Em 2004 o site de Drauzio Varella publicou uma entrevista com o medico Elias David Neto em que falava sobre trafico de orgaos. Elias David Neto - so para registro - foi acusado durante a CPI de oferecer rins a um preço de 50 mil dolares. A denuncia foi feita pelo apresentador Athaide Patrezze que faleceu alguns anos depois da conclusao da CPI.
Nesta entrevista, David Neto faz o seguinte desafio:
Fala-se muito em tráfico de órgãos. Isso não existe, como não existe a possibilidade de furar o sistema de lista única. Desafio um jornalista investigativo a demonstrar que pode furá-la. Desafio-o também a tornar público o resultado de sua investigação, qualquer que seja ele. Por certo, isso incentivaria e muito a doação de órgãos.
Caro David Neto, eu nao sou jornalista, mas estou publicando que é sim possivel furar fila, SISTEMATICAMENTE no Brasil. Mas isto nao é tudo. Pacientes estao sendo assassinados para fins de "doaçao" de orgaos como ja ficou provado na condenaçao de 3 medicos em Taubate, e agora de outros 4 medicos em Poços de Caldas.
Eu tenho direito ha algum premio, ou era so mais uma bravata?
David Neto ainda continuou:
Denúncias sem comprovação sobre o trafico de órgãos geram desconfiança na população e espalham o medo de que o sistema não funcione. O Sistema de Transplante Brasileiro é transparente e um dos mais confiáveis do mundo.
Se este é um sistema dos sistemas mais confiaveis do mundo, esta na hora de rever os conceitos de confiavel nao é mesmo?
Sobre a CPI que estava em andamento naquele ano, disse:
Minha esperança é que essa CPI investigue fundo e, se a conclusão for que não há tráfico de órgãos, a imprensa seja convocada para divulgar os resultados, porque assim estará contribuindo positivamente para a transplantação brasileira de órgãos .E se for condenaçao? A imprensa deve divulgar?
E se o traficante foi um medico renomado e com influencias politicas? Divulgamos?
Elias David Neto prosseguiu:
O governo americano comandou uma investigação em vários países do mundo para averiguar casos de rapto de crianças e adultos para a remoção de órgãos que culminou num documento chamado “Rapto de Crianças para Transplante – Uma Lenda Urbana Moderna”. Nesse documento, o investigador do FBI relata que a mesma história é repetida igualzinho em todos os países. Alguns jornalistas sequer mudam o nome das personagens. O João brasileiro é o John americano e o Juan espanhol; a Maria do Brasil é a Mary dos Estados Unidos e a Marie da França. O rapto de pessoas para extrair seus órgãos é a lenda urbana moderna.
Pois bem. Diante desta afirmaçao, nao me restou outro que pedir informaçoes ao FBI. Envei copia da entrevista devidamente traduzida para eles, solicitando copia do relatorio. E a resposta foi que nao existe este relatorio conforme podemos ver na imagem abaixo:
O FBI informou que nao encontrou nenhum relatorio de acordo com os dados fornecidos pelo medico. Entao entrei em contato com a ABTO que me enviou uma copia do tal relatorio, e que de fato nao foi resultado de nenhuma investigaçao do FBI. Tratava-se de um relatorio que nada tinha a ver com o Federal Bureau of Investigation.
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