Desembargadores comprados

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terça-feira, 14 de abril de 2009

Eles negam, mas a CPI do tráfico de órgãos comprovou.

O jornal acima denunciou na década de 80, a retirada de órgãos de pacientes vivos. Os órgãos retirados eram enviados para Emil Sabbaga em São Paulo para implantes em pacientes particulares. 

Emil Sabbaga era o presidente da ABTO na época em que os crimes aconteceram.

Os fatos geraram um processo de homicídio onde 4 médicos responderam pela morte de 4 pacientes, entre eles, uma criança. 

Após 20 anos, a "justiça" brasileira não conseguiu chegar a uma sentença. Repito: 20 anos depois, nenhuma sentença foi dada e o processo prescreveu. Emil Sabbaga não foi denunciado pois o tráfico de órgãos não foi investigado. Pessoas poderosas e renomadas da medicina, impediram o avanço das investigações.

Nesta semana, em nome do "dom da vida", Dráuzio Varella insistiu em afirmar que isso é impossível, e que isso não acontece. Pois bem. Vejamos então o depoimento do perito que trabalhou neste caso. Trata-se do Neurologista Luis Alcides Manreza, que narrou à CPI no dia 23/06/2004 o que apurou:
O SR. LUÍS ALCIDES MANREZA - Nós temos um processo extremamente grave, que ainda está em processo judiciário, e São Paulo ganhou muita notícia quando houve a denúncia de uma série de transplantes feitos num hospital em Taubaté. Não sei se o senhor está lembrado.

O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO - É, conheço.

O SR. LUÍS ALCIDES MANREZA - Nessa época, foram encaminhados para lá 6 pacientes. A denúncia foi feita por um médico, então a notícia acabou tendo até um pouco mais de consistência, já que era uma queixa técnica. Eram várias as queixas, e tinham sido feitas até na maternidade, onde havia um índice de infecção menor. Falaram até de tráfico de órgãos, na época, e fizeram a acusação de que os doentes não preenchiam os conceitos de morte encefálica. Eu fiz parte da câmara técnica, ou melhor, da perícia, eu e 2 outros neurocirurgiões, que analisamos os 6 casos. Isso está escrito. O Conselho Federal de Medicina tem um relatório nosso. Infelizmente, desses 6 casos, 4 não preenchiam os conceitos de morte encefálica, não havia comprovação... Enfim, não preenchiam.

O SR. DEPUTADO PASTOR PEDRO RIBEIRO - Quatro casos.

O SR. LUÍS ALCIDES MANREZA - Quatro casos. Isso não quer dizer que tenha havido uma conivência, uma precipitação. Acredito até que o caso tenha sido de incapacidade, mas, enfim, não cabe a nós julgar isso. Eu sei que o processo ainda está em andamento, pela morosidade, e que o caso é extremamente desagradável. De qualquer forma, nós demos o parecer, eu e outros 2 colegas, o Prof. Gilberto Machado de Almeida e o Dr. Sérgio Pittelli, que hoje, além de neurocirurgião, é também advogado. Mas esse é o único processo de que eu tenho notícia. É extremamente desagradável, mas ainda não teve um final.
Entenderam? 6 casos foram denunciados e pelo menos 4 não preenchiam os conceitos de morte encefálica, ou seja, estavam vivos. Prestem atenção, pois é sério. O perito afirmou que 4 não estavam mortos. E o processo não deu em nada. 

Mas a CPI não apurou isso? 

Sim, mas o relatório final está nas gavetas do Procurador Geral da República que se nega levá-lo adiante e processar os indiciados. O Procurador Geral da República se negá invetigá-los. O Procurador Geral da República se limita a dizer que não vê indícios. A perícia não vale como prova. A máfia do tráfico de órgãos do Brasil é muito poderosa e atravessa anos e anos sem que nada lhe caiba.

Vale a pena ler o que disse um dos acusados, em relação a perícia:
O SR. MARIANO FIORE JÚNIOR - O Dr. Alcides... Luiz Alcides Manreza é um neurocirurgião de renome, especialista em diagnóstico de morte encefálica, que foi assistente técnico no meu depoimento — meu, especificamente, não sei se no do Dr. Aurélio — no Conselho Regional de Medicina.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - O senhor acha que ele é uma pessoa preparada para a função?

O SR. MARIANO FIORE JÚNIOR - Ele é preparado, mas ele não é aquiescente a informações externas. Aquilo que para ele é correto, é correto, e só para isso. Ele não muda muito mesmo. Ele não aceita informações estranhas a isso daí. Isso eu percebi na própria perícia. Sabe como foi feita a perícia do CRM?

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Não, não sei.

O SR. MARIANO FIORE JÚNIOR - O senhor não tem a mínima idéia.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - O senhor poderia nos contar como é que foi feita a perícia.

O SR. MARIANO FIORE JÚNIOR - Foi feita em 2 horas mais ou menos.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Se o senhor pudesse falar perto do microfone...

O SR. MARIANO FIORE JÚNIOR - Em mais ou menos 2 horas, a perícia foi feita. Os peritos foram: Luiz Alcides Manreza, Dr. Gilberto Machado de Almeida, Dr. Pitelli, que hoje é Promotor Público — eu não me lembro o nome da Santa Casa, eu não vou me lembrar do nome —, e o Dr. Ronaldo Abraham, que nos representava naquele instante, um médico neurologista de Taubaté. A perícia foi feita em 2 horas. Umas 3 semanas antes da perícia, tivemos um encontro de neurocirurgiões em São Roque. Eu perguntei ao Dr. Luiz Alcides Manreza: “E daí? O que você está achando da situação toda?” “Olha, os outros vão escrever o que eu falar”. E, normalmente, é isso daí. Agora, se o senhor tiver uma noção. O chefe era Dr. Gilberto; Dr. Manreza era assistente dele; Dr. Pitelli era assistente dele; o relatório foi produzido por Dr. Luzio, que era assistente do Dr. Gilberto. Uma escola só, com todo o fornecimento do material que nós demos. Eu creio que isso se chama vício de perícia. E isso eu conheço. Faz 27 anos que eu faço isso.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - Então, o senhor acredita que o relatório do Manreza foi viciado?

O SR. MARIANO FIORE JÚNIOR - Vicioso, porque se vicia a perícia se você não tomar necessárias cautelas. Quando cai um caso para eu estudar, o que eu faço? Eu levo isso para casa, estudo, procuro tudo, coloco-me no lugar do médico, vejo toda bibliografia que tem sobre o assunto, discuto, escrevo tudo e não só respondo aos quesitos; eu faço pormenorizadamente a descrição dos fatos para, depois, responder os quesitos. Não é assim que está escrito desse jeito.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Neucimar Fraga) - E o senhor acredita, então, que o Conselho Federal de Medicina errou quando indicou o Dr. Manreza para fazer parte da câmara técnica do conselho de morte encefálica, que hoje está em vigor na legislação de transplante?

O SR. MARIANO FIORE JÚNIOR - Não, não acredito não. Acredito que foi certíssima. Acredito que ele é um profissional competente. Ele teve vício de perícia nessa perícia. É diferente. Eu posso ter vício de perícia. Posso ser um excelente médico, mas, numa perícia, eu posso ter um vício. Naquela, eles cometeram um vício.
Se você leu, deve ter entendido. A perícia não valeu. Tinha vícios. As chapas que demonstram fluxo sanguineo no cérebro da vítima não servem para nada. O Conselho Federal de Medicina absolveu os médicos e ignorou a perícia. A máfia de tráfico de órgãos é assim. E se você insistir, terá que pedir asilo em outro país, como eu fiz.

É isso que a imensa publicidade de transplantes deseja esconder. Tráfico de órgãos e assassinatos de doadores de órgãos. Salva sua vida. Não seja doador de órgãos.

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