Desembargadores comprados

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domingo, 19 de abril de 2009

Drauzio Varella mostra como são mortos os doadores de órgãos

Se desejar ler a matéria inteira clique aqui. Eu só comentarei alguns pontos importantes.

A comunidade médica brasileira se esforça para dizer que o sistema de transplantes é transparente. E nesta transparência - só vista diante de câmeras de TV (Globo diga-se de passagem) - acaba revelando fatos interessantes, como por exemplo, como o meu filho foi assassinado. Nesta reportagem, eles descrevem passo a passo do que poderia ter sido outro assassinato. Só não foi porque haviam câmeras. Meu filho não estava protegido pela imprensa. Vamos aos fatos.

Trata-se da morte encefálica da Sra. Luzinira, que foi vítima de um derrame.

Fique atento aos títulos "PASSO 1, 2 e 3".

Logo no começo, a central de transplantes que está acompanhando o caso é representada pelo médico Reginaldo Boni que afirma:

PASSO 1

"A primeira prova está feita. Ainda não deu prazo para fazer a segunda. Terminado o protocolo, a gente conversa com a família".

Percebe-se que o protocolo para o diagnóstico de morte encefálica foi iniciado. Não há dúvidas sobre a execução deste procedimento. Segundo o médico Reginaldo Boni, "O paciente tem o direito ao diagnóstico de morte encefálica, independente se ele vai evoluir ou não para doação". Não é verdade. O diagnóstico de morte encefálica só é aplicado em pacientes potenciais doadores. Em outros casos isso não acontece, pois não há necessidade.

Em seguida o diálogo com a família:

Francisca - Amanhã, quando eu chegar no horário da visita....

Dra. Giordana Maluf - A gente já vai ter uma resposta, uma posição

Francisca - A respeito da morte cerebral, hoje, ela está ligada por aparelhos para manter os batimentos dela, a respiração.

Dra. Giordana Maluf - Quando confirmada a morte cerebral, a gente vai entrar em uma outra parte que seria a doação ou não dos órgãos.

Está claro então a realização do diagnóstico certo? Muito bem, vejamos o que vem a seguir.

A médica já falou com a família sobre uma possível doação de órgãos, mas ainda não confirmou a morte do cérebro de Dona Luzanira. Existe um protocolo, uma série de procedimentos essenciais para este diagnóstico.

Mesmo sem a comprovação da morte, a família já é assediada para fins de doação. Caso a família aceite, começa a luta para que a paciente seja diagnosticada  morta, e para isso, informações essenciais serão desprezadas como veremos a seguir. Começa agora a sessão de tortura conforma explica outro médico:

PASSO 2 - Sessão de tortura

"O primeiro é ver se a pupila contrai ao estímulo da luz. Quando você joga a luz no olho de uma pessoa normal, a pupila se contrai. Em um paciente em morte cerebral, a pupila não fecha. A gente simula que caiu um cisco no olho do paciente. Normalmente, um paciente com cisco no olho vai piscar. A gente vai no olho dele. E, ao encostar no olho, ele normalmente pisca. O paciente em morte cerebral não pisca", afirma o médico.

"Depois disso, a gente vê se há alguma movimentação ocular aos reflexos que fazem o olho mexer. Um deles é balançar a cabeça. A gente abre o olho e vira a cabeça para um lado. Normalmente, o olho vira para o outro. Porém em um paciente com morte cerebral, ao virar a cabeça, o olho permanece parado", diz o Dr. Mutarelli.

"Em seguida, para constatar que não se mexe o olho, a gente faz a prova calórica que é injetar água fria dentro do ouvido do paciente e observar a movimentação ocular. Quando injeta água, o olho vai movimentar. A pessoa normal movimenta, e o paciente em morte cerebral não tem esse movimento", detalha o médico.

"Em seguida, a gente vê se o paciente tem o reflexo de tosse. O cano que permite a oxigenação do paciente está direto no pulmão e na traquéia. Na hora em que você dá uma ligeira mexida, você estimula o reflexo de tosse. A pessoa normal tossiria. O paciente em morte cerebral não vai tossir", explica.

"Por fim, a gente faria a prova de apneia, a parada da respiração. Ao desconectarmos o aparelho, colocamos o oxigênio para garantir a oxigenação dos tecidos e do cérebro e esperamos para ver se ele respira espontaneamente ou não. A pessoa em morte cerebral não vai respirar, enquanto uma pessoa que não está em morte cerebral vai querer garantir a sua sobrevivência e vai respirar", conclui o Dr. Mutarelli.

"Esse exame neurológico deve ser repetido, pelo menos, duas vezes, por dois médicos diferentes com, no mínimo, seis horas de intervalo entre o primeiro e o segundo exames", afirma o médico.

Todos os testes acima devem ser feitos para fins do diagnóstico de morte encefálica, exceto se o paciente estiver sob sedação, pois tanto a sedação quanto a hipotermia apresentarão resultados falsos positivos do exame, ou seja, pacientes nestas condições, não responderão aos estímulos embora ainda estejam vivos. Por isso o Protocolo para o diagnóstico de morte encefálica (Resolução 1.480/97 do CFM - foto abaixo) é bastante claro: "Se a resposta for SIM a qualquer um dos itens (hipotermia ou uso de depressores do sistema nervoso central) interrompe-se o protocolo".

No entanto, a central de transplantes decide ignorar o protocolo, o que certamente causaria a morte do paciente, e determina:

PASSO 3 - Prosseguir com o protocolo custe o que custar

O serviço de captação de órgãos foi chamado. Já é noite. A direção do hospital concordou que nossa equipe registrasse o trabalho da UTI. Dona Luzanira continua na mesma. O serviço de captação de órgãos enviou a enfermeira Luciana Martins, da Santa Casa, que chega na UTI às 20h. 

Rogério, enfermeiro responsável pela UTI, passa para Luciana todas as informações da paciente. Em seguida, ela conversa, por telefone, com o médico do serviço de captação, Doutor Reginaldo.

"Foi feita sedação nela por volta de 13h de hoje, para poder entubar. A sedação foi feita com 15 miligramas de dormonid, 15 miligramas de midazolan, às 13h. Foi feito só isso, para fazer a entubação, mais nada", passa Luciana para o médico.

Dr. Reginaldo reforça que, apesar do sedativo, o protocolo deve ser seguido. "Como ela está com o mínimo de droga. A dosagem está mínima, e ela está com os sinais vitais estáveis", afirma a enfermeira.

Dr. Reginaldo passa, por telefone, as instruções: fazer os testes e deixar marcado o doppler, exame que mostra o fluxo do sangue para o cérebro e que é realizado por uma equipe de fora do hospital.

Segundo o relator do protocolo para o diagnóstico para a morte encefálica, o médico Luiz Alcides Manreza, em 8 de maio de 2002 numa entrevista para a revista CartaCapital sobre o caso Paulinho Pavesi, afirmou:

"O protocolo não estabelece um período mínimo entre a administração de drogas como o Dormonid e a realização dos exames, portanto, se aplicado com rigor, sim veta o diagnóstico de morte encefálica no caso de pacientes que tenham sido medicados com elas."

Entenderam? O relator desta resolução afirmou que protocolos devem ser suspensos em caso de uso de drogas como o Dormonid. Mas o chefe da central de transplantes ignorou a resolução 1.480/97. Manreza continua:

"Não conheço nenhum protocolo de morte encefálica no mundo que exija um período inferior a 24 horas entre a administração de drogas depressoras do sistema nervoso central e os procedimentos para diagnóstico de morte encefálica".

A equipe médica não aceitou a imposição da central de transplantes e suspendeu o protocolo. A morte desta senhora só foi diagnosticada e comprovada 5 dias depois, e o transplante não pode ser realizado. Se tivessem seguido a determinação da central, a sra. Luzanira teria seus órgãos retirados quando ainda estava viva. Mas o que isso tem a ver com o caso Paulinho, afinal o diagnóstico não foi interrompido?

Simples. O caso Paulinho, como em muitos outros casos que acontecem diariamente no Brasil, a central determinou que o protocolo fosse ignorado. Ao contrário do caso da sra. Luzanira, a equipe médica que cuidava de Paulinho era a mesma equipe que cuidava da central. Sendo assim, a determinação da central em ignorar o protocolo foi dada do chefe da central de transplante para o chefe da equipe que eram a mesma pessoa - Álvaro Ianhez. Ele não teve qualquer dúvida para seguir uma determinação que ele mesmo fez. A maior prova que o protocolo foi ignorado é que o exame de arteriografia feito após os testes de tortura e que os médicos garantiram haver morte encefálica, confirmou a presença de fluxo sanguineo, e portanto, vida.

Para que os órgãos não fossem perdidos, Paulinho foi levado para outro hospital, recebeu anestesia geral tendo em seguida os órgãos retirados quando ainda estava vivo.

Os transplantistas se negam a admitir o homicídio do meu filho, mas Varella exibiu na prática como deveria ser realizado o atendimento do Paulinho. Médicos transplantistas renomados como Osmar Medina Pestana e Valter Duro Garcia são testemunhas de defesa no processo de homicídio que Álvaro responde pela morte do meu filho, e juram que ele não fez nada de errado. 

Ele matou meu filho, e estes médicos renomados estão dando cobertura aos assassinos. Mas diante das câmeras, nenhum deles tem coragem de assumir a verdade.

Obrigado Drauzio Varella por mostrar a todos como o sistema funciona. Principalmente exibindo o caráter de quem trabalha numa central de transplantes como a de São Paulo (a maior captadora de órgãos do Brasil), e que ignora um protocolo tão "sério". O protocolo é ignorado e pacientes sedados são levados à óbitos, exceto quando há uma câmera ligada.

Ao contrário do caso acima, Paulinho foi sedado com barbitúricos e mais de 90 miligramas de Dormonid, e o protocolo seguiu normalmente para transformá-lo em doador.

NÃO DOE ÓRGÃOS. TRANSPLANTISTAS NÃO RESPEITAM O PROTOCOLO O QUE CAUSARÁ A SUA MORTE.

Lembrem-se que quando o PASSO 2 foi executado - uma verdadeira tortura - a sra. Luzanira não tinha morte encefálica que só veio ocorrer 5 dias depois destes procedimentos.

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