Desembargadores comprados

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quarta-feira, 6 de março de 2013

O que os brasileiros nao sabem e precisam saber

Voce ja deve ter visto em algum lugar, uma reportagem qualquer sobre pacientes deixados em corredores quando deveriam estar em um leito de UTI. O Brasil que todos dizem ser a 6a potencia economica mundial, nao tem leitos de UTIs para todos os pacientes que precisam. E nao ha nenhum plano ou projeto para a ampliaçao destes leitos. Em outras palavras, isto vai continuar assim. Sempre!

Para o governo, pouco importa quem sera agraciado com um leito quando precisar. Lula quando precisou foi ao Sirio Libanes! La tem leitos de sobra. Basta pagar.



Com o indiciamento da medica Virginia do Hospital Evangelico, parte da imprensa começa a reagir. Hoje em dia, quando querem inocentar alguem que esta sendo acusado de alguma coisa, recorrem ao caso da escola de base de Sao Paulo, quando 4 pessoas foram acusadas de praticarem pedofilia e eram inocentes. Tambem usaram isto no caso Paulinho, no caso do mensalao, e em tantos outros casos por ai. Basta fazer uma pesquisa no google para encontrar um monte de comentarios tentando alegar inocencia usando a escola de base. Ficou facil!

Parece que todo acusado é vitima de uma escola de base.

O que os brasileiros precisam saber?

No Brasil de hoje, existem pouco mais de 25.000 leitos de UTI para uma populaçao de 190 milhoes de pessoas. O governo brasileiro parece nao ter qualquer preocupaçao com este fato. Vale lembrar que grande parte destes leitos estao em capitais. Se voce esta em uma cidade do interior com pouco habitantes, a chance de voce ter acesso a um leito é quase impossivel. Mas todos nos poderemos vir a precisar de um. 

Em 2005, o Ministro da Saude do governo Lula, Humberto Costa tentou criar uma norma tecnica muito interessante sobre o assunto. Tratava-se de uma seria de parametros para definir quem mereceria um leito. 
"A idéia do governo é estabelecer orientações gerais na tentativa de evitar internações desnecessárias nas UTIs. Deverão ser estabelecidos critérios, com base na idade e no prognóstico sobre a evolução da doença de cada paciente, para orientar a escolha de quem deve ou não ser internado numa UTI."
A decisao, ficaria sob responsabilidade dos medicos! Eles escolheriam quem deveria ter uma chance de recuperaçao e quem deveria esperar a morte chegar. 
"O que queremos é ter um protocolo mais adequado e atualizado para dar mais segurança aos profissionais de saúde"
Sim! Dar mais segurança e principalmente respaldo legal aos praticantes de tais atos. Os medicos nao acharam que deveriam cobrar o governo para criar mais UTIs. Eles entenderam que a "missao" que lhes foi dada, parecia ser mais interessante, ainda que atentasse contra os direitos fundamentais de cada cidadao: o da vida.

A tal norma tecnica seria valida apenas em hospitais publicos. Ou seja, no SUS. Em hospitais particulares, o medico deveria colocar cada paciente necessitado de uma UTI no seu devido lugar. A vida em instituiçoes particulares tem mais valor do que nas instituiçoes publicas. 

Vejam este trecho:
O diretor do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria de Atenção à Saúde, Arthur Chioro, informou que a idade e o prognóstico - juízo médico feito com base no diagnóstico e nas possibilidades de cura - deverão ser considerados na decisão de quem deve ou não ser internado numa UTI. Ele negou, no entanto, que o Ministério da Saúde esteja regulamentando a eutanásia, assunto que é de competência do Congresso Nacional. Afinal, ponderou ele, a norma técnica definirá parâmetros científicos para decisões que já são tomadas rotineiramente nos hospitais do País.
Entenderam? A norma era apenas para dar legalidade ao fato de que pessoas estao sendo desligadas das UTIs precocemente, com base em prognosticos, idades e outras avaliaçoes. Diante disto, a medica Virginia tem razao! Nada do que ela fez, é diferente do que esta sendo praticado em todas as unidades do pais! Para otimizar o uso de UTIs é preciso muitas vezes "desentulhar".

Assim confirma o medico Carlos Padilha:
Já o médico uteísta Carlos Padilha, que vive a rotina da maior unidade de urgência do Norte-Nordeste - o Hospital da Restauração - reconhece que uma normatização sobre o assunto deve, na prática, dar mais segurança ao médico que vive a rotina de escolher qual dos vários pacientes que precisam de UTI vai de fato ocupar o leito vago. "Isto vai nos respaldar e de certa forma ajudar a nos aliviar do sentimento de culpa de definir quem vai ou não ser tratado de forma adequada"
Aliviar o sentimento de culpa de definir quem vive ou morre!

O numero de pedidos na defensoria publica por um leito na UTI tem crescido assustadoramente. Ha casos de pessoas que saem de uma cirurgia neurologica e os familiares precisam acionar a defensoria para que os mesmos nao sejam enviados para quartos comuns, sem o suporte adequado. Nao precisa ser muito inteligente para concluir que estes pacientes estao com suas vidas em risco por falta de um leito.

Vejam este outro trecho:
Nos últimos meses (em 2005), o problema veio à tona em Pernambuco depois que a Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps) denunciou a morte de pelo menos oito pacientes que aguardavam por uma vaga de UTI.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), classificou como "nazista" a proposta do Ministério da Saúde de criar normas para encaminhar pacientes aos leitos das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) de hospitais públicos. "É um sadismo que se mistura com a falta de inteligência para comunicar e com a falta de competência", afirmou. O senador, cuja mãe está internada em uma UTI por conta do mal de Alzheimer, disse estar feliz por ela não estar em um hospital público. "Eu dou graças a Deus que minha mãe não está nas mãos do ministro Humberto Costa", disse.
O texto sobre a tal medida pode ser lido na integra no site do Conselho Federal de Medicina, clicando aqui.

Ele nao deixa duvidas que o problema existe ha muito tempo, que nao ha qualquer projeto para resolve-lo e que medicos estao gerenciando a vida de pacientes com base em leitos disponiveis. Como disse Arthur Chiuro, isto acontece rotineiramente nos hospitais do pais. 

Se voce tem um sistema hospitalar deficiente, com escassez de UTIs, precisando liberar leitos e do outro lado uma alta remuneraçao para medicos que fazem transplantes e precisam de um doador de orgaos, geralmente internado em uma UTI, pode ser uma soluçao. Nao acredito e nao ha qualquer indicio de que isto foi o motivo das mortes em Santa Catarina.

Como o texto deixa claro, Virginia apenas seguiu o protocolo desentulhando a UTI, como se faz em todos os hospitais brasileiros. Por isso a medica afirmou, e com razao, que a sua condenaçao colocara em risco todos o profissionais medicos de UTI no Brasil. Todos estao fazendo isto e com a conivencia do estado, conselhos de medicina e da propria populaçao que ainda nao se deu conta destes fatos.


Por que somente Virgina?

Isto jamais iremos saber. Acho estranho inclusive que este caso tenha vindo a tona. O governo e a imprensa vem dando cobertura a estes desentulhamentos ha anos. Virginia provavelmente entrou em conflito com algum grupo que resolveu pulveriza-la. No meio medico, ainda que corporativista, isto é muito comum. 


Quando Arthur Virgilio chamou esta situaçao de Nazismo, foi injusto. Hitler nao conseguiria criar uma forma de exterminio em massa tao eficaz como esta. As camaras de gas usadas pelo Nazismo desmascararam Hitler. O que fazem hoje no Brasil é apenas o livre exercicio da medicina, ainda que seja crime.

A norma tecnica de Humberto Costa nao vingou. Mas a pratica continua acontecendo em todo o pais. Se esta norma tivesse sido implantada, Virginia e seus colegas estariam soltos e livres, apenas exercendo a medicina como se exerce em todo o pais.

Voce tem ideia de quantos brasileiros ja morreram por falta de uma UTI?

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