Desembargadores comprados

Desembargadores comprados

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Pequenas distorções

A notícia já está no passado, mas vale a pena revivê-la. Nós precisamos disso para sobrevivermos. As vezes, as pessoas que achamos que podem nos salvar, são aquelas justamente que causam o nosso fim.
Mãe mata filha de 1 ano com overdose de cocaína na mamadeira
Daniele Prado, de 21 anos, foi indiciada pela morte da filha, de apenas 1 ano e 3 meses, por overdose de cocaína. A menina morreu por volta das 10h40 de domingo, após ser internada no Pronto Socorro Infantil de Taubaté, no interior de São Paulo.
O delegado Paulo Rodrigues diz ter provas que incriminam a mãe. “Foi um homicídio doloso (com intenção ou noção do risco). A mãe ministrava cocaína na mamadeira da criança. Ela morreu de overdose”, acusa o delegado. “No inquérito, ela não soube explicar o que aconteceu. Ela diz que tem lampejos de memória e que não sabe o que faz”, completa o delegado.
Ainda de acordo com a polícia, Daniele admitiu ter problemas com drogas. A suspeita de que o bebê teria morrido de overdose surgiu quando os médicos que atenderam a criança encontraram um pó branco em sua língua. A polícia encontrou na casa da mãe uma mamadeira, com resíduos da droga. Daniela vivia separada do pai da criança, que já foi localizado pela polícia.
Pouco tempo depois...

Laudo inocenta mãe acusada de matar filha

Daniele foi acusada de colocar cocaína na mamadeira ela foi libertada e diz que agora quer saber do que a filha morreu. O laudo definitivo do material colhido na boca e na mamadeira da criança divulgado anteontem negou o uso da droga

Foi colocada em liberdade ontem, depois de 37 dias de prisão, a jovem Daniele Toledo do Prado, 21, acusada injustamente de envenenar a própria filha, Victória Maria do Prado Iori Camargo, de apenas um ano e três meses, com cocaína colocada na mamadeira da menina.

Laudo definitivo do Instituto de Criminalística provou que não era cocaína o pó branco encontrado na mamadeira. Também deu negativo para cocaína o exame feito no pó branco encontrado na boca da criança e recolhido no hospital.

Caiu assim a única evidência que incriminava Daniele, um laudo provisório que a levou à prisão logo que constatada a morte clínica da menina, às 10h40 de 29 de outubro. O alvará de soltura foi concedido pelo juiz da Vara do Júri e da Infância e Juventude de Taubaté, Marco Antonio Montemor.

"Eu nem tinha ainda conseguido entender o que significava aquele pííííííííí do oxímetro (que indicava a ausência de pulso), a correria dos médicos para ressuscitá-la, o corpinho inerte da Victória ainda com o tubo saindo da boca, quando a doutora Érika me arrastou pelo braço para a sala onde estava minha filha, gritando: "Olha o que você fez, sua assassina. Encara o que você fez, monstro."

Dali, sem tempo para chorar a perda da filha, Daniele foi levada para a cadeia pública de Pindamonhangaba.

"Joga o bicho da mamadeira para cá."
Essa foi a senha para o início da surra que deixou Daniele com a mandíbula quebrada, hematomas no corpo e lesões na cabeça, por causa das pancadas contra as grades da cela. Nada menos do que 18 presas participaram da ação contra a jovem.
"Uma presa enfiou uma caneta no meu ouvido e já ia dar um soco para que entrasse até o talo, quando outra lhe pediu que não fizesse isso. Então, ela quebrou a caneta e metade ficou dentro", lembra Daniele. Apesar dos gritos, o socorro só chegou duas horas depois, ao amanhecer, quando a jovem foi levada inconsciente para o pronto-socorro.
Doença estranha
Daniele e sua filha eram bem conhecidas no Hospital Universitário de Taubaté. A menininha tinha uma doença até hoje não diagnosticada, que a deixava inconsciente por várias horas. A criança tomava de quatro a cinco remédios diariamente, inclusive um para evitar convulsões, composto por pó branco.
Por causa do agravamento de seu quadro clínico, os últimos quatro meses de vida de Victória foram um entra-e-sai do hospital, com várias internações na UTI.
No dia 8 de outubro, a filha internada, Daniele foi estuprada dentro do hospital. Bastante machucada e em estado de choque, foi atendida lá mesmo. Segundo o delegado-seccional de Taubaté (130 km de SP), Roberto Martins de Barros, um laudo confirma a violência sexual.
Na delegacia, Daniele acusou, como autor do crime, um quintanista de medicina, do corpo de residentes do hospital.
"Ele me ameaçava e dizia, enquanto me estuprava, que sabia que eu precisava do hospital para cuidar da minha filha", lembra Daniele.Depois da denúncia contra o residente, a moça teve de ir à delegacia outra vez, antes da morte da filha.
A mãe denuncia que, mesmo inconsciente, a criança ficou sem atendimento até as 4h25, quando recebeu glicose em soro. Nesse momento, foi coletada a substância branca da língua da criança (a mesma que o exame preliminar do Instituto de Criminalística afirmava ser cocaína). Às 10h40, Victória morreu.
Assim que foi libertada, ontem, a mãe de Victória abraçou os familiares que a esperavam do lado de fora da Penitenciária de Tremembé (a 138 km de SP). Chorou e, depois, conforme havia pedido à advogada Gladiwa de Almeida Ribeiro, foi para o cemitério visitar o túmulo da menina. Ela pretende entrar na Justiça para saber se a filha morreu por omissão de socorro ou por morte natural. Também quer punir o estuprador que a vitimou. "Eu tenho o direito de saber exatamente do que a minha Victória morreu."
Eu não devia falar, mas vou dizer:
O que está entre linhas nesta história
O estuprador de Daniele, é um estudante de medicina e trabalha no hospital de Taubaté. Este hospital é onde nos anos 80 matavam potenciais doadores para venda de órgãos, num convênio com médicos renomados da capital paulistana.
Mais uma vez, a verdade vem à tona e não pelas mãos da justiça, mas pelo destino de toda a verdade.
Daniele foi estuprada por um médico e denunciou - antes da morte de sua filha - a violência a que foi submetida. A doença que matou o bebê, cujos estupradores não tiveram capacidade de diagnosticar a tempo, foi desprezada. Enquanto Daniele era estuprada, ouvia seu algoz dizer:
"Você precisa do hospital para manter sua filha viva!"
Após a denúncia de Daniele, na primeira oportunidade que tiveram, os médicos disseram à polícia que a criança fora assassinada pela mãe que colocou cocaína na mamadeira propositalmente. Com isto, a mãe passou a ser uma drogada assassinada, o que certamente desqualificaria qualquer denúncia que ela tivesse feito contra o médico estuprador.
E assim foi feito.
Daniele foi espancada e teve um de seus tímpanos perfurados, pois a polícia fez questão de deixar claro na cela onde ela foi colocada, que estava presa por matar sua filha. Isto é o que o corporativismo médico tem proporcionado à sociedade. É uma máfia intocável com braços em várias instâncias do poder público.
O juíz ainda pretende levar Daniele à juri popular por homicídio. Mas os verdadeiros assassinos de sua filha e a pessoa que a estuprou estão longe de serem sequer indiciados ou questionados pelo que fizeram. O nome de Daniele foi amplamente divulgado como sendo o monstro que mata bebês com cocaína, mas o estuprador está sendo protegido pela justiça brasileira.
Daniele não perdeu somente o seu bebê. Com as acusações dos médicos, a justiça brasileira tomou o outro filho Victor de 3 anos.
O inquérito aberto para apurar o estupro em Daniele, corre em segredo de justiça para proteger o nome do estudante de medicina que a estuprou. Nem a própria advogada de Daniele teve acesso ao inquérito. A vida de Daniele foi exterminada sumariamente pois dificilmente conseguirá se refazer de tudo o que aconteceu. Foi divulgada pela imprensa como uma drogada que matou a filha, com base nas palavras de "médicos" que protegiam um estuprador.

2 comentários:

Unknown disse...

Meu Deus,que País de injustiça,sinto muito por essa mãe!!! Que a verdade prevaleça, e os culpados pagam pelo que fizeram,pois foi a filha de daniela,e amanhã ou depois pode ser de qualquer um de nós,

Baêta Alves disse...

Isso tem que mudar,até quando vamos ver esse tipo de injustiças em nosso país.vamos botar esse estuprador safado na cadeia.