Novas historias com velhos personagens.

Wiliam Oliveira é jornalista da TV Poços, e tem tambem (ou tinha nao sei) uma empresa de publicidade. Foi Wiliam, por exemplo, que coordenou a campanha para arrecadar dinheiro para a Santa Casa, quando a torneira dos transplantes fechou. Ele tambem tornou-se personagem do meu livro quando resolveu levar Mosconi para uma entrevista em seu programa, que ironicamente chama-se Hora da Verdade. Para quem quiser saber maiores detalhes basta ler o livro. 

Nesta semana, ele publicou um "editorial" em sua pagina do Facebook, usando a imagem do meu filho, o que me permite a usar a sua.

O texto foi enviado a mim por pessoas que acompanham o caso e ficaram indignadas com o que esta escrito. Eu confesso que nao fiquei tanto, mas achei que precisava responde-lo, como vou fazer agora. 

Para tanto, é necessario que leiam o que ele escreveu:

Editorial Hora da Verdade - 11/02/14 

Perdas e danos - Wiliam de Oliveira 

É inimaginável a dor de um pai pela perda irreparável da vida de um filho. Mais que isto, como mensurar o tamanho deste sofrimento, se este pai acredita que a perda foi provocada por erros médicos?

É incalculável o dano social provocado pela paralisação de serviços de transplantes de órgãos em uma cidade. Como calcular a perda de vidas humanas que poderiam ter sido salvas pelo ato voluntário da doação?

É impossível dimensionar a dor de médicos que têm sua credibilidade atingida e que de repente se vêem impedidos do exercício da profissão, presos em celas, suspeitos de terem cometido um crime? Como avaliar o dano moral e espiritual da perda da liberdade? Como colocar algemas em mãos que, livres, tinham o compromisso de salvar vidas?

É indescritível o dano provocado à imagem de uma cidade que tenha seu nome veiculado em todas as redes sociais e mídias tradicionais por supostamente abrigar uma rede clandestina de transplantes. Como medir o que isto afeta a idoneidade da classe médica deste município?

Sim, claro, temos a Justiça que tarda, mas não falha, ou que exatamente por tardar é falha. Tentamos acreditar que ela (a Justiça) se fará presente e dará o veredicto para tal situação. Contudo, quer isto aconteça ou não, cabe contabilizar que o vaso se quebrou e as partes coladas já não representam o mesmo vaso. 

Perdemos todos: os pais, os médicos, os doentes na fila de transplantes, a sociedade. 

O que nos resta?

Apenas lamentar tanto sofrimento e calar nossa vontade imperiosa de julgar o certo e o errado. Refrear nossos inquestionáveis argumentos de absolvição ou condenação. Deter nossa pretensão de sentenciar a culpabilidade de alguém. 

Neste caso, o silêncio talvez seja nossa maior expressão de lamento. Não é omissão, é impotência. Silenciar, por vezes, é uma forma de pranto. É o grito contido de desalento entre tantas perdas e danos.

Muito bem! Leiam o livro e entendam quem é este cidadao e sua participaçao na historia.

Por enquanto, vamos aos fatos.

Wiliam começa com o falso sentimento de pena do meu filho, como se ele tivesse alguma. Ele esta mais preocupado com os medicos, que sao os que pagam seu salario e fazem a sua alegria. Ignorando uma decisao judicial, ainda que seja em primeira instancia, usa o argumento que o pai "acredita" que a perda foi por "erro medico". Onde eu disse isso? De onde ele concluiu que minhas acusaçoes foram por erro medico?

Minha acusaçao é de TRAFICO DE ORGAOS e HOMICIDIO QUALIFICADO praticado contra uma criança indefesa aos 10 anos de idade. Com todas as letras e sem lagrimas. Dura como a realidade é.

E nao cabe o "supostamente". Eu provei. A justiça reconheceu, o Ministerio Publico reconheceu, a CPI reconheceu, o tribunal internacional para asilados na Italia reconheceu. Os medicos foram condenados e estao presos! Onde esta a "suposta" rede? 

Por que Wiliam nao utilizou a foto do pedreiro Jose Domingos de Carvalho, tambem vitima deste mesmo grupo de medicos? Por que Wiliam nao publica a sentença? Por que Wiliam nao acusa o juiz de ser mentiroso?

Ele apela para a fila de transplantes. O discurso de Wiliam ja esta velho e desgastado. Tal discurso foi inclusive desmascarado durante a CPI. Se estao morrendo pessoas por falta de transplante, a culpa nao é do meu filho e nem minha. Alias, a populaçao deveria saber que este mesmo grupo NAO ADMITIU que Alfenas fizesse os transplantes que eram capazes de fazer. Eles NAO ACEITARAM que houvesse transplante no sul de Minas, que nao fosse feito pela equipe de Alvaro Ianhez e sua quadrilha. Se morreu alguem, a conta deve ser cobrada da pessoa certa. Isto foi dito por um delegado de Policia Federal na CPI. E este delegado ajudou muito os medicos, diga-se de passagem. Basta de usar as pessoas para validar crimes e fraudes contra o sistema de saude. LEIAM A SENTENCA para entender o que Wiliam esta defendendo.

Se quisessem salvar vidas, nao teriam deixado o pedreiro passar fome em uma enfermaria, quando precisava de uma UTI.

E a familia de Carlos Henrique Marcondes, assassinado com um tiro na boca? Nao perdeu? E a outra testemunha que morreu na hemodialise? Nao perdeu? Quantas mais testemunhas terao de morrer para validar a versao que Wiliam apoia? Quem esta perdendo com este texto Wiliam?

Quem luta por um pais mais justo, nao pode se alinhar a aqueles que cometem crimes como este. Hoje nao falamos mais do caso Pavesi. Temos o Jose Domingos de Carvalho e outros 3 processos em andamento. Tambem tudo isto é injustiça? Tudo isto é engano? Tudo isto é um erro?

As pessoas que conviviam com Hitler, afirmavam que ele era docil, gentil e incapaz de cometer atrocidades.

Ha 13 anos os processos se arrastam com uma bagatela de recursos de todos os tipos para que ocorra a prescriçao de varios crimes cometidos, como ja aconteceu. Trocaram juizes, trocaram tribunais, trocaram promotores, trocaram de esfera (federal para estadual), trocaram de advogado. Fizeram tudo o que bem entenderam, sem que eu tivesse a chance de sequer participar deste processo. E ainda voce, Wiliam, tem a cara de pau, conhecedor de tudo o que fizeram, vir a publico defende-los? "Maos, que, livres, salvavam vidas?"

Nestes 13 anos, estes medicos trabalharam normalmente, viveram normalmente, passearam normalmente, viram os seus filhos crescerem normalmente, enquanto eu estava preparando textos, correndo atras da imprensa, viajando para Brasilia, perdendo tudo o que tinha, deixando a familia para tras, pedindo asilo para nao ser morto, e voce esta com peninha destes medicos?

Durante 13 anos ja fui processado e julgado 7 vezes, por crimes de injuria, calunia e difamaçao. Uma tentativa de desviar a minha atençao para que nao continuasse a me aprofundar no assunto. Eu fui julgado 7 vezes e quem cometeu o crime foram eles. E quando fui absolvido em todos, voce nao se manifestou para falar dos seus sentimentos. 

Acha que foi facil para a familia ser despedaçada enquanto eles riam da minha cara, pelo meu desespero de ve-los soltos e cometendo mais crimes. Voce sabia que Jose Domingos foi morto exatamente um ano depois do Paulinho, quando TODOS ja sabiam do que eram capazes de fazer? Voce nao se incomoda com isso? Voce sabia que ele foi morto para sair no jornal que a equipe estava novamente transplantando, sem impedimentos? Foi escolhido as pressas pois precisavam fazer uma cirurgia para colocar nos jornais! E voce nao se manifestou sobre isso!

Seu texto tem o tom de encomenda, daquelas pagas com um trocadinho, que voce depende com desespero. Seja honesto com voce mesmo, se pretende um mundo melhor. Dinheiro a gente ganha e perde. Mas a dignidade nao.