Sandra.
Contudo, após a autorização para doar órgãos, procedimento que deveria ser rápido demorou mais de dois dias, segundo os familiares. “Só tinha médicos com especialidade para remoção dos rins e córneas em Mato Grosso do Sul, o restante teve que vir de Minas Gerais e de São Paulo”, detalha. Sandra conta que os médicos avisaram que o procedimento iria demorar, mas a família não imaginou que fosse tanto.
Ela diz que se houvesse outra maneira de autorizarem o desligamento dos aparelhos, teria desistido da doação.
“Demorou muito, e quando o corpo chegou nem pudemos ficar direito com ela porque tinha outro velório marcado”, reclama o filho de Zaida, Pedro Henrique Araújo, de 14 anos, ao lembrar que a demora na liberação do corpo encurtou o tempo da despedida dos familiares. Da experiência resultou à família uma péssima impressão sobre o gesto de doação de órgãos. “Se acontecesse de novo eu pensaria duas vezes, não pela doação, que acho um gesto bonito, mas pela demora”, afirma Sandra.
A irmã da doadora diz ainda que preferia que os órgãos dela tivessem ficado com sul-mato-grossenses, local onde ela nasceu, mas foram quase todos levados para outros estados. “Tem muita gente que está na fila de espera em MS precisando de tudo aquilo que ela doou”, completa.
Central de Transplantes - A Secretaria de Estado de Saúde informa apenas que 16 pessoas aguardam transplante de coração.
No entanto, a coordenadora da Central, Claire Miozzo, não concedeu entrevista para explicar porque o procedimento não é feito há cinco anos. Ela foi procurada durante duas semanas para esclarecer os motivos e dizer se existe alguma perspectiva para a retomada das cirurgias.


Meus comentarios


Entenderam como funciona a transparencia dos transplantes? Sim, a coordenadora se nega a dar informaçoes  a imprensa por duas semanas até que tudo caia no esquecimento. Mas o que me fez publicar esta historia sao os detalhes que nao sao peculiares so neste caso, mas em muitos que a imprensa nao publica.

Todos os anos se investem milhoes em propagandas pro doaçao, e quando uma familia doa, descobre que a propaganda é uma grande enganaçao. Apesar de atenderem os apelos das propagandas, os orgaos sao enviados para outros estados, deixando morrer aqueles que tem urgencia. Os criterios de urgencia simplesmente sao ignorados. A reportagem nao fala onde foi implantado os orgaos retirados ali e em que condiçoes. Ninguem sabera. Ele pode ter saido do estado de MS para abastecer uma fila particular.

O pai revela que chegou a pedir para que o filho fosse inserido na fila de transplantes, mas nao fizeram. Por que? Porque sabiam que nao poderiam atende-lo. Alem disso, uma pessoa que morre na fila, transforma-se em um numero precioso. Sera usado mais tarde como justificativa para pedirem novas doaçoes.

"Esta vendo? morrem pessoas na fila todos os dias! Precisamos de doadores!"

Mas quando encontram doadores, os orgaos desaparecem e sao implantados em algum paciente muito longe. Longe ate mesmo da fila do SUS.

Reparem estes outros dois pontos muito importantes:
1. A doadora havia se manifestado contrariamente a doaçao de seus orgaos quando estava viva e a familia foi informada. Mas mesmo assim os orgaos foram doados. Portanto, aquela propaganda que diz que voce deve informar sua familia para fazer valer a sua vontade é uma grande mentira. Sua vontade pouco importa. Voce esta morta. Os transplantistas usarao todos os metodos sujos para que a familia doe. Neste caso, condicionaram o desligamento dos aparelhos a doaçao.
2. A familia so aceitou doar para "acelerar" o processo de desligamento dos aparelhos. Mal sabe a familia que se a doadora estivesse sedada, poderia apresentar falsos sinais de morte encefalica e portanto estaria viva. Posso apostar com quem quiser, que ela recebeu barbituricos ou benzodiazepinicos para o tratamento do trauma, e que estes medicamentos nao foram considerados para os *criterios de impedimento para o diagnostico de morte. Alias, a demora nao é justificavel uma vez que sao 12 horas no maximo para a realizaçao de um segundo diagnostico. Logo, esta evidente que o resultado do primeiro diagnostico foi que ela estava viva. Tiveram de esperar mais tempo para que ela - sem atendimento adequado - viesse de fato a falecer.
Um coraçao sobrevive apto a transplantes no maximo até 3 horas apos a parada cardiaca. O prolongamento artificial dos batimentos cardiacos podem anular a possibilidade de transplantes. A unica justificativa para mante-la por dois dias com o coraçao batendo é que nao havia a morte encefalica quando comunicaram a familia.

Neste momento, o prontuario esta passando por uma grande correçao onde uma nova historinha sera criada para justificar todo o fato. Em 2002, depois do caso Paulinho, O Conselho Federal de Medicina criou uma nova resoluçao determinando que os prontuarios so podem ser entregues a familia depois de serem revisados. Ou seja, a verdade nao deve chegar as maos dos familiares.

* criterios de impedimento para o diagnostico de morte:
Segundo a resoluçao 1.480/97, pacientes que receberam dosagens de barbituricos ou benzodiazepinicos, nao podem ser submetidos ao diagnostico pois o mesmo podera apresentar falso positivo.

Tudo isto é fato, e nao lenda urbana.


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