Este texto foi inspirado na expressão SQN ou seja, Só Que Não.
A imprensa acaba de distribuir a informação que, segundo eles, deve ser comemorada: O Brasil registrou um aumento de 90% nas doações de órgãos no país! Lindo né! Só que não.
Devemos nos lembrar SEMPRE que um doador de órgãos nada mais é que uma vítima de uma morte violenta, seja um acidente ou até mesmo assassinato. Geralmente são pessoas jovens e saudáveis que perderam as suas vidas. Comemorar o aumento na doação de órgãos é comemorar a falta de políticas de prevenção a acidentes e também a falta de políticas de segurança pública.
Os médicos transplantistas dizem que "após todos os esforços para tentar salvar a vida deste potencial doador e muita dedicação da equipe médica", foi possível salvar outras pessoas. Neste momento, nos vem a mente a seguinte imagem:
Só que não! A imagem real é bastante diferente daquilo que chamam "todos os esforços". A realidade é bem diferente:
Não há esforço nenhum! E isto é facilmente comprovado. Basta fazer uma visita a qualquer ala de atendimento de emergência nas redes públicas brasileiras. As pessoas estão morrendo devido a problemas que poderiam ser resolvidos facilmente. Estão sendo empurradas para a vala. Ou para o rol de doadores de órgãos. Isto não é triste? Só que não! No Brasil estamos comemorando o aumento dos doadores!!!
Meu filho foi medicado diversas vezes por telefone. Os médicos sequer tinham a mínima boa vontade de visitá-lo para avaliar o quadro. Medicamentos perigosos eram prescritos como aspirina. O próprio Conselho Federal de Medicina reconhece que é inadimissível a prescrição por telefone, e mesmo assim afirma que os transplantistas não cometeram nenhuma falha ética.
E as campanhas? Não são maravilhosas? Aquelas imagens sensacionais de pessoas sendo curadas graças a um transplante de órgãos e principalmente a um doador de órgãos. Qual a imagem que vem a nossa cabeça?
Na imagem acima, um grupo de médicos se curvam diante de um garoto de 11 anos que doou os rins e o fígado para salvar outra pessoa, na Ásia. Ahhh... então todos os transplantistas reverenciam o doador? Só que não.
Quando doei os órgãos do meu filho, eu fiz homenagem aos médicos e não eles ao meu filho. Depois disso descobri uma verdadeira máfia que na verdade, retiraram os órgãos dele quando ele ainda estava vivo. O doador, no Brasil, é algo descartável - usou jogou fora. A família não tem sequer o direito de saber para onde foram os órgãos, até porque, nem o Ministério da Saúde tem o controle sobre isso.
Nós, familiares do doador, fomos até vítimas de extorsão. Nos obrigaram a assumir débitos que não fizemos. Eu fui obrigado a deixar o país por questionar um simples direito.
A prova disso é que não tenho uma imagem que possa publicar aqui de algum documento, carta, ou mensagem de agradecimento ao meu filho, pois nunca fizeram isto. Ao contrário! Distribuíram a informação falsa de que ele seria um filho bastardo. Sujaram a honra dele para amenizar o crime que cometeram. Desqualificaram a nossa atitude (doar os órgãos) em benefício de uma organização criminosa.
Trata-se de um esquema tão sujo, que após tantos anos de luta, o chefe desta quadrilha fez questão de participar da inauguração de um monumento aos doadores de órgãos só para continuar recebendo votos de pacientes transplantados, pois é somente isto que interessa.
A imprensa foi utilizada para destruir a imagem da família que só fez denunciar um direito: de doar órgãos gratuitamente.
Portanto, quem comemora o aumento de doação de órgãos me traz está imagem a mente:
Espera???? Só que não!
3 comentários:
Os médicos deveriam ser obrigados a doar os seus órgãos.
Bando de abutres!
Mas afinal, você conseguiu saber os nomes da pessoas que receberam os órgãos de seu filho? e a ligação destes receptores com políticos ou com pessoas endinheiradas? Seria bom começar uma campanha nacional pela transparência on line das doações de órgãos e transplantes. Nossa, fico tão revoltada!
Postar um comentário