Desembargadores comprados

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domingo, 3 de maio de 2015

Tráfico de órgãos: Um mito criado pela justiça?

Apesar das diversas reportagens sobre o assunto, sempre em uma imprensa restrita, os transplantistas continuam afirmando que tráfico de órgãos é um mito, e que não há ninguém condenado em definitivo por este tipo de crime.

Em um ponto, eles estão certo. Não há nenhuma condenação definitiva para alguém que tenha sido acusado de tráfico de órgãos. A impressão então, é de que não há este tipo de crime. Você já deve ter ouvido alguém usar a frase "sensação de impunidade no Brasil", não é mesmo? Só que de sensação, não existe nada. Existe a impunidade como ela é, e não apenas uma sensação. No Brasil, só paga pelos crimes os que não tem recursos para se defender. Quem se defende ou tem influência, dificilmente enfrenta a pena. 

No caso de tráfico de órgãos, a impunidade é vexatória. Envergonha uma justiça que já perdeu a vergonha há muito tempo. Trata-se de uma grande armadilha criada pela justiça que vou desvendar neste texto.

Veja o que está acontecendo neste momento, nos casos relacionados abaixo:



TAUBATÉ

O caso de Taubaté, denunciado pelo médico Kalume, já fez o seu 30o. aniversário sem que a justiça tenha dado um veredito. Inexplicavelmente (ou nem tanto), um tribunal não tem competência para julgar um caso durante 30 anos. Os acusados já foram condenados e os recursos já duram 5 anos, e tudo indica que acabará este processo em pizza. Sensação de impunidade??? 

As provas são inquestionáveis, os acusados foram condenados em juri popular, e a justiça simplesmente não é capaz de dar o veredito. Enquanto isto, os assassinos continuam trabalhando e vivendo naturalmente como se nada tivesse acontecido. Alguém com muito poder, segura o processo em uma gaveta para que mofe até apodrecer. A justiça brasileira é suja, desonesta e tendenciosa. Tende para o lado que pagar mais.


POÇOS DE CALDAS

O caso de Poços de Caldas caminha para o mesmo rumo. Julgamentos adiados várias vezes, por motivos banais, processos em 2a instância que simplesmente não andam e tudo vagarosamente indo para a vala do esquecimento. Para o limbo da impunidade. Para a satisfação de certos magistrados, desembargadores e promotores (que parecem não se importar com a demora), a demora alimenta a corrupção. Quanto mais demora, mais dinheiro deve ser pago pelos interessados em parar o processo. Quando mais se paga, mais para o fundo da gaveta, o processo é acomodado.

E qual é a armadilha?

Em 2007 entrei com uma ação na OEA (Organização dos Estados Americanos) contra o Brasil. E foi então que tive uma grande e desagradável surpresa: Enquanto o Brasil não der a sentença definitiva, nada pode ser feito fora do país. O governo brasileiro, aliás, utiliza justamente este argumento: Nós ainda não temos uma decisão final que possa ser questionada. Ou seja, o caso ainda está em andamento.

Nesta semana, comecei a fazer contatos na Comissão Européia de Direitos Humanos, onde estou sendo orientado por uma equipe desta entidade. A primeira boa notícia é que aqui, eu tenho direito como cidadão europeu. A segunda boa notícia é que a punição pode se extender aos que estão nadando em propinas para manter o processo parado. E a única notícia ruim é que enquanto não houver uma decisão final, não posso fazer nada. 

Entenderam? A justiça brasileira não dá uma decisão para os casos para que não possamos agir fora do país. Sabem que sem uma sentença, nada poderá ser feito. Então seguram os processos por 15, 30 anos, para que as vítimas fiquem atadas e sem possibilidades de ação.

Os vigaristas são especialistas. Sabem e conhecem todos os passos da impunidade. A impunidade não é gerada ao acaso. Ela existe e é muito bem planejada. 


A IMPRENSA

Quando a imprensa não tem medo, e noticía tais fatos, a justiça se vê obrigada a agir. Nos casos de tráfico de órgãos, o espaço que resta é virtual, através de poucas notícias que conseguimos distribuir. Impera a lei do silêncio. Para cada linha escrita sobre o tráfico de órgãos, são publicadas páginas e páginas em apoio aos transplantes, que como sabemos, no Brasil, estão nas mãos de pessoas desonestas. Pessoas capazes de contrariar leis e apoiar quem mata para manter a aparência de um serviço eficiente (que aliás, não é).


SÃO SÓ DOIS CASOS!

Não! São duas cidades. Mais de 15 vítimas. Além disso, para quem se informa sobre as histórias, percebe o quanto é difícil levar uma investigação adiante. São ameaças, pessoas influentes (médicos, deputados e até promotores) que fazem o impossível para abafar o assunto. Testemunhas assassinadas, sumiço de provas e humilhação das vítimas, acusadas de sofrerem de problemas mentais. Todos que denunciam este assunto, sofrem grande pressão para abandonar a idéia. Se tivessemos instituições sólidas, o número seria muito maior.


O QUE FAZER ENTÃO?

Documentar é a palavra chave. O tempo passa e geralmente tudo se perde. O importante é armazenar todos os dados possíveis sobre os envolvidos, desde os réus, até seus cumplices. Um dia este processo vai ter de acabar, ou ficará claro que o mito só é mito porque não foram homens para julgar. A comissão européia de direitos humanos está aberta. Só resta a justiça brasileira criar um pouco de vergonha na cara e fazer o seu trabalho que custa a você que está lendo, mais de 60 bilhões por ano. 60 bilhões para corruptos e incompetentes, que o único resultado que produzem é a impunidade.

Assim é muito fácil criar um mito!

Mas o mito mesmo não é o tráfico de órgãos e sim a seriedade e imparcialidade da justiça brasileira.
O mito é a fila de transplante que é fraudada diariamente para o benefício de alguém que pode pagar e passar à frente daqueles que estão a beira da morte, com a ajuda - que ironia - da própria justiça, que concede autorizações para transplantes fora da fila. 

Isto sim é mito!

10 comentários:

ROSELI SARILHO MANTU disse...

CONHEÇO SUA LUTA, SEI DA DOR E SAUDADE , DA IMPUNIDADE E DO PAÍS QUE VIVEMOS. JÁ LHE PERGUNTEI, VOLTO A PERGUNTAR. CONCORDO COM TUDO QUE ESCREVE, MAS E AS PESSOAS QUE PRECISAM VIVER E ESPERAM POR UM TRANSPLANTE, O QUE FAZER ? SE NESSE MOMENTO PRECISASSE DE UM, O QUE FARIA ? SE SEU FILHO FOSSE O PACIENTE, SABENDO D TUDO QUE SABE HOJE, O QUE FARIA ? ONTEM ASSISTI PELA SEGUNDA VEZ O FILME COM AQUELE ATOR DAISE WO, NÃO SEI ESCREVER O NOME DELE, O QUAL FAZ REFÉNS EM UM HOSPITAL PARA CONSEGUIR ENTRAR NA FILA, O FILHO ESTÁ MORRENDO. NO MEU CASO SEI QUE OS MÉDICOS QUE MATARAM MINHA FILHA NÃO SERÃO CONDENADOS NUNCA. TENHO QUASE 62 ANOS, O QUE VOU FAZER ? COMO É DIFÍCIL E LAMENTÁVEL ESSE BRASIL.

Paulo Pavesi disse...

Cara Roseli, o transplante de órgãos é uma realidade e uma esperança para muita gente. Morando na Europa eu pude perceber que é perfeitamente possível a realização de transplantes sem a necessidade de matar pacientes ou vender órgãos. Os problemas de saúde atingem muitas pessoas em todo o mundo, e nem por isso autoridades são coniventes com crimes. Não é culpa minha se os transplantes de órgãos no Brasil são sujos como quase tudo o que tem por ai. Não é culpa minha que a corrupção e a busca incansável por dinheiro fácil, coloque estes pacientes na beira da cova. E enquanto estes pacientes não se revoltarem e exigirem respeito, continuarão sendo passados para trás por esta máfia inescrupulosa.

ROSELI SARILHO MANTU disse...

MINHA CULPA TB NÃO É, MATARAM MINHA FILHA POR PURA NEGLIGÊNCIA. A PERGUNTA É , O QUE FAZER ? O POVO AINDA É CORDEIRO, ENQUANTO ISSO COMO AGIR, TERÁ SAÍDA ? CLARO QUE NÃO.

Paulo Pavesi disse...

Diante da realidade brasileira não há nada a ser feito. A justiça não funciona, as instituições estão falidas. Não se investiga quem tem o mínimo de poder. Brasil é terra de ninguém. Não se pode publicar nem mesmo um livro que é censurado. O Brasil regrediu ao tempo das cavernas. Um grupo manda em tudo e ninguém pode fazer nada.

Jorge disse...

Amigo Paulo,
é por isso que em casos como esse eu defendo a justiça com as próprias mãos (bala na cabeça de cada médico pegando-os em emboscadas). Essa é a única língua que eles entendem. Se fosse com meu filho eu não pensaria nem meia vez antes de fazer isso.

Anônimo disse...

Veja como andam os casos de Recife. Acredito que ali os processos tenham chegado ao final, inclusive um israelense foi preso outro dia mesmo. Pode usar aquele caso, quem sabe?

Paulo Pavesi disse...

Ah sim! O caso em que envolve outro país, tudo corre muito rápido. Se bem que o médico brasileiro preso neste caso, vive com um tremendo conforto conforme já foi denunciado aqui no Blog e também pela imprensa.

Anônimo disse...

Paulo, não deixe de escrever, nos mantenha informados, a imprensa não noticia nada!!!!
Os últimos 3 "medicos" assassinos presos ainda estão na cadeia?...
Espero que sim

Abcç

Helio José disse...

É o estado islâmico de colarinho branco ...

Anônimo disse...

Até onde sei os últimos 3 médicos assassinos ainda estão comendo o pó da cadeia. A pergunta é: até quando? Pela lógica do sistema (só PPPP ficam presos) logo estarão na rua e retornando para suas vidas medíocres de médicos charlatães.