A lei de transplante exemplar!

Ha um blog na internet chamado Blog de apoio ao Dr. Joaquim Riberio e equipe, que esta divulgando que o mesmo (Dr. Joaquim Ribeiro) foi absolvido completamente das acusaçoes que lhe foram impostas. Parabens Dr. Joaquim! Finalmente a justiça foi feita, como o sr. desejava.

Este blog do Joaquim, tambem apoia os envolvidos no caso do meu filho. Sendo assim, nao vejo motivo para nao escrever sobre este assunto. Alias, o blog cita o texto que foi até publicado em um livro, sobre a inocencia dos medicos de Poços de Caldas, texto este escrito por Luis Nassif (aquele cidadao que toma cafezinho com Mosconi ao mesmo tempo que ilustra os sapatos de Lula com certa facilidade, nascido na cidade onde ocorreu o fato).

Entao vamos aos fatos! O tempo nao para - como dizia Cazuza. Este caso sera retratado no meu livro, pois por coincidencia, exatamente no dia em que eu estava pedindo asilo, tal fato aconteceu.

Joaquim Ribeiro Filho foi preso no dia 30/07/2008, acusado de desviar orgaos da fila unica em favorecimento de personagens ligadas a politica, entre outros. Tudo começou muito antes. Para ser mais exato em 2003. Em 24/07/2003 Joaquim Ribeiro Filho implantou um figado em Jaime Ariston de Araujo Sobrinho, irmao do Secretario de Transportes do Rio de Janeiro a epoca dos fatos. Jaime era o 32o da fila de espera para transplante.

O Secretario de Saude do estado do Rio na epoca, Gilson Cantarino, solicitou ao coordenador da central de transplantes Roberto Chabo, que transplantasse Jaime desprezando a lista de espera. Chabo recusou e foi destituido do cargo. No lugar dele entrou quem? Joaquim Ribeiro Filho. E como novo coordenador de transplantes, aceitou fazer o transplante. 

Mas para isso, foi preciso criar uma mega operaçao. Vejamos como foi montada a farsa.

O figado foi captado em 24/07/2003, obviamente no mesmo dia em que foi implantado. A medica que captou o orgao custeado pelo SUS, classificou o figado da seguinte maneira: 

"Figado sem variaçoes anatomicas, pouca esteatose macro. Realizada bx hepatica por congelaçao: Arquitetura preservada, espaços porta c/ pouco infiltrado, arquitetura sinusoidal preservada, hepatocitos c/ citoplasma preservado, ausencia de vacuolos lipidicos"

O boletim sobre o figado nao menciona nenhuma outra condiçao observada. A captadora ainda escreveu que o figado captado, ao exame macroscopico, era "utilizavel" e "sem alteraçoes significativas".

Em posse do figado, Joaquim Ribeiro Filho deu outra caracteristica ao orgaos. Segundo ele, o figado era "marginal". Diz o medico que o figado apresentava "bordas rombas". Segundo o Ministerio Publico, "ainda que pudesse ser admitida como parametro subjetivo, a marginalidade do orgao nao isenta a CNCDO/RJ de po-lo a disposiçao da lista unica nacional". Em nenhum momento a camara tecnica de transplante daquela central afirmou que "bordas rombas" era um criterio de risco.

O proximo passo era driblar os primeiros colocados na lista unica de espera, e isto foi bastante facil. Entraram em contato com os pacientes e fizeram uma simples pergunta:

- "Temos um figado para voce! O unico problema é que ele é marginal, ou seja, nao presta e pode causar mais problemas do que voce ja tem. Voce aceita recebe-lo?"

E os pacientes, obviamente, disseram NAO! Queremos um figado saudavel.

Joaquim passou entao a preparar seu cliente particular para o implante de um figado marginal repleto de riscos e sem garantia nenhuma de um resultado positivo. Afinal, o figado estava com problemas nao é mesmo? So mesmo alguem como Jaime desesperado para viver, aceitaria esta possibilidade. Consta ainda no inquerito que Joaquim nao demonstrou que o risco de vida de Jaime fosse superior aos dos primeiros colocados na lista unica. Segundo uma auditoria do DENASUS, "o orgao nao foi oferecido aos pacientes de melhor posiçao na lista, nao podia ser considerado marginal, e nao podia ser considerado de risco nem mesmo pelo entendimento da Camara tecnica de transplantes da central do Rio.

Outro a ser beneficiado pelo esquema de Joaquim Ribeiro foi Carlos Augusto de Alencar Arraes. Ele ocupava o 65o lugar na fila de transplante. Diga-se de passagem, Arraes nem poderia ter sido inscrito nesta fila. Segundo a portaria GM 1.160/2006, portadores de tumores em certas proporçoes, nao podem ser inscritos na fila unica. E este era o caso de Arraes. Para conseguir inseri-lo na fila, Joaquim Ribeiro omitiu o cancer de Arraes, enganando deliberadamente, o sistema de transplante tao rigoroso e seguro que existe no Brasil.

Para tentar salvar a vida de Arraes, alem de enganar o sistema de saude, Joaquim e sua equipe embolsaram R$ 90.000,00. 

Para furar a fila no caso de Arraes, Joaquim utilizou outro expediente. A criatividade em usar orgaos marginais nao previstos em lei, poderia chamar a atençao. Arraes entrou na justiça no tribunal de Pernambuco, alegando correr risco de vida caso nao fosse transplantado. O tribunal concedeu o pedido e obrigou o sistema de transplante nacional a transplanta-lo. Para isto, Arraes utilizou-se de um laudo medico para atestar sua condiçao. Adivinhem quem assinou o laudo medico? Sim! Joaquim Ribeiro Filho. 

Estranho o fato de Arraes morar e estar inscrito na fila do Rio de Janeiro, acionar a justiça de Pernambuco, usando para isso laudos de Joaquim Ribeiro (medico do Rio de Janeiro). Por que nao acionou o tribunal no Rio?

Neste momento, na denuncia do Ministerio Publico ha até uma passagem engraçada, devido aos termos utilizados. Segundo Joaquim, Arraes estava enquadrado no criterio de Sao Franciso, em que o tumor estava localizado somente no figado. No entanto, exames realizados antes do laudo de Joaquim, comprovam que Arraes excedia o criterio de Milao, excluindo o mesmo da possibilidade de um transplante.

Sao Franciso e Milao, sao criterios para transplantes! O criterio de Sao Francisco, nao é adotado no Brasil. O de Milao sim.

Entra entao a Central de Transplantes do Estado de Minas Gerais.. ehheheheh trem bao!

Joaquim entra em contato com a central e avisa que precisa de um figado para Carlos Arraes. Dizem os transplantistas que isto nao é possivel, pois é necessario uma seria de exames de compatibilidade. Mas tanto é possivel que assim aconteceu! No dia seguinte, um figado foi oferecido a central do Rio. Joaquim Ribeiro filho estava no comando das negociaçoes. A pessoa responsavel no Rio de Janeiro, pelo recebimento do figado, acreditou em Joaquim Ribeiro, que afirmou que o implantaria em uma senhora chamada Selma, que era na verdade a primeira da fila. Mas o figado, fraudando a lista unica, foi implantado em Arraes.

Por ultimo, temos o caso de Frederico Sattelmeyer. O paciente estava inscrito na lista unica do estado de Sao Paulo. Mas descobriu que os transplantes de figado com o Dr. Joaquim Ribeiro poderiam ser, digamos, mais velozes. A fila ali andava mais rapido! 

No dia 05/08/2007 um figado foi oferecido ao Dr. Joaquim Ribeiro pela Central de Transplantes do Rio de Janeiro, para atender ao 1o paciente da lista unica. Foi ofertado ao Dr. Joaquim, porque era ali que se encontrava a 1a paciente por direito a receber o orgao. Para poder desviar o figado mais uma vez, Joaquim em conluio com outros membros de sua equipe, criaram uma falsa condiçao clinica do doador. Eles alegaram que o mesmo havi tido 3 paradas cardiacas, o que pelos criterios tecnicos, invalidariam o figado doado. Assim, poderia utilizar os mesmos criterios para implanta-lo em Frederico, furando a fila mais uma vez.

Mediante a cobrança de R$ 80.000,00, Frederico aceitou receber o figado marginal. Frederico era um conterraneo de um dos membros da equipe de Joaquim Ribeiro. O paciente foi entao ao Rio de Janeiro, internou-se na Clinica Sao Vicente da Gavea, e ja estava preparado para o implante quando a Central do Rio de Janeiro impediu a cirugia. 

Foi exigido um exame patologico no orgao, cujo resultado garantiu que nao se tratava de um figado marginal, como afirmara Joaquim e sua equipe. A familia do paciente foi entao orientada pelo proprio Joaquim, a entrar na defensoria publica utilizando laudos seus, solicitando o primeiro posto da lista unica. O mesmo foi feito, mas a justiça indeferiu o pedido.

As investigaçoes levantaram que somente nestes 3 casos, a equipe teria obtido um lucro de R$ 250mil a epoca dos fatos. Mas quantos casos deixaram de ser investigados? Quantas vezes orgaos foram desviados atraves de laudos falsos e classificaçoes fajutas?

Desviar orgaos da fila, seja para fora dela, ou para pacientes que nao estao nas primeiras posiçoes, nada mais é do que TRAFICO DE ORGAOS. Quando ainda ha a compensaçao financeira.

Todas as informaçoes publicadas neste texto, foram extraidas do Ministerio Publico, em denuncia proposta ao tribunal. 

Mas a pergunta é: Em qual artigo da lei rigida de transplantes, Joaquim Ribeiro foi enquadrado?

- Resposta: NENHUM!

Joaquim foi denunciado em processo civil por improbidade administrativa, da qual ja foi completamente absolvido. Na esfera criminal, ele responde por peculato, e tudo indica que tambem sera absolvido. Brasileiros e brasileiras, como podemos ver, a lei de transplantes é para ingles ver.

PS: Todos os videos sobre reportagens publicadas na epoca desapareceram da internet. Nao ha mais nenhum video disponivel, nem mesmo em links de materias em jornais nacionais. Limparam a rede!

O medico tem processado diversos veiculos de comunicaçao que noticiaram sua prisao e o caso na epoca. Os tribunais estao sendo favoraveis a ele, que tem acumulado quantias vultuosas de indenizaçoes. Isto serve de exemplo para quem deseja denunciar casos como este, envolvendo pessoas renomadas, independendo das provas existentes.

Ha em varios blogs pela internet quem ainda diga, que nao se pode sujar o nome de uma pessoa que salvou tantas vidas, por um simples erro. Ou seja, algo esta errado. Mas nao podemos julga-lo pois ele tem uma biografia a zelar. Ja ouvi isto antes se nao me engano, em relaçao ao Sarney.