Desembargadores comprados

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sexta-feira, 23 de março de 2012

Quem disse que nao podemos contar com a justiça?

Voce se lembra de Roger Abdelmassih? Ele foi um renomado medico brasileiro que de tao renomado achou que podia abusar sexualmente de suas pacientes.  O estuprador foi condenado a 278 anos de prisao,  mas nao cumprira um so dia. O estuprador esta foragido. E sabe por que? 

A resposta é simples. No Brasil, medico renomado é sinonimo de impunidade como vou demonstrar neste post. Ele foi e esta sendo protegido por quem deveria puni-lo. Nao é interessante?

Tudo começou em 1993. Vanuzia Leite Lopes denunciou Abdelmassih ao CREMESP (Conselho Regional de Medicina de Sao Paulo) e tambem a policia civil.


Ambos arquivaram a denuncia sem qualquer explicaçao, usando como base aquela famosa frase: "Arquivamento por falta de provas". Nenhuma investigaçao foi realizada, ninguem foi interrogado, nada foi feito para frear o estrupador, renomado e milionario.

O estuprador era tao sujo que Vanuzia acabou adquirindo uma infecçao por causa do abuso. Até hoje o CREMESP recusa-se a informar porque arquivou a denuncia em 1993, alegando sigilo. Com a impunidade, Abdelmassih percebeu que era forte o bastante para que fosse interrompido em suas realizaçoes. Protegido pela policia e pelo CREMESP, o estuprador prosseguiu tranquilo e seguro.

Em janeiro de 2009, graças a denuncia de uma ex-funcionaria de Abdelmassih que por varias vezes observou os atos do renomado medico atraves das cameras de segurança, outras mulheres criaram coragem e confirmaram a denuncia.

Para os advogados de Abdelmassih, tudo nao passava de inveja das pacientes, e um esquema dos concorrentes para derruba-lo. Mas o numero de pacientes abusadas nao parava de crescer. Alem disso, descobriu-se que o renomado medico nao se limitava ao abuso sexual. Ele tambem utilizava materias geneticos sem o conhecimento de suas pacientes.

Abdelmassih era tao seguro de si, que faltou a diversas intimaçoes para prestar depoimento. Até liminar foi concedida ao dr. estupro para que ele nao comparecesse aos depoimentos.

Em junho de 2009, finalmente o medico foi indiciado por estupro e atentado violento ao pudor.  Mesmo com todas as testemunhas e provas apresentadas contra o estuprador, em agosto de 2009, o CREMESP que no passado ja havia protegido Abdelmassih declarou que para a maioria dos conselheiros, não existiam “provas inequívocas” e evidências de “danos irreparáveis” as supostas vítimas que justificariam a interdição cautelar do registro profissional de Abdelmassih. Não havia, portanto, segundo o CREMESP, “os requisitos legais” para o afastamento do médico.

Renato Azevedo Júnior, vice-presidente do Cremesp na Epoca, disse que a decisão de não suspender imediatamente o médico poderia ser reconsiderada, caso houvesse “novos fatos”. Quem sabe novos estupros.

Mesmo com toda a defesa do CREMESP e diversos atores globais, no mesmo mes de agosto de 2009, finalmente Abdelmassih foi preso. A defesa do renomado estuprador reuniu mais de 180 testemunhas em favor do medico.

Como era de se esperar no Brasil, diversos movimentos foram criados em apoia ao medico. Textos espalhados pela internet diziam que se tratava de mais um caso semelhante a escola de base, onde pessoas foram acusadas injustamente e tiveram as suas vidas destruidas.

Alias, a escola de base tornou-se a cadeira de roda dos medicos acusados de cometerem crimes. Todos sao colocados como vitimas de uma possivel escola de base.

Agora vou demonstrar como Abdelmassih foi ajudado.

Em 2009 os advogados do estuprador tentaram de todas as formas tira-lo da cadeia. A justiça negou todos os habeas corpus. Pouco antes de ser preso, Abdelmassih tentou renovar o visto americano. Um sinal claro de que ele planejava fugir.

Em dezembro de 2009 muitas coisas aconteceram: 
  • as contas de Abdelmassih foram bloqueadas pela justiça. 
  • o medico deu inicio a um processo de anulaçao do casamento anterior com o intuito de casar-se novamente com a Procurado Larissa Sacco. 
  • O presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, aproveitou o recesso da justiça e contrariando todas as decisoes anteriores, concedeu em tempo recorde, liberdade ao estuprador.
Que parceria!!
Em fevereiro de 2010 Abdelmassih e a Procuradora Larissa Sacco se casam em uma cerimonia restrita.

Em maio de 2010, a mais recente esposa do estuprador, a procuradora Larissa Maria Sacco tentou burlar o bloqueio dos bens de seu marido. Para passar por cima da lei, Sacco teve a ajuda de sua irmã, Elaine Therezinha Sacco Khouri. Ambas criaram uma empresa, a Agropecuária Colema, para receber dinheiro das empresas que exploram uma fazenda de Abdelmassih em Avaré (SP), tentando contornar, assim, o bloqueio dos recursos. 

Tambem foi em Maio de 2010 que a revista Veja publicou uma reportagem informando que o criminalista Marcio Thomaz Bastos havia recebido 5 milhoes de reais para defender o estuprador, a maior quantia paga no Brasil a um advogado criminalista.

Em junho de 2010, o estuprador anuncia que sera pai novamente e protocola um pedido de renuncia a medicina para se safar de uma nova prisao.

Somente em julho de 2010 o Conselho de Medicina cassa em definitivo o registro do estuprador.

Em 4 de setembro de 2010, uma grande surpresa! A justiça brasileira desbloqueia todas as contas bancarias os bens de Abdelmassih.

Em novembro de 2010, Abdelmassih foi condenado a 278 anos de prisao. Mesmo ja condenado, o medico nao foi preso. Ainda em novembro, o STF evita julgar o pedido de prisao do estuprador. A agilidade utilizada pelo supremo para livrar o medico nao foi a mesma agilidade para que ele voltasse a prisao.

Em janeiro de 2011, gozando de plena liberdade, Abdelmassih é pego tentando renovar o passaporte. Fica claro que o STF esta dando tempo ao estuprador para que ele planejasse a sua fuga. Se tivesse sido preso, Abdelmassih estaria cumprindo a sua pena. Somente apos tentatar renovar o passaporte uma nova prisao é decretada.

Mas ja era tarde demais. Abdelmassih ja havia fugido.

Em abril de 2011, a esposa do estuprador renunciou ao cargo de procuradora.
Em junho de 2011, Abdelmassih colocou os seus bens a venda.

A policia suspeita que ele esteja no Libano, terra natal do seu pai. O Libano nao tem acordo de extradiçao com o Brasil e por isso o medico dificilmente sera entregue ao Brasil para cumprir a sua pena.

Pra finalizar.

Repare como tudo foi sendo construido para que o estuprador pudesse escapar. Ele foi solto, casou-se, teve os bens desbloqueados, tentou obter passaportes, foi condenado e desapareceu sem que ninguem percebesse. Nenhuma autoridade acompanhava ou vigiava o estuprador apesar dos varios indicios de que ele planejava fugir. 

Abdelmassih, se preso, sofreria muito na prisao pois entraria com o status de estuprador. Crime considerado cruel até pelos proprios detentos. Certamente ele sentiria na pele o que fez suas vitimas sentirem. A justiça brasileira nao admite que um medico renomado, cliente de Thomaz Bastos - ainda que estuprador - passe por esta situaçao. 

Nao seria justo insinuar que a justiça ajudou Abdelmassih. Por isso estou afirmando. Nao so ajudou, como esta ajudando neste momento. A justiça sabe muito bem onde esta Abdelmassih. E ele esta muito bem protegido.

As vitimas deveriam acionar na justiça o Estado e o CREMESP. Foram eles que inocentaram em 1993 Abdelmassih sem mesmo realizar qualquer investigaçao, apesar das provas apresentadas na epoca de que a paciente havia sido violentada. Foram eles tambem que em 2009, quando novas denuncias vieram a tona, tentaram novamente inocentar o estuprador. Por fim, as vitimas deveriam acionar o Brasil na OEA, pois ficou claro que a justiça trabalhou com muito esforço para que Abdelmassih pudesse fugir. Os honorarios de 5 milhoes pagos ao ex-ministros, se justificam. 

Esta mini reconstituiçao so foi possivel graças ao Jornalista Paulo Lopes e seu blog que voce pode ler  em detalhes todos os passos apresentados neste texto clicando aqui

Este texto tem como objetivo fazer um alerta. Neste exato momento, a mesma justiça esta trabalhando para livrar da prisao outros medicos. Em 2011 os medicos Pedro Henrique Torrecillas, Rui Noronha Sacramento e Mariano Fiore Júnior foram condenados a 17 anos e seis meses de prisão em Taubate, em um processo que durou quase 25 anos. Nunca foram presos ou detidos e estao sendo protegidos pelo CREMESP que absolveu todos os medicos das acusaçoes, contrariando a decisao da justiça. 

Esta em andamento uma grande operaçao para que o processo seja arquivado e que o caso seja esquecido. 

Fiquem atentos. Em breve teremos novidades.

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